Perdoado por Schmidt e pela Luz, médio do Benfica destacou-se frente ao Moreirense mas ainda procura a bonança e falta-lhe o sorriso
Como aconteceu com o Estoril, Orkun Kokçu voltou a não festejar depois de marcar. Entre um e outro golo, de lá para cá, um mês e quatro dias passaram, muito mudou para o médio de 23 anos.
A tempestade provocada pelas críticas a Roger Schmidt e ao Benfica até talvez já tenha passado e o internacional turco voltou a entrar de início, anteontem, com o Moreirense, apesar da circunstância especial de um jogo aproveitado pelo treinador para descansar os habituais titulares, mas ainda não se sente completo. Vai ser preciso, como partilhou nas redes sociais recorrendo a expressões com forte significado no islamismo, paciência, autocontrolo e confiança.
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Kokçu está a fazer, no fundo, uma travessia no deserto, depois de ter sido afastado do jogo com o Casa Pia, na sequência de entrevista não autorizada ao jornal neerlandês De Telegraaf. Não se arrependeu do que disse e, como prometeu numa reação nas redes sociais às consequências das suas palavras, está a dar tudo pelo Benfica e a fazer tudo para ajudar a equipa a conquistar troféus. O médio é, em resumo, um homem com uma missão — provar que tem razão, que o contributo à equipa pode ser maior se for mais bem aproveitado. E isso significa jogar na posição que considera certa.
16 março 2024, 07:56
Numa grande entrevista à publicação neerlandesa 'De Telegraaf', o médio internacional turco do Benfica confessa-se revoltado, não poupa Schmidt e reclama maior protagonismo na equipa
Antes da referida entrevista, Kokçu já tinha dado sinais que prefere jogar atrás do avançado. «Gostei de jogar mais à frente e consegui mostrar a minha qualidade», partilhou, no fim do jogo com o Portimonense (4-0), no qual jogou atrás de Rafa, e ofereceu golos a David Neres e Rafa. Depois do triunfo sobre o Estoril (3-1), marcou um golo excelente, mas fez mais do que isso e foi o maestro da equipa.
Nos últimos cinco jogos em que entrou de início, jogou atrás do avançado contra Portimonense (4-0), Sporting (1-2, na primeira mão da Taça de Portugal), Estoril (3-1) e Moreirense (3-0), somando dois golos e três assistências. Pelo meio, jogou como médio esquerdo na goleada sofrida pelos encarnados com o FC Porto no Dragão (0-5).
As exibições de Kokçu sugerem, mesmo, que é mais influente a jogar mais à frente. «Fica mais fácil para mim ter oportunidades de rematar e sei que tenho qualidade para marcar», justificou após a vitória sobre o Estoril na Luz.
Quando partilhou em público a frustração que o dominava, não tinha a intenção de forçar a saída, apesar de saber que tem mercado, especialmente em Inglaterra. Continua interessado em vencer no Benfica e em convencer os adeptos que justificou o maior investimento de sempre do Benfica numa contratação (€25 milhões).
Agora que deitou para fora o sentimento de injustiça por se sentir prejudicado, sabe que só lhe resta esperar.
Roger Schmidt já o perdoou, reconheceu que as última semanas «não foram fáceis» para Kokçu, anunciou que o médio «está de volta mentalmente», reconhece-lhe «potencial, qualidade e mentalidade», mas também lembrou que, agora, está atrás de Rafa, na posição de segundo avançado, e de Florentino e de João Neves, na posição de médio centro.
Outro passo importante para o renascimento de Kokçu será, seguramente, o perdão do Estádio da Luz. Foi aplaudido no momento da substituição por Tengstedt, aos 85 minutos.
O tempo de afirmação, entretanto, passou e Orkun Kokçu, provavelmente, terá de esperar pela próxima temporada para corresponder às expectativas quando trocou o Benfica pelo Feyenoord e, claro, para corresponder às expectativas dos adeptos.
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