«Lagos tornou-se num talismã do Sporting»
José Rio é presidente do Núcleo Sportinguista de Lagos há oito anos (A BOLA)

«Lagos tornou-se num talismã do Sporting»

NACIONAL17.07.202401:00

Núcleo da cidade onde os leões estão a estagiar é o mais antigo do Algarve. Portas abrem-se todos os dias para sócios e amigos, hoje há petisco para assistir ao jogo de preparação com o Saint-Gilloise

A bandeira a esvoaçar, com a inscrição Força Sporting, não deixa margem para dúvidas. O número 28 da Rua da Oliveira é a sede do Núcleo do Sporting de Lagos, fundado a 4 de março de 1991, é o mais velho do Algarve. As portas estão abertas, aliás, como acontece religiosamente todos os dias, onde sócios do clube de Alvalade e amigos se sentam à mesa a jogar uma cartada, a comer um petisco ou simplesmente a trocar dois dedos de conversa, principalmente agora que a equipa está no Barlavento Algarvio a estagiar.

Núcleo tem sede no n.º 28 da Rua da Oliveira (A BOLA)

«É um prazer ter o Sporting aqui em Lagos. Desde 2020, no tempo da pandemia, que Sporting vem cá estagiar e, desde então, em quatro épocas temos dois campeonatos, começamos a ter superstição nisto, Lagos tornou-se num talismã do Sporting», as palavras são de José Rio, presidente há oito anos do núcleo número 35 do Sporting.

«Aqui vivemos muito para o turismo, não há aquele bairrismo das pessoas. O que tentamos aqui manter é exatamente o espírito do Sporting, agora quando começar o campeonato, em agosto, ainda temos cá muita pessoas de Lisboa que vêm aqui ao núcleo ver os jogos, mas não é fácil gerir os movimentos de associativismo, requer muito amor ao clube para estes núcleos subsistirem. É difícil fazer a transição para a malta mais jovem, mas eles fogem da responsabilidade, é penas, porque a internet, redes sociais, afastam as pessoas», desabafou.

A porta do núcleo, já se disse, está aberta. Um imponente leão, pintado à mão, recebe-nos antes de nos lançarmos escadaria acima. No 1.º andar as paredes estão repletas de quadros, galhardetes, obras alusivas ao Sporting oferecidas por sócios, algumas feitas pelos próprios, todas com valor, mais do que não seja sentimental. Há exposta uma cadeira do antigo estádio e também um punhado de relva, devidamente acondicionado. Pedaços de história de um clube grande e de um núcleo que se orgulha de, mesmo distante geograficamente, alimentar o que é ser Sporting.

Paredes cheias de pedaços de história (A BOLA)

«Só os sócios é que vêm para aqui, mas podem trazer amigos, desde que se saibam comportar, o que queremos é que haja fair play, é o que cultivamos aqui, se a equipa mereceu ganhar muito bem, se não, a vida continua. É apenas um jogo de futebol», sublinhou José Rio, que ao percorrer as ruas de Lagos após ter recebido A BOLA na casa do leão relembrou os amigos: 'O Sporting joga com o Saint-Gilloise, aparece lá no núcleo'. A convocatória está feita, hoje, às 20.30 horas, há futebol e petisco no n.º 28 da Rua da Oliveira.

Amorim, o grande obreiro

Na última época o Sporting foi campeão no sofá, como foi feita a festa em Lagos? «Já tínhamos as coisas mais ou menos organizadas, juntámo-nos na Avenida dos Descobrimentos e celebrámos. Depois, no jogo da consagração celebrámos aqui no núcleo, com champanhe e tudo. Nestes últimos anos o Sporting está na ribalta e isso tem ajudado, deve-se muito a Amorim, seja ou não benfiquista, porque fez um trabalho muito bom, não só em termos comunicacionais, que é um mestre, e não há nenhum sportinguista que o ponha em causa», rematou. 

Cristiano Ronaldo, ele é o ídolo dos adeptos. Um recorte de um artigo publicado no jornal A BOLA, em 2004, está emoldurado a acompanhar uma fotografia do jogador mais mediático da 'cantera' leonina.

Filhos da terra que jogaram de leão ao peito

Lagos é uma cidade turística e para fazer mexer a economia local teve de adaptar-se às necessidades. «Ao nível da prática desportiva tivemos de nos virar para o que chamam de turismo de adrenalina, que é skate e muitas escolas de surf, porque estamos perto da Costa Vicentina e há sempre ondas. Há pouco tempo recebemos a Taça da Europa de Patinagem de Velocidade [660 patinadores de 27 países]», conta José Rio.

Mas, no futebol, diga-se, há vários filhos da terra que já jogaram de leão ao peito. «Começou no João Galaz, há muitos anos, era uma família numerosa, todos os irmãos futebolistas [chegou ao Sporting em 1953, titular indiscutível, alcançou o até então inédito tetra], depois há o Hélio, que foi campeão de juniores pelo Sporting, seguiu-se o [José Carlos] Amado, e depois o filho dele, o Diogo, também há o Diogo Viana e a Cláudia Neto [renovou contrato], que foi um pilares para que o futebol feminino tivesse o reconhecimento que tem hoje, o Sporting sempre teve bom scouting a nível regional [risos]», enumerou o dirigente.