18 janeiro 2025, 20:30
Rui Borges: «Debast? Se saísse mal iam-me chamar maluco»
Treinador do Sporting fala sobre utilização de Debast a médio
Começou cedo o Sporting a dar pontapé no cansaço e nas dúvidas sobre como reagiria a equipa às adversidades dos problemas físicos. Terminou 3-0 e só não foram (muitos) mais porque Harder desperdiçou e Mistza brilhou na baliza. Deu para ser avassalador, gerir a equipa e começar a pensar na Champions. Sem espinhas!
Sim, o Rio Ave deu uma ajuda ao oferecer um golo logo aos 3’ mas contas feitas o plano de Rui Borges saiu melhor do que a encomenda e o Sporting ganhou, dominou, geriu a pensar no futuro próximo e só não goleou porque foi tão perdulário (muito) quanto avassalador. Foram três e podiam ter sido muitos mais!
Nunca tanto como em outras ocasiões houve tanta expectativa pelo onze inicial do Sporting. Porque se João Pereira herdara de Ruben Amorim uma equipa vencedora e pujante, que jogava quase de olhos fechados, Rui Borges herdou de João Pereira uma equipa deprimida, que parecia ter desaprendido de jogar e com muitos problemas físicos – embora neste caso também o antecessor se possa queixar, e muito, desse infortúnio...
Os jogos passaram e as lesões acumularam-se, obrigaram a esforço físico extra de outros jogadores, na impossibilidade de descansarem para tapar buracos. E para Vila do Conde, com tantos lesionados, alguns recuperados mas sem ritmo e outros tantos no limite da fadiga física e muscular, Rui Borges fez uso do seu espírito de desenrasca, tão típico nos portugueses, e a que o treinador teve de recorrer para equilibrar as contas entre uma equipa competitiva para este jogo, a gestão física dos jogadores e o calendário exaustivo que se segue.
18 janeiro 2025, 20:30
Treinador do Sporting fala sobre utilização de Debast a médio
Por isso no meio-campo surgiu Debast, um central ao lado de Hjulmand, solução encontrada já na fase derradeira da final da Taça da Liga e que desta vez foi recurso inicial. E na frente a baixa maior, Gyokeres, que apesar de ser «um bravo, daqueles que não verga», como disse Borges na antevisão do jogo, começou no banco, dando lugar a Conrad Harder na frente. Depois, na baliza, o reforço Rui Silva a chegar esta semana e a entrar direto para a titularidade, Gonçalo Inácio a assumir o seu lugar no centro da defesa e Fresneda, que era para sair mas afinal já não sai, a assumir a lateral-direita, onde Quaresma tem dado tudo até ao limite, um limite que tem sido muito desgastante…
Se expectativa havia sobre o onze inicial, não menos havia sobre como a equipa se ia comportar em campo, as dinâmicas e os ímpetos. O Rio Ave deu uma ajuda: os leões não entraram a ganhar… mas quase, porque logo aos 3’ Aderllan Santos, pressionado por Fresneda, fez autogolo que logo desbloqueou um jogo que se previa complicado para os verdes e brancos mas acabou por revelar-se um treino com ritmo competitivo e de sentido único – o Rio Ave não fez uma jogada com assomo de perigo, perdeu em casa, o que não acontecia desde outubro de 2023, 21 jogos depois.
Aos 23’, altura em que Hjulmand fez o 2-0 de penálti – mão de Petrasso a desviar cruzamento de Harder pela esquerda –, já o Sporting tinha feito mais seis incursões na área vila-condense com direto a remates, fora as ameaças, sobretudo por esse lado canhoto. Começava essa vontade avassaladora de chegar ao golo cá atrás, na construção, com Debast a recuar, permitindo a subida de Maxi Araújo e com isso Geovany Quenda a pisar terreno mais interior, convidando à profundidade do lateral – ou dos laterais, porque na direita também era Trincão a interiorizar e Fresneda, com Geny, aparecer à frente, embora a direita tenha desta vez perdido para a esquerda.
Esta dinâmica revelou-se fundamental numa primeira parte que terminou com o marcador em 2-0 mas podia ter terminado mais desequilibrado – tivesse o remate de Quenda aos 38’ saído uns centímetros mais abaixo e não teria a bola ido por cima depois de bater na trave; tivessem também os remates de Geny (31’) e Harder (41’) levado a mira um bocadinho nada mais afinada…
Começou a segunda parte com um registo de 13 remates dos leões, dois golos, mais uma mão cheia de oportunidades de perigo e com Petit a mexer na equipa. Os vila-condenses tinham levado uma parte inteira sem sair da toca, quase sem pisar a área de Rui Silva, porque empurrados pelo bravo leão – tirou o treinador João Novais e meteu Martim Neto mas, apesar de boa entrada, o gás terminou passados 7 minutos, altura em que Quenda teve a primeira oportunidade do segundo tempo.
E começou tudo outra vez: o Sporting a chegar facilmente a zona de finalização e a goleada só não ganhou forma porque Miszta a evitou, sobretudo a um inconformado Harder que saiu aos 81’ com a folha em branco mas com oito (!) remates, a maioria deles defendidos, outros desperdiçados.
Controlo absoluto do Sporting, tempo para refrescar, lançar Daniel Bragança para ganhar ritmo para Leipzig (quarta-feira na Liga dos Campeões) e ainda dar uns minutinhos a Gyokeres, máquina goleadora que teve oportunidade para descansar e em pouco mais de 10 minutos em campo conseguir um remate perigoso, um golo e atirar ao poste, bola desviada por Miszta – caso para pensar: tivesse ele no lugar de Harder e a goleada tinha mesmo acontecido.