João Pedro Sousa sobre racismo: «Estas pessoas não podem estar nos estádios»
Treinador do Famalicão na sala de imprensa do São Luís, após empate (1-1) frente ao Farense
«Frustração completa. Não só devido ao momento em que sofremos o golo, mas basicamente por aquilo que conseguimos dar ao jogo, aquilo que tentámos fazer para condicionar o adversário, nos processos defensivos e ofensivo», começou por dizer João Pedro Sousa, treinador do Famalicão, após o empate com o Farense.
«De uma forma muito geral, criámos o suficiente para chegar ao segundo golo e evitámos muito daquilo que o Farense costuma fazer, com exceção de algumas bolas diretas, alguns duelos e algumas situações de cruzamentos, como aconteceu no golo. São situações difíceis de controlar. Pecámos nesse último lance, mas em lances anteriores já podia ter acontecido. Pelo controlo de jogo que tivemos, sempre a olhar para baliza do adversário, sempre com intenção de levar a bola para longe da nossa baliza, por vezes chegámos mesmo a dominar o jogo, mas não fomos fortes no ataque à baliza, na finalização. Tivemos muitas situações em que podíamos ter feito melhor. Errámos nos últimos passes e nos remates, infelizmente acabámos por perder dois pontos e empatar o jogo», disse ainda sobre o jogo.
Sobre os insultos racistas dirigidos a Chiquinho, o treinador do Famalicão afirmou: «São situações lamentáveis. Nós, Famalicão, vimos de duas semanas que não podem acontecer. Em Famalicão estava toda a gente a preparar-se para um espetáculo desportivo [com o Sporting, na semana passada] e um grupo de pessoas, pessoas entre aspas, resolveram andar à pancada. Um colega que trabalha comigo, o Pedro Silva, ficou estendido no chão e foi para o hospital. Foi o Pedro, podia ser outro Pedro qualquer. É incrível como ainda vemos ‘Pedros’ no chão à porta dos nossos estádios e essas pessoas, entre aspas, estavam preparadas para ir para a bancada de um espetáculo desportivo prontas para fazer aquilo que fazem cá fora. Hoje aconteceu outra coisa também que não deve acontecer no futebol. Estas pessoas não podem estar nos estádios, não podem estar nos espetáculos desportivos. Se acontecesse numa sala de cinema, este senhor era expulso. Temos de tomar medidas urgentes, porque vivemos todos do futebol e o espetáculo do futebol é para as pessoas, portanto, vamos dar-lhes coisas positivas e não coisas como o que aconteceu na semana passada e hoje, a todos os níveis lamentáveis».
O treinador do Famalicão acabou mesmo por substituir Chiquinho aos 89 minutos, por Riccieli. «O Chiquinho saiu, foi opção minha, agora percebeu-se claramente que estava alterado, não estava concentrado no jogo. Foi uma substituição normal», disse.