Chile Meio milénio depois, grita-se por... Magallanes
Primeiro campeão nacional da história do país, em 1933, o Magallanes, da cidade de San Bernardo, conquistou, com uma vitória por 2-0 no campo do Deportes Recoleta, na 34.ª e última jornada da ‘Primera B’ (segunda divisão), sagrar-se campeão do escalão e, 36 anos após a derradeira anterior presença (1986), voltar à elite do futebol chileno.
O entusiasmo na cidade pelo feito da equipa ‘albiceleste’, orientada por Nicolás Nuñez, que venceu o último jogo graças a dois penáltis convertidos por César Córtez (54’ e 66’) é ainda maior por, além de voltar ao principal escalão do futebol do país, ainda poder ter acesso à maior prova continental da América do Sul, a Copa Libertadores da América, através da Taça do Chile, competição em que ainda sobrevive: vão jogar a final, domingo, dia 13 do corrente mês, em Rancagua, ante o Unión Española.
O jogo vale a conquista do título, mas também o acesso à Copa Libertadores, que o Magallanes não disputa há 37 anos, desde 1985. Com 50 épocas na primeira divisão chilena, e tetracampeão nacional - 1933, 1934, 1935 e 1938, além de vice-campeão mais quatro anos -, foi de uma divisão interna do histórico e centenário Magallanes (clube com 125 anos, fundado por estudantes a 27 de outubro em 1897) que resultou a fundação daquele que é agora um dos seus maiores rivais, o Colo-Colo.
Inicialmente batizado Atlético Escuela Normal, só em 1904 a designação que hoje perdura foi adotada: uma forma de pressão chilena na disputa territorial com a vizinha Argentina pelo Estreito de Magalhães, passagem do oceano Atlântico para o Pacífico.
Assim se explica a ligação umbilical da nomenclatura do emblema ao navegador português Fernão de Magalhães, que liderou a primeira viagem de circunavegação da Terra (1519 a 1522), embora tenha falecido na viagem, completada, todavia pela sua frota e por Juan Sebastian Delcano.
Em 1933, o Magallanes foi um dos oito clubes fundadores da Federação Cde Futebol do Chile, e a avançar para o profissionalismo. Ganhou os três primeiros campeonatos, a Taça do Chile em 1938, mas a partir da década de 60 do século XX amargava nas divisões secundárias.
Só em 1979 voltaram, como agora acontece, à elite. E a vitória numa ‘liguilha’ permitiu a disputa da Libertadores em 1985. Mas a despromoção ao segundo escalão, em 1986, iniciou penumbra que agora se esvaneceu.
O Magallanes, com um plantel 90 por cento de jogadores nacionais – o guardião uruguaio Gastón Rodríguez e o central argentino Fernando Piñera e o colombiano Yorman Zapata são exceções - está de volta à ribalta, depois de um laivo de esperança que constitui a ida à final da Taça do Chile de 2011, perdida para a Universidade Católica no desempate por penáltis.
Agora, após luta cerrada com o Cobreloa e ter liderado a segunda divisão 32 das 34 jornadas, festeja-se a primeira divisão em San Bernardo, no clube que tem como capitão e figura da equipa atual Luis ‘El mago’ Jiménez, 33 vezes internacional chileno (ex-Inter de Milão).