Inglaterra-Eslováquia, 2-1 a.p. Hey Jude, pega na triste canção e torna-a melhor (crónica)
Bellingham evita eliminação aos 90’+5, de bicicleta; Kane completa reviravolta no prolongamento; Eslováquia esteve perto da festa
Uma Inglaterra cinzenta e presa nos seus próprios equívocos foi salva da eliminação pela sua maior figura, num pontapé de bicicleta hollywoodesco, a poucos segundos do apito final. Nessa altura, Saka já era lateral-esquerdo, Toney tinha entrado para dar mais presença na área ao lado de Kane, Eze acrescentara drible e o 4x2x3x1 tinha-se estilhaçado num 4x2x4 de desespero, uma fezada de Southgate, nada estruturada ou amplamente tática ou estratégica. Pouco tempo depois, no primeiro minuto do prolongamento, a muralha eslovaca desmoronou de vez, em mais uma bola parada, que teve sequência num mau remate de Eze. A bola sobrou, no entanto, para Toney, que cabeceou na direção do voo imperial de Kane para rematar a partida.
A Eslováquia, com muitos menos argumentos individuais, pareceu ter, desde o primeiro minuto, um melhor tecido coletivo. Pressionou e incomodou, e saiu rápido para o ataque, criando inúmeros calafrios a Pickford. Até que, aos 25, Kucka ganhou um duelo aéreo a Guéhi, a bola sobrou para Strelec, que entregou para o homem-golo Schranz. Walker tinha lido mal a jogada, preocupado com Haraslin, e só sobrava Pickford no caminho do extremo direito (e Guéhi, atrasado, apenas para fazer pressão e obrigar o rival a um remate com a ponta da bota).
A seleção dos Três Leões sentiu o golo e o peso do resultado, que acrescentou à responsabilidade das más exibições que já carregava. Tentou amparar-se em referências individuais, como Saka e Bellingham, e num futebol direto e de cruzamentos, por falta de coesão coletiva, porém o conjunto de Francesco Calzona sempre pareceu controlar as iniciativas britânicas. Até que apareceu Jude Bellingham, que fez como diz a letra: pegou numa canção triste e tornou-a melhor.