Nandinho: «Sinto que o meu trabalho em Portugal não é reconhecido»
Nandinho venceu a Taça do Rei do Bahrain (D.R.)

Nandinho: «Sinto que o meu trabalho em Portugal não é reconhecido»

Segunda parte da entrevista ao técnico do Al Ahli Bahrain, que admite sentir pouco crédito ao seu trabalho no seu país, para onde aceitaria voltar se tivesse um projeto que lhe permitisse «lutar por algo bom»

- Sente que a direção quererá investir mais a partir da conquista da Taça do Rei?

- Essa é a vontade dos dirigentes. Eles já me andam a falar desde novembro, por exemplo, em renovar o meu contrato. Eu estava cá há um mês, já me estavam a falar em renovar o contrato, e agora essa questão tem sido ainda mais vincada. Segundo eles dizem, para o ano vão ter mais apoios, para o ano vão ter um orçamento maior. Era importante eu renovar o contrato e ficar, que me vão dar amplo poder para organizar o futebol também. Isso mostra grande vontade, mas uma coisa são as palavras, outra coisa depois é ver as coisas a serem realmente executadas.

Agora, aquilo que eu lhes vou dizendo é que, antes do final da época, não tomo nenhuma decisão. É uma decisão que eu tenho que tomar. Faremos um balanço de tudo e depois conversaremos. Eles sabem que eu não tomo nenhuma decisão, nem me comprometo com ninguém, antes de falar com eles primeiro. Porque me merecem isso, porque lhes dei a minha palavra. Mas é uma decisão que eu vou ter de tomar no final da época, juntamente com a minha família, como é óbvio, e terei que ponderar, até porque eu, quando vim para aqui, vim com o intuito de fazer um bom trabalho e de poder abrir portas noutros mercados, aqui à volta, onde o nível futebolístico é maior.

- Já teve alguma proposta para um possível cargo?

- Não, propostas concretas, não. Houve algumas abordagens para saber como é que era a minha situação, mas propostas concretas ainda não. Ainda na semana passada tive que desmentir uma notícia a dizer que ia renovar o meu contrato por mais do que um ano, que já estava tudo acordado. Tive que desmentir essa notícia porque não é verdade. E essas notícias saem um bocadinho para tentar fechar portas a outros clubes que possam estar interessados, eu sei como é que isto funciona aqui. Mas eu não estou realmente muito preocupado, eu quero fazer bem o meu trabalho, fazer as coisas bem, e depois, o que tiver de acontecer no final, acontecerá. Tomarei as decisões que tiver que tomar, ou ficar aqui, ou ir para outro lado. Mas a minha preocupação é o presente. Depois da conquista da Taça, agora é tentar baixar um bocadinho também os índices de euforia dos meus jogadores, para começarmos a focar no campeonato, porque ainda temos uma palavra a dizer.

- Ponderaria regressar a Portugal?

- Sabe, eu gosto muito do meu país, eu gostava muito de trabalhar no meu país, mas infelizmente, nós temos de vir para fora para vermos o nosso trabalho ser reconhecido e as pessoas reconhecerem a nossa competência. Infelizmente, não tenho sido reconhecido no meu país. Sinto que não me reconhecem, porque só tenho tido projetos a meio dos campeonatos e projetos de segunda liga com equipas que lutavam para não descer de divisão. E sinto que precisava de sair, de elevar o nível, de me sentir realizado e de ver o meu trabalho ser reconhecido. Infelizmente, mesmo quando fiz boas épocas no Gil Vicente, não vi o meu trabalho ser reconhecido. Por isso, acho que foi a melhor decisão que eu tomei. Mas claro que sim, é o meu país e estar perto da família também me agrada, mas só regressarei com um projeto que me dê garantias que possa lutar por algo bom, por lugares cimeiros, porque senão não volto.