Moreirense-Benfica, 1-1: pobre águia mete ponto final (crónica)
Ofori numa disputa de bola com Leandro Barreiro (FERNANDO VELUDO/EPA)

Moreirense-Benfica, 1-1: pobre águia mete ponto final (crónica)

NACIONAL30.08.202423:03

Marcos Leonardo resgatou ponto da marca de penálti depois de Ofori ter marcado com ajuda de António Silva

Admita-se que antes do jogo os benfiquistas viam Moreira de Cónegos como uma oportunidade de esperança. A fé de que as coisas melhorassem, alavancadas pelas duas vitórias vindas da Luz e de uma equipa que, com isso, teria maior confiança em si própria.

O problema encarnado, porém, está muito para lá do anímico. Está no futebol que não pratica, nas associações que não se vislumbram em campo e no pouco jogo padronizado que se verifica.

Houve ligeiras tentativas de melhoria pelo ânimo imposto no início de cada parte, tão insuficientes para convencer quem viu, pior ainda de quem sente, seguramente. Assim, o desvio do remate de Ofori em António Silva foi o destino a dizer ao Benfica que o que fez merecia castigo, o penálti de Marcos Leonardo foi a justiça que houve porque, convenhamos, pelo que fez no duelo, o Moreirense também não merecia vencer o jogo.

Em suma, pobre águia meteu o ponto final...

Debate necessário

António Silva foi chamado à ação duas vezes no mesmo dia. Uma por Roberto Martínez, outra por Roger Schmidt, na principal novidade na equipa. Di María seria lógico na equipa com a ausência do lesionado Aursnes, mas o grande debate que, mais uma vez, deve sair do onze é a dupla de médios usada.

Nos primeiros minutos, o Benfica animou-se para cima do Moreirense, mas a pouca qualidade técnica apresentada levou a falhas repetitivas no passe e a contra-ataques para a baliza de Trubin. Por cada remate encarnado houve, naqueles minutos primeiros, resposta da equipa da casa precisamente a aproveitar as falhas técnicas.

Florentino e Barreiro são, e foram, também demasiado iguais. Apareceram, inclusive, demasiado em perfil e, com isso, o Benfica teve iniciativa, mas dificilmente conseguiu combinar. O tempo foi passando e os últimos 15 minutos do primeiro tempo foram tão pobres que era óbvio o que iria suceder: a entrada de um médio diferente.

Renato Sanches melhora a equipa

O golo anulado ao Moreirense foi o maior aviso que a equipa de Schmidt podia ter e a entrada de Renato Sanches ao intervalo dizia que, pelo menos, o treinador viu o que todos viram: que as coisas não podiam continuar iguais.

O médio português melhorou o jogo do Benfica. Como? Com coisas simples: passes certos e, uma vez ou outra, a ultrapassar um adversário e a quebrar linhas. Nesse início de segunda parte, foi quando o Benfica esteve perto de ganhar o jogo. Mas ora a finalização primeiro, ora as associações entre jogadores depois resultavam no 0-0.

Tome-se a exibição de Pavlidis como exemplo. Longe da baliza, longe da oportunidade, pela falta de sintonia gritante da equipa. Já agora, onde ficou o Benfica da pré-época, que tão bons sinais dera? Nas ideias do treinador? Nas questões de mercado?

Depois desse assomo breve no início do segundo tempo, o jogo encarnado voltou a ser lento, pouco agressivo, sem capacidade de romper a defesa minhota: pelo meio, à largura, simplesmente não se viram combinações sistemáticas que pudessem proporcionar alguma criatividade individual ao talento que existe no plantel (e ele existe).

Mesmo com as alterações, duplas iniciais desfeitas, Kokçu fora de campo –Schmidt insiste, mas o turco encaixar onde mesmo? – o problema, está visto, não foi, nem é, apenas de figuras. É mais abrangente do que isso.

O Moreirense assustou numa bola parada e marcou num desvio. Os encarnados ainda reagiram e chegaram a um empate que vale um ponto. Já o futebol que mostraram, há que dizê-lo, não tem ponto por onde se lhe pegue.