Chile Magallanes vence Copa que fugia há 84 anos e vai à Libertadores
O Club Deportivo Magallanes, de San Bernardo, campeão da segunda divisão, e que em 2023 vai voltar à elite do futebol do país sul-americano após 36 anos a penar nos escalões secundários (desde 1986) quebrou um jejum de 84 anos (!) sem um título nacional ao derrotar o Union Española, na final da Taça do Chile, no desempate por penáltis (7-6, após 2-2 nos 90’), garantindo, ainda, a presença nos ‘play off’ da Copa Libertadores da América de 2023... e a disputa da Supertaça ('SuperCopa') com o campeão do país, o Colo-Colo.
O clube foi fundado em 1897 sob a designação de Atlético Escuela Normal e rebatizado com o nome alusivo ao navegador português que, ao serviço da coroa espanhola, efetuou a primeira viagem de circunavegação à volta da Terra – entre 1519 e 1522, Fernão de Magalhães viria a falecer nas Molucas, mas Juan Sebastian Delcano comandou a armada o resto da viagem e completou a empreitada – em 1904, como forma de pressão do Chile para com a Argentina na disputa territorial que há 118 ocorreu entre as duas nações pelo Estreito de Magalhães, a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Tricampeão do Chile nas três primeiras edições do campeonato (1933 a 35, e ainda de novo em 1938, tetracampeão), o Magallanes – designação hispânica do navegador português tinha conseguido a última ‘dobradinha’ e Taça do Chile nesse mesmo ano de 1938, ainda antes da II Guerra Mundial.
A final e a vitória, que permite a presença na disputa do ‘play off’ da Libertadores em 2023, disputou-se no Estádio El Teniente, na cidade de Rancagua, no domingo, dia 13 do corrente mês.
Leandro Garate (31’) deu vantagem à Union Española (0-1), mas na segunda parte, Felipe Espinoza (63’) e Felipe Flores (73’) deram a volta ao resultado e colocaram o Magallanes, orientado por Nicolás Nuñez, - jovem técnico de 38 anos, que viu premiada a aposta numa mescla de jovens e veteranos neste 2022 - na frente, por 2-1. Mas a alegria dos adeptos do Magallanes durou escassos 240 segundos: um remate de Diego Acevedo selou o 2-2 para a Union Española, aos 77’.
O drama dos penáltis poderia ter terminado mais cedo, na série normal de tentativas de conversão de cinco jogadoras de cada uma das equipas. O guardião Diego Tapia (Magallanes) deteve um dos remates, mas tudo ficou igual quando Fernando Piñero acertou na trave. Mas ao sétimo pénalti Tapia defendeu a tentativa de Augusto Barrios e deu o título aos recém-promovidos ao escalão principal, que na América do Sul eternizam o marinheiro luso.
Luis ‘El Mago’ Jiménez, internacional (33 jogos pelo Chile) e antiga glória do Inter de Milão, acabou a carreira nos relvados aos 38 anos e a levantar a ‘Copa Chile’ pelos ‘albicelestes’ (trajam à Argentina, camisola azul claro e branca às riscas verticais)… mesmo sem sequer ter jogado na final: foi o líder do grupo e no balneário.
O médio César Cortés, outro tarimbado profissional, de 38 anos, foi outra das figuras deste regresso em grande do Magallanes à ribalta, onde, para a alegria ser completa, falta ainda poder ganhar a Supertaça (‘SuperCopa’), onde defrontará o seu grande rival e campeão nacional, o Colo-Colo, fundado e nascido por descontentes… do Magallanes.
Quanto às provas continentais da Conmebol, o Colo-Colo, campeão, entra direto para a fase de grupos da Libertadores de 2023, enquanto Magallanes e Curicó Unido vão disputar os ‘play off’ da ‘Champions sul-americana’.