Iván Jaime: uma revolta que tem de acalmar

NACIONAL05.08.202406:33

Espanhol, herói da final da Supertaça, continua a acertar contas com o passado e com Conceição. Adeptos pedem-lhe foco no futuro e dentro do clube está a ser trabalhado o caráter indomável do espanhol

Seria mais confortável para Iván Jaime, até pela presença no plantel de Francisco Conceição, colocar uma pedra sobre o passado, mas é justamente no passado, e no que aconteceu na fase final da época anterior quando foi afastado do grupo por Sérgio Conceição, que o espanhol tem encontrado estímulos para se tornar o que sempre quis ser no FC Porto – uma referência do ataque. Temperamental e dono de uma personalidade forte, o criativo já revelava no Famalicão uma certa aversão a injustiças de que o futebol é fértil.

Se Galeno foi a grande figura da final da Supertaça, com dois golos, Iván Jaime, o destemido, marcou um golo improvável num remate que bateu em Mateus Fernandes e ganhou uma trajetória que o gigante Kovacevic não foi capaz de alterar. «Tempos difíceis criam homem fortes», escreveu o espanhol num post no Instagram com uma fotografia da Supertaça na mão, isto depois de, declaradamente, ter disparado mensagens ao antigo treinador em Aveiro: «Obrigado a quem me prejudicou…»

A primeira publicação mereceu várias reações, incluindo um coração branco de Toni Martínez e um azul de André Franco, dois jogadores que também foram afastados por Conceição na última temporada. Ainda assim, alguns adeptos pedem mais contenção ao jogador por ainda se estar no início da temporada, um recado de fora para dentro que também se aplica nas grossas paredes que protegem o Olival. Iván Jaime terá, em nome da harmonia no plantel, de silenciar essa.

É o que exige o muito falado «anel de compromisso» de Vítor Bruno, que inaugurou um ciclo de exigência máximo dentro de um enquadramento em que todos são família dentro do balneário. Diálogo aberto, sim, mas com regras bem definidas que não firam de morte o bom ambiente que se foi criando desde os primeiros treinos no Olival. Com a integração dos internacionais, e ainda com o mercado a ferver, o treinador quer o plantel ciente de que o coletivo está acima da individualidade. Isso não mudou em nada com a mudança técnica.

O compromisso e solidariedade, a crença e o vício de vitória, tudo faz parte de um pacote que «não é negociável» e se hoje Iván Jaime está em alta também o deve a fatores singulares, desde logo, a entrada no FC Porto de um novo presidente e de uma estrutura que acreditou no seu valor. E é sobre esses ideais que o espanhol tem que continuar a trabalhar, olhando para o futuro.