Lesão no joelho: seis meses de solidão

INTERNACIONAL16.10.202422:30

Pedro Mantorras sabe bem como é enfrentar uma lesão grave no joelho. Angolano diz que o mais importante é não ter pressa. Internacional português Tiago Santos foi o último a sofrer

Tiago Santos, internacional português do Lille, foi o último a sofrer lesão gravíssima, uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Antes, foram Rodri (Manchester City), Ter Stegen (Barcelona), Carvajal (Real Madrid), Bremer (Juventus) ou Alaba (Real Madrid. Pedro Mantorras, antigo jogador do Benfica sabe como o joelho pode pôr uma carreira em risco. Aviso que o processo implica muito sofrimento, solidão e o mais importante é não ter pressa de regressar.

Curiosamente, mesmo antes da lesão grave que o afastará dos relvados por, previsivelmente, 10 meses, Rodri foi dos primeiros futebolistas a dizerem que os calendários super-preenchidos estavam a colocar em risco a saúde dos jogadores e que era necessário pensar em avançar para a greve para travar a loucura que é hoje a obrigações de se jogar praticamente de três em três dias.

Os portugueses conhecem bem Pedro Mantorras, sabem que uma grave lesão no joelho. E depois outra. E mais outra. Não permitiram que fizesse uma carreira que poderia ter sido brilhante. A BOLA falou com o antigo jogador do Benfica que diz que os jogadores correm cada vez mais riscos e que uma lesão num joelho tem momentos de duras dores físicas e muitas vezes mentais.

«Hoje, olhamos para os calendários e é uma verdadeira loucura. Jogos, mais jogos, viagens, estágios. A família longe. É tremendamente difícil porque tudo isto provoca fadiga e a fadiga provoca lesões», referia Pedro Mantorras, para quem é evidente que o grito de alerta de jogadores como o internacional Rodri deve ser levado muito a sério é inteiramente justo.

Termina a época para Tiago Santos

16 outubro 2024, 11:47

Termina a época para Tiago Santos

Lateral-direito do Lille sofreu uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo e terá de ser operado

«Não tenho dúvidas de que fazer 70 ou 80 jogos por época, às vezes mais, potencia as lesões e principalmente as lesões graves. O joelho é uma área muito sensível do nosso corpo e não é por acaso que vemos tantos casos a acontecerem, de Ter Stegen a Rodri, do Carvajal ao Tiago Santos. Chegou o momento de dizermos basta porque os nossos corpos não suportam todo este esforço. É preciso parar para pensar e não é por acaso que um grande número de futebolistas vão enfrentando longos períodos de inatividade. Eu sei bem do que falo e ainda hoje é doloroso recordar todas aquelas horas no ginásio. O queres avançar e sentires que a dor não desaparece. O desânimo acaba por complicar ainda mais o que já é difícil», diz Mantorras.

Para Mantorras, o caso de Tiago Santos acaba por ser paradigmático. «O menino estava muito bem», dizia Mantorras que diz até que neste momento gostaria de falar com o jogador do Lille para o procurar ajudar.

«Pode escrever que se ele quiser pode ligar-me. Ou eu a ele. É uma fase complicada», reafirma.

Tiago Santos vivia o melhor momento da carreira. Foi para o Lille: Vingou. Chegou à Seleção: sonho cumprido. Diz Mantorras que passar da felicidade à frustração torna tudo mais difícil de gerir.

«É preciso avisá-lo que passará por momentos de solidão. Momentos que tem de gerir a dor e não desanimar. E sobretudo dizer-lhe que não tenha pressa em voltar. São seis meses, não são três ou quatro. São seis ou mais e não adianta forçar. A pressa é a nossa maior inimiga», concluiu o antigo jogador.

Tags: