«Já joguei Benfica-Sporting, já estive fora, mas SC Braga-Vitória é o mais quente»
Wilson Eduardo, jogador do Alverca, é o convidado de A BOLA FORA
O nosso convidado desta A BOLA FORA é Wilson Eduardo, 34 anos, reforço da Alverca. O internacional angolano formou-se no Sporting e para além dos leões representou Real, de Massamá, Portimonense, Beira-Mar, Olhanense, Académica, SC Braga, Dínamo Zagreb Den Haag, SC Braga, Al Ain, Alanyaspor e Alverca.
Apesar destas experiências todas no estrangeiro, Braga foi um sítio especial para ti?
Sim, sempre disse isso. Antes de ir para Braga andava sempre com a casa às costas. Mudava de cidade todos os anos. No ano anterior a ir para Braga, estava fora e estive em dois países, metade na Croácia e metade na Holanda. Em Braga tive mais estabilidade, estive lá cinco anos e isso acaba por contar. Antes de ir para Braga, estive em muitas cidades emprestado pelo Sporting e havia sempre aquela pressão de ter de estar bem para saber se vou ter oportunidade no Sporting, o que só aconteceu quatro ou cinco anos depois. Tudo isso conta no plano desportivo e em Braga, o primeiro ano corre bem. Faço alguns jogos, ganhamos a Taça de Portugal, mas é só a partir do segundo ano em que a estabilidade e assentar acaba por acontecer. Começo a jogar mais tempo, a ter oportunidades e partir daí foi sempre aproveitar.
Em que medida o clube e a cidade foram importantes para ti, foi lá que conheceste a Káthia?
Foi lá que conheci a minha mulher, através de amigos. O clube acabou por se tornar parte de mim. Apesar de ter estado ligado muitos anos ao Sporting, na formação, como sénior andei sempre a saltar de posto em posto e é em Braga que me sinto confortável e bem. Já tinha várias experiências feitas. As coisas acabam por entrar num registo de acalmar na vida pessoal também e aliado a fazer bom trabalho, leva a que as pessoas no clube gostem mais de ti e os adeptos também. Foi ali que estive no meu auge e aproveitei o clube.
Não posso terminar sem falar na seleção de Angola. Quando e porquê decidiste aceitar?
É verdade que tive várias abordagens de vários treinadores. Sempre fui sincero, quando estive ligado a um grande, tem-se sempre a ideia de que se vai chegar à seleção nacional de Portugal. Ainda fui pré-convocado no Sporting e o sonho de jogar por Portugal vai sempre estando. Com o passar dos anos, sabemos que a oportunidade passou, que o tempo de pensar em Portugal passou e juntamente com os meus pais, principalmente o meu pai, porque na altura vivia em Angola, ele falou comigo e acabou por ser natural. É o país dos meus pais e decidi aceitar o convite. Fui dos primeiros estrangeiros a aceitar, hoje já se vê mais a irem, mas foi uma coisa que sucedeu muito por força do meu pai. A minha mãe também me deu força, mas o meu pai sempre me incentivou a ir, que ia ser bom, ter edta parte de jogador internacional. Foi mais por aí.
Se tivesses oportunidade de repetir um jogo, qual é que escolhias?
Tive duas conquistas pelo Braga, mas não joguei nenhuma dessas finais. Digo sempre o mesmo, o Vitória-SC Braga quando vencemos 5-0. É sempre esse que me recordo, porque também já me perguntaram sobre o melhor golo e recordo sempre esse. É um dérbi especial, fora é mais difícil. Guimarães é sempre mais aceso. Já tive Benfica-Sporting, já estive fora, mas esse é o mais quente. Sempre que íamos lá jogar, era uma coisa incrível. No aquecimento, se estivéssemos muito próximos da lateral choviam sempre cadeiras. As pessoas podem pensar que não, mas do que vivi este dérbi é especial.
Para os jogadores dá mais ‘pica’?
Para fora, as pessoas podem dizer que aquilo não se faz, mas nós gostamos de ver, por vezes rimo-nos de alguma situação, mas é uma coisa que nos vai dando mais adrenalina e vontade de jogar. São estes jogos que gostamos de jogar, estádios cheios, a assobiar quando tens a bola. Ali é sempre especial.
Desconforto quando falas com um colega no final?
Nunca tive nenhum problema quando falei com colega ou amigo do outro lado. Durante 90 minutos somos rivais, depois disso há uma vida pela frente.