Luiz Henrique tinha como desejo ficar na Europa. Como é que acabou no Botafogo?
John Textor, dono do clube brasileiro e também do francês, pilotou a estranha viagem de Sevilha a Lyon com escala no Fogão. E superou os rivais Fla e Flu naquela que pode ser a mais cara contratação no Brasil
Luiz Henrique disse aos seus agentes que tinha um desejo nesta janela de mercado: ficar na Europa. Dias depois, surge feliz e sorridente com a camisa do Botafogo, cuja sede na General Severiano, no Rio de Janeiro, fica a mais de 7500 km do Cabo de São Vicente, o ponto do continente europeu mais próximo da América do Sul. Como foi possível? A resposta chega da América, mas a do Norte, de onde é natural John Textor, milionário capaz de prodígios assim.
Após dias e noites de negociações, o promissor extremo-esquerdo de 23 anos concordou em trocar o Betis, de Sevilha, pelo Botafogo, do Rio, até 2029, num negócio que já custou 16 milhões de euros ao Alvinegro mas pode chegar aos 20, caso metas e bónus sejam alcançadas. A chave da transação, como foi dito, está em Textor, que, além de dono do Fogão, controla o Lyon, de França, para onde Luiz Henrique se pode transferir - basta ele querer - nas duas próximas janelas.
Dessa forma, o Botafogo driblou os rivais Fluminense, clube que formou o jogador e é o atual campeão da Taça dos Libertadores, e Flamengo, dono das maiores massa de adeptos e conta bancária do país, para contar com o atleta. E fez de Luís Henrique o jogador mais caro da história do futebol brasileiro – ou, tendo em conta a inflação, o quinto, atrás de Tevez (do Boca para o Corinthians), Arrascaeta (Cruzeiro-Fla), Edmundo (Fiorentina-Vasco) e Pedro (Fiorentina-Fla).
Produto de Xerém, a academia do Flu, Luiz Henrique trocou o Tricolor pelo Betis, a meio de 2022, por oito milhões de euros. Na Andaluzia, jogou 64 vezes, marcou quatro golos e deu dez assistências. O Betis, entretanto, precisava de dinheiro e colocou o jogador numa montra para a qual olharam, quase exclusivamente, clubes brasileiros (além do trio de cariocas, o Corinthians também se interessou). E um francês, o Lyon, de Textor.
Textor, que chegou a estar próximo de investir no Benfica, comprou o Botafogo na véspera de Natal de 2021 e desde então investiu 22 milhões em jogadores, pouco mais do que gastou agora num só, o que torna Luiz Henrique a verdadeira primeira grande contratação da sua era no clube. Em 2023, o Fogão chegou a liderar de forma espetacular o Brasileirão mas acabou, de forma ainda mais espetacular, por cair para quinto na reta final da prova.