Nacional-FC Porto, 2-0 Nem um nevoeiro amigo apareceu para esconder este Dragão (crónica)

Primeira parte horrível de um FC Porto que se apresentava na Choupana para terminar a primeira volta em primeiro lugar. Segundo tempo não emendou os erros. Nacional foi claramente melhor equipa

O 2-0 ao intervalo até parecia curto tamanha a apatia dos dragões. Com 14 minutos e meio perdidos no meio do nevoeiro, e em que os madeirenses até tinham sido os mais perigosos (para quem conseguiu ver), só o Nacional parece ter subido ao relvado da Choupana. Viu-se isso nos inúmeros momentos em que os jogadores do FC Porto deixaram a bola descoberta e até em alguma disciplicência corporal nas suas figuras, como Galeno, que levaram a maus momentos na definição das principais jogadas.

Face a esse estranho desnível sobre o relvado, que não se pode explicar nunca apenas com a troca do lesionado Alan Varela por Vasco Sousa no duplo-pivot, a única na ficha de jogo, foi com naturalidade que os alvinegros chegaram rapidamente ao primeiro golo.

Aos 17 minutos, três apenas após o reinício, Vasco Sousa perdeu o duelo físico com Tomich, Luís Esteves picou a bola sobre Galeno para o lateral-direito Gustavo Garcia e este cruzou para perto da zona do primeiro poste. A distância entre os centrais Otávio e Nehuén esticou, até pela presença de Tomich em zona de finalização, e Dudu atacou-o, sem oposição, para bater Diogo Costa pela primeira vez.

Os insulares foram tudo o que os portistas não foram: organizados, pressionantes e dominadores nos duelos. Ulisses preocupou-se com as diagonais de Samu para o seu raio de ação e também com as sobras da luta de Galeno, Pepê e Eustáquio com Matheus Dias, Soumaré e Gustavo Garcia. Era aí que residia o fluxo ofensivo dos dragões, o lado direito do ataque praticamente não funcionava. E se funcionasse, Zé Vítor estava atento.

Sempre mais Nacional

Se, estrategicamente, a linha defensiva alta se aproximava da média e roubava espaço à habitual irreverência de Rodrigo Mora, André Franco e Pepê - nenhum deles acabaria a partida -, anulando à nascença muito do poderio ofensivo dos portistas, a postura mais assertiva e impositiva levava perigo à baliza de Diogo Costa. Tomich ainda ameaçou aos 33 minutos diante do guarda-redes, tal como aos 40 o desarme de Otávio sobre Dudu surgiu mesmo no limite, mais uma vez com o compatriota e referência atacante na expetativa para a finalização. O 2-0 chegaria aos 44 minutos, num canto, com Zé Vítor - durante a partida tremendo também a defender -, a ganhar nas alturas e Galeno a ser facilmente e infantilmente bloqueado junto ao segundo poste, onde a bola entraria, por Matheus Dias.

Segundos antes, Vítor Bruno tinha tirado Martim, por lesão, e um cinzento Pepê, trocando-os por João Mário e Namaso.

Finalmente acordados

O treinador do FC Porto deixou mais dois nos vestiários ao intervalo: Vasco Sousa e André Franco. Entraram Fábio Vieira e Gonçalo Borges. Depois, aos 62, esgotou as substituições, quando Mora deu lugar a Deniz Gul. Os dragões voltaram melhor, subiram claramente o nível, mas, desta vez, a finalização não ajudou.

Namaso obrigou primeiro França aos 53 a uma grande defesa, porém inexplicáveis foram os falhanços de Gul, num chapéu ao guarda-redes, aos 72, e de Samu, depois de um cruzamento do sueco, a elevar-se sozinho, sem conseguir desviar para a baliza.

Há mérito óbvio na abordagem madeirense, todavia, não transparece nada na exibição portista de um campeão da primeira volta.