«Gyokeres tem tudo para ser um dos melhores do mundo»

Garantia a A BOLA de Andreas Engelmark, coordenador da Academia de Brommapojkarna. Recorda a confiança do avançado desde os 13 anos. Destinado a ser um ídolo em Alvalade

Gyokeres é um jogador especial. Diferenciado. Desde o primeiro dia em que brincou com uma bola em Estocolmo, Suécia. Capaz de impressionar todos à sua volta não apenas pela sua robustez, mesmo em tenra idade, mas pela sua determinação, uma convicção quase ilimitada de que, mais cedo ou mais tarde, conseguiria chegar aos palcos maiores. Uma autoconfiança inabalável, atitude guerreira, muito vincada e bem identificada pelo povo nórdico. Hoje, sobretudo entre os adeptos leoninos (e não só...), todos olham para este sueco como uma descoberta impressionante, um verdadeiro achado. Que andava por ali, mesmo ao lado de gigantes europeus, mas que nunca olharam para ele como um diamante. Algo que, ao contrário da concorrência, foi detetado em Alvalade.

Recordemos: Gyokeres foi o objetivo número 1 para o ataque de Amorim muitos meses antes da chegada a Alvalade. O treinador nunca apresentou alternativas. E esse desejo levou a uma transferência, transformada quase numa novela de verão, de muitos avanços e recuos, entre Sporting e Coventry, com meses de negociações e intensas reuniões. Uma insistência que, agora, por certo, todos consideram ser a... melhor teimosia de Rúben Amorim.

Todos os adjetivos que serviram para qualificar as exibições do sueco nos primeiros meses em Portugal deram razão ao técnico: explosivo, potente, inspirador, uma espécie de super-herói capaz de levar tudo à frente. E se a muitos este impacto causou surpresa — até pela desconfiança (e responsabilidade) provocada por ter sido comprado por €20 M, a maior transferência de sempre do clube — para outros, aqueles que com ele cresceram, consideram... natural. Esse o mote para A_BOLA procurar resposta a algumas questões sempre que termina um jogo dos leões. Onde é que Gyokeres vai buscar aquela força? Como consegue aguentar aquele ritmo? 

Andreas Engelmark é atualmente o técnico principal do Brommapojkarna, clube onde Gyokeres nasceu para o futebol. Mas, aquando da chegada do sueco ao clube, era coordenador da academia. Responsável para a admissão de muitos jovens num dos clubes com mais tradição no lançamento de jovens. Em conversa a A BOLA recorda, sobretudo, a confiança de um miúdo que tinha obsessão pelo golo. 

O que recordo? Era uma força da natureza. Mas as suas maiores qualidades eram interiores. A sua determinação. Acreditava muito nele próprio logo naquela idade. Por isso, quando hoje lhe reconhecem essa capacidade, não fico surpreendido. É complicado perspetivar o que será dentro de uns anos, mas tem tudo para ser um dos melhores do mundo

«Conheço o Viktor desde que ele tinha 13 ou 14 anos. Nessa altura nós tínhamos um programa em que íamos às escolas trabalhar com os jovens. Ele jogava num clube menor, o Aspudden e demorou algum tempo para chegar cá. O que recordo? Era uma força da natureza. Mas as suas maiores qualidades eram interiores. A sua determinação. Acreditava muito nele próprio logo naquela idade. Por isso, quando hoje lhe reconhecem essa capacidade, não fico surpreendido. É complicado perspetivar o que será dentro de uns anos, mas tem tudo para ser um dos melhores do mundo», começou por dizer o atual técnico, de 39 anos, deixando uma mensagem: «Quem pensa que o Viktor é um produto acabado está enganado. Tem ainda muito para evoluir e crescer. Nunca perdeu aquilo que mais me impressionou nele, no campo. A sua força, a capacidade com bola em alta velocidade e a inteligência na finalização mesmo tendo sempre muitos adversários em cima dele. Tendo a bola, podemos esperar tudo nas zonas de decisão. Ele sempre foi um goleador aqui nas camadas jovens. Tinha mesmo faro de golo.» 

«Aquele golo à Bélgica? É Gyokeres...»

Gyokeres, garante, sempre foi um jogador fácil de trabalhar. Estava sempre um passo à frente no que respeita à ética de trabalho, nos cuidados com a vida fora de campo ou na preocupação com o trabalho de ginásio. Uma atitude muito positiva, encarando os treinos como se de um jogo a sério se tratasse.

E se tivesse de o caracterizar num golo a escolha está bem identificada. «Não sei se viu aquele golo que ele marcou recentemente à Bélgica pela seleção [1-1, no apuramento para o Europeu]. Aquela arrancada! Aquilo é o Gyokeres em estado puro. Mas pode crescer mais no jogo associativo. E creio que está a conseguir isso no Sporting», afirmou, recuando no tempo, até à saída do modesto Brommapojkarna, para os ingleses do Brighton. «Eles queriam muito e o Viktor, como todos os jovens, queria jogar ao mais alto nível. Mas, muitas vezes, é uma questão de não estarmos no sítio certo à hora certa. Foi o que aconteceu no caso dele», lamentou.

Os números já todos conhecemos: 17 golos em 20 jogos. Uma cláusula de rescisão de €100 milhões que não inibe potenciais interessados que hoje olham para Gyokeres com outros olhos. 

Acho que seria bom para ele continuar agora no Sporting. Está feliz, sente-se reconhecido. Mas se surgir grande oferta, tanto ele como o clube, tudo terá de ser reconsiderado. Ao nível que se encontra renderá muitos milhões ao Sporting

«Acho que seria bom para ele continuar agora no Sporting. Está feliz, sente-se reconhecido. Mas se surgir grande oferta, tanto ele como o clube, tudo terá de ser reconsiderado. Ao nível que se encontra renderá muitos milhões ao Sporting», perspetivou o técnico, confiante de que, mais cedo ou mais tarde, um dos seus meninos, dará o salto para o «próximo nível».

Até lá, porém, será o Sporting a colher o rendimento de um jogador talhado para ser um dos ídolos, como tantos outros que já passaram em Alvalade e que deixaram uma marca que nunca se apagará...   

Em Inglaterra dizem ser o novo... Harry Kane

As (impactantes) exibições de Gyokeres em Portugal são acompanhadas com atenção em... Inglaterra. O passado do sueco em terras britânicas — no Brighton, Swansea e Coventry – não é esquecido e, numa altura em que o mercado se prepara para agitar, o nome do avançado tem sido colocado na rota de vários emblemas, nomeadamente o Chelsea. 

A expetativa em fazer regressar Gyokeres à Premier League é enorme e prova disso mesmo foi a publicação do avançado nas redes sociais a desejar um feliz Natal como um coração... verde. E, num ápice, foram muitas as reações, sobretudo dos adeptos do emblema de Stamford Bridge com pedidos para uma mudança para os blues. 

Muitos, de resto, chegaram a comparar Gyokeres a... Harry Kane, uma das estrelas da seleção inglesa que brilhou no Tottenham e atualmente representa o Bayern Munique. Para já, a Premier League, parece ser a maior ameaça dos leões que, de resto, fecham a porta a uma saída. A não ser que alguém avance para a sua cláusula que, recorde-se, tem um número redondo: €100 milhões. Recorde-se que além do Chelsea, também Arsenal, Dortmund e Sevilha foram associados ao avançado.