«João Pereira é exigente, rigoroso e muito profissional»
Filipe Pedro, agora adjunto na seleção de Angola, que há dias conquistou a Taça COSAFA, era o treinador dos sub-23 do Sporting quando João Pereira iniciou nova etapa da carreira
- Tendo em conta o propósito da equipa B em alimentar a equipa A, a simbiose entre treinadores é fundamental. Trabalhou com João Pereira, considera que será um grande aliado de Amorim?
- Mais do que um bom aliado do Rúben Amorim, o que, claro, será fundamental para a relação entre ambos e a sua simbiose para conseguirem potenciar os jovens talentos, penso que o João Pereira será um grande aliado do Sporting. Analisando a experiência que tem no futebol profissional, em contextos competitivos de exigência elevadíssima, e o facto de ter a possibilidade de passar isso aos atletas, as vivências que teve e a exigência daquilo que é o futebol profissional, porque olhando para um contexto de equipa B, a realidade é que acaba por ser um primeiro impacto. Eu, tendo estado na Academia Sporting e tendo sido treinador dos sub-23, sei do que falo e tenho experiência, a equipa B acaba por ser o primeiro impacto daquilo que é realmente o futebol profissional, e não só no contexto competitivo em que estão inseridos, pela sua exigência, mas também até pelas dinâmicas e pelo dia a dia da equipa.
- João Pereira é fiel à sua ideia de jogo ou considera que pode moldar a equipa em consonância com outras diretrizes?
- Não sei qual será a ideia do João para este ano, se irá jogar com uma linha de quatro ou com uma linha de cinco, mas aquilo que sei é que o João também transporta e também se identifica com muito daquilo que é a liderança de Rúben Amorim e muito daquilo que é o pensar do jogo da ideia de Amorim, nesse sentido, o João ainda poderá ser um aliado mais forte porque os jogadores, dentro de uma ideia de jogo que poderá ou não ser similar, mas existem sempre ideias que são semelhantes, vão certamente sentir mais facilidade em adaptar-se a um contexto de equipa A, quando forem chamados para tal.
- Do tempo que trabalhou com ele quais os pontos fortes que lhe aponta?
- As características mais fortes do João Pereira, enquanto treinador, primeiro senti que é altamente interessado em perceber aquilo que é a atualidade do futebol, as exigências em termos táticos, como é que as equipas estão a atuar, as de mais alto nível, quais são as mudanças, quais são os novos sistemas, as novas dinâmicas dentro dos sistemas, tentando sempre estar atualizado. Tem referências bastante interessantes, e quando digo referências são treinadores com quem trabalhou, nomeadamente Jorge Jesus e Rúben Amorim. Daquilo que eu me apercebi são referências com as quais se identifica muito, e são referências, obviamente, de renome internacional, e bons exemplos são para ser seguidos. Analisando a prestação da equipa sub-23 neste segundo ano, que acaba por ser muito positiva, não tenho dúvidas de que, além da equipa, como é lógico, os jogadores têm responsabilidade, mas o João também tem muita responsabilidade e notou-se o trabalho que tem efetuado. O João Pereira é exigente, rigoroso e muito profissional. Essas três características ele transporta não só enquanto jogador, como também como treinador, e isso é fundamental para depois também incutir nos jogadores e fazer com que o processo se desenrole da melhor maneira, e acredito que isto também irá passar para os jogadores, não só quando ele os treina, mas também para a vida dos jogadores no futuro.
- Fale-nos um pouco do João Pereira que foi seu adjunto em 2021/2022, quando começou a dar os primeiros passos inserido numa equipa técnica.
- Destaco a sua competência na leitura do jogo, no conhecimento do jogo, na parte do treino. Ele, no primeiro ano, sentiu algum impacto porque só tinha a visão do jogador, acho que a nossa relação e o facto de trabalharmos juntos também foi importante para ele nesse sentido, porque tentámos partilhar muito daquilo que é a vida de treinador, as responsabilidades, o ter que fazer um planeamento, o ter que pensar as coisas um bocadinho mais além do que no próprio dia, e nisto o João também se adaptou rapidamente, e com certeza ainda estará a crescer também neste sentido, mas vejo que o João tem todas as condições para ter sucesso e para fazer uma ligação coerente e coesa com o Rúben Amorim.
- Conhece bem o ADN Sporting, a aposta nos jovens tem dado frutos. Quenda vai integrar estágio de pré-época, é o caminho certo para moldar os jogadores?
- É sempre bom incluir jogadores da formação na pré-época da equipa A. Mais do que um exemplo é uma oportunidade e os jogadores precisam delas, principalmente os que que jogam nestes clubes formadores, e aqui podemos identificar também FC Porto e Benfica, que acabam por ser os principais clubes que alimentam a nossa Seleção Nacional no futuro, é sempre importante eles sentirem que são valorizados, que são vistos, e que lhes é dada uma oportunidade. Basta olharmos agora para um passado recente, com a oportunidade dada ao Geny Catamo que, à partida até nem haveria grandes esperanças sobre a continuidade dele no Sporting, no início da época anterior, e acabou por fazer a pré-época e foram-lhe dadas oportunidades como ala direito, no sistema do Sporting, surpreendeu tudo e todos com as prestações que teve na pré-época e acabou por ir conquistando o lugar e solidificar a sua presença na equipa principal. O Rúben, normalmente, chama sempre muitos jogadores para treino, está atento às prestações deles e vai acompanhando o seu desenvolvimento, até nos diferentes escalões. Por isso, está na mão dos jogadores aproveitar estes momentos para se valorizarem e também aos colegas, porque se correr bem para eles mais oportunidades surgirão para outros.