João Rafael Koehler: «Queremos o Dragão ocupado a 95% em todos os jogos»
João Rafael Koehler entrevistado por Pascoal Sousa, jornalista, e por Alexandre Pereira, diretor adjunto de A BOLA. Foto GRAFISLAB

ENTREVISTA A BOLA João Rafael Koehler: «Queremos o Dragão ocupado a 95% em todos os jogos»

FUTEBOL20.03.202411:23

Grande entrevista ao homem forte das finanças na candidatura de Pinto da Costa para um 16.º mandato à frente dos destinos do FC Porto

Antigo crítico da gestão de Pinto da Costa, o empresário é hoje o rosto forte da lista do presidente do FC Porto. Nesta entrevista apresenta soluções para driblar as dificuldades de tesouraria da SAD e aponta a mira à candidatura de André Villas-Boas, atacando a forma como o antigo treinador propõe rasgar acordos e negócios em curso. «Nesse aspeto é parecido com Vale e Azevedo», atira, considerando que só há uma solução para o clube ganhar: a continuidade.

— Qual é concretamente o cargo que vai ocupar na direção se esta lista vencer as eleições?

— É uma pergunta que terá fazer ao senhor Pinto da Costa. Pessoalmente não estou minimamente preocupado com as funções que vou ter, fui convidado e aceitei com muita honra e orgulho, porque fazer parte de uma lista nestas condições é também fazer parte da história do clube.

— Em função do cargo de forte erosão que Fernando Gomes ocupa, é apontado José Fernando Figueiredo como possível substituto. É outro quadro da Quadrantis que, com certeza, conhece bem.

— Esse nome não foi confirmado, mas é consultor do Banco Mundial, não tem qualquer cargo executivo na Quadrantis, é um pequeno acionista, portanto, não se confundam as coisas. Também sou acionista da Google. É mais uma tentativa de lançar a confusão. Se o clube conseguir atrair pessoas com o currículo do senhor José Fernando Figueiredo é algo muito positivo.

— Os pilares do programa da lista são bem conhecidos, mas do lado da receita que medidas concretas podemos ficar a conhecer?

— Essas medidas foram amplamente divulgadas. Acreditamos, por um lado, que aquilo que foi feito agora com a Legends nos vai maximizar as receitas, com uma melhor gestão da bilhética, mas acreditamos também numa coisa que é uma melhor experiência do adepto no estádio. Falámos sobre isso. Os lugares mais caros que existem no Estádio do Dragão são os lugares que estão vazios. Nós queremos um estádio sempre cheio. Um estádio sempre cheio vale mais dinheiro, porque tem melhor ambiente, tem uma melhor experiência e nós conseguimos vender mais publicidade. Queremos atrair mais publicidade e queremos ter um estádio sempre acima de 95%, cheio em todos os jogos. Isto é um objetivo que nós queremos atingir. Isto vale bastante dinheiro. Queremos, até ao final do ano, ter um banco digital com cartões bancários a processar pagamentos a operar em Portugal. Nós queremos valorizar muito a nossa base de dados. E queremos fazer uma coisa que é aquilo em que somos especialistas, que é internacionalizar o FC Porto. Um clube que tem adesão em Angola, em Portugal, em Moçambique, é um clube que não pode ficar circunscrito a Portugal.

— Acredita que se Pinto da  Costa vencer estas eleições será mais fácil convencer Sérgio Conceição a ficar?

— Isso é uma pergunta que tem que fazer ao Sérgio Conceição, obviamente. Ele não me passou procuração para falar por ele nem me atreveria a fazer isso. Mas parece-me claro que o Sérgio Conceição e o presidente Pinto da Costa têm uma ligação pessoal e de amizade que é muito próxima. Portanto,  entendo que será mais provável que assim aconteça. Mas eu não queria estar a falar sobre isso. É mais importante que a equipa do FC Porto, mas também das outras modalidades, tenham condições até ao final da época de poderem ganhar  jogos.

— Nas intervenções que Pinto da Costa faz fala basicamente de três pontos: centralismo, a comunicação social e, mais recentemente, Joaquim Oliveira. Acha que o faz por não se sentir confortável em campanha?

— Não concordo. Acho que a pessoa que está em melhores condições de apresentar a candidatura é o senhor Pinto da Costa, por um lado. Por outro lado, relativamente à campanha, é verdade, o senhor Pinto da Costa está muito mais preocupado com o dia a dia do FC Porto do que com as eleições propriamente ditas. Isto é um sinal muito diferente. É muito diferente o estilo do nosso candidato com o outro candidato.

— Não há desprezo pela campanha, é simplesmente Pinto da Costa a ser Pinto da Costa?

— Vai fazer campanha, uma campanha forte, junto das casas, com deslocações. O que está a acontecer com a Academia, assisti há bastantes anos com o Estádio do Dragão, em que houve muitas tentativas para impedir a sua construção. Isso só foi possível graças ao engenho, à inteligência e à tenacidade do senhor Pinto da Costa. É curioso que agora que se vai construir a maior academia de futebol do país aconteçam exatamente as mesmas coisas, a tentativa de boicote, de dinamitar e até de alguns adversários/inimigos internos para que não aconteça.