Gareth não vê estatutos quando só quer ver Berlim (crónica)
Watkins saltou do banco para substituir Kane e foi o herói inglês

Países Baixos-Inglaterra, 1-2 Gareth não vê estatutos quando só quer ver Berlim (crónica)

INTERNACIONAL10.07.202422:05

Watkins assinou reviravolta aos 90+1; Southgate tirou Foden e Kane a dez minutos do fim; Inglaterra repete final

O golo da vitória sobre os Países Baixos foi apontado por Ollie Watkins, ao minuto 90+1, mas o grande herói do apuramento inglês é Gareth Southgate. Desde logo porque consegue levar a equipa dos três leões a nova decisão, quatro anos depois, mas acima de tudo porque foi certeiro na dupla substituição que fez a nove minutos do fim. Não olhou a estatutos e tirou Phil Foden e Harry Kane para lançar os dois jogadores que construíram o golo da reviravolta: Cole Palmer e Watkins.

Por vezes os golos madrugadores fazem com que os jogos fiquem mais fechados, mas a finalização vistosa de Xavi Simons, logo ao minuto 7, confirmou aquilo que os minutos anteriores, ainda que escassos, já tinham sugerido: o espetáculo valeria a pena.

Após roubar a bola a Declan Rice, o jovem prodígio neerlandês embalou para a baliza com a confiança de quem sabia que seguia na direção do muro laranja, a substituir o habitual amarelo naquele topo.

A reação da seleção inglesa foi de quem vive sem fantasmas e acredita piamente naquilo que está a fazer. Logo ao segundo ameaço de Harry Kane surgiu um penálti – com recurso ao VAR – que o próprio capitão inglês cobrou para a igualdade, ao minuto 18.

Autoritária, a equipa dos três leões quase consumava a reviravolta apenas cinco minutos depois, mas Dumfries negou o golo a Phil Foden, ao travar a bola mesmo em cima da linha de baliza. O lance ligou os dois grandes protagonistas da primeira parte, até porque o defesa neerlandês, que já tinha cometido o penálti sobre Kane, apareceu na área contrária para um cabeceamento à trave, na sequência de um pontapé de canto (30m).

Solto como um 10 deve jogar, Phil Foden foi o denominador comum de todos os ataques ingleses da primeira parte, e depois do lance travado por Dumfries em cima da linha ainda atirou uma bola ao poste – a lembrar o golaço de Lamine Yamal de véspera -, e ainda viu o atento Verbruggen desviar outro remate de fora da área.

Com Mainoo também em plano de evidência na forma como anulava transições neerlandesas logo à saída da área contrária, a equipa dos três leões acabou a primeira parte com claro ascendente, até porque a saída por lesão de Memphis Depay teve efeito negativo na equipa de Ronald Koeman. Não tanto pelo rendimento do avançado, nem tão pouco do substituto, Veerman, mas sobretudo pela alteração tática, com Gakpo e Malen mais por dentro, como dupla atacante, à frente de um losango.

Talvez tenha sido essa a razão para Koeman mexer novamente ao intervalo, com a entrada do possante Weghorst para o lugar de Malen, enquanto que Gareth Southgate, trocou Trippier por Luke Shaw. A verdade é que nem a seleção inglesa ganhou largura pelo lado esquerdo, nem a seleção laranja ficou mais acutilante em termos ofensivos. O jogo caiu de qualidade na etapa complementar, mas os Países Baixos aproveitaram os lances de bola parada para criar perigo, sobretudo num lance em Pickford nega o golo a Van Dijk, antes de segurar também um remate enrolado de Xavi Simons.

Afetada pelo menor rendimento de Foden, mais preso à direita, a Inglaterra só apareceu – no plano ofensivo – ao minuto 79, quando teve um golo anulado a Saka por fora de jogo de Walker.

Southgate arriscou ao tirar Foden e Kane, mas acertou em cheio com os dois trunfos lançados: Cole Palmer assistiu Watkins para o golo que coloca a seleção inglesa em Berlim, para gáudio dos seus adeptos, menores em número mas maiores em incentivo.