Club Brugge-Sporting, 2-1 Ganhou quem quis, perdeu quem anda realmente perdido (a crónica)

FUTEBOL10.12.202422:24

Segunda derrota consecutiva depois de estar a ganhar cedo, quarta da série negra. O Sporting não tem ideias, não tem garra, não tem inspiração e quando assim é também se torna difícil ter sorte

O Sporting foi justamente derrotado num encontro em que se viu a ganhar e deu bons sinais nos primeiros 20 minutos. Depois assistiu-se a um eclipse, progressivo como todos. O Club Brugge foi subindo, os leões foram inexistindo e o inevitável aconteceu.

O Sporting, já se disse, entrou firme e decidido, e quando aos três minutos se viu em vantagem ainda não tinha permitido a organização de um ataque ao adversário. Nenhuma das equipas apresentou surpresas a nível tático e de disposição das peças, mas parece que a entrada de leão baralhou de certa forma os donos da casa.

Este domínio durou até sensivelmente aos 20 minutos. Aos 18 o Club Brugge conseguiu o primeiro remate à baliza, por Jashari, e a partir daí foi crescendo paulatinamente, alicercado desde trás pela forma como — primeiro golo à parte, quando o sueco foi decisivo — os dois centrais, à vez, iam conseguindo anular as investidas de Gyokeres antes de este se conseguir virar. Na única vez em que o conseguiu depois do golo, e ia fugir com perigo, o árbitro fez vista à inglesa (faz sentido, visto que veio de lá) e não assinalou uma falta que podia e devia, até, ter dado amarelo.

Se o referido remate, aos 18 minutos, já nascera de uma falha leonina na transição defensiva, o lance do empate foi elucidativo quanto às dificuldades do Sporting (e os méritos do Brugge) em situações de perda de bola no meio-campo. Tudo começou num passe defeituoso de Eduardo Quaresma, aproveitado pelos belgas para variarem o flanco e conseguirem um cruzamento perigoso para a área. Tzolis rematou e Quaresma, rei do azar na noite fria de Brugge, acabou por fazer autogolo.

Não podia ter sido melhor a reação leonina. Na reposição de bola em jogo Francisco Trincão fez excelente passe de rotura para Maxi Araújo e este foi carregado em falta por Olsen, herói um minuto antes com o cruzamento do empate. Anthony Taylor, o árbitro inglês, apontou para a marca de grande penalidade mas o VAR interveio e transformou o lance em livre direto. Gyokeres bate bem, mas não tanto como penáltis, e esfumou-se aí a possibilidade de o Sporting voltar imediatamente para a frente.

O Club Brugge, moralizado pelos dois lances consecutivos, tornou-se mais forte e, a espaços, ameaçador, quase sempre — lá está — aproveitando perdas de bola leoninas e segundas bolas. Aos 41 minutos Quaresma confirmou a maré azarada da noite. Numa disputa de bola aérea chegou primeiro que Tzolis e deu-se um violento choque de cabeças, sendo que o português saiu bastante mais maltratado e teve de ser substituído, enquanto o grego saiu com cartão amarelo. E assim se viu João Pereira, ainda antes do intervalo, a jogar sem dois dos cemtrais que tinha escolhido para o onze, depois da lesão de Inácio no aquecimento.

O Brugge, ciente de que a sorte do jogo tinha mudado em relação ao que parecia de início, entrou mais compacto na segunda parte e foi então a vez de o Sporting raramente se conseguir estender no ataque. Terminou com maior posse de bola, é certo, mas com os belgas bastante mais assertivos.

Nicvky Hayen, treinador do Brugge, mexeu na equipa aos 65 minutos. Colocou um ponta de lança alto e forte e passou a jogar com dois na frente. Foi-se chegando cada vez mais à baliza, perante um Sporting sem reação. Aos 80 minutos, João Pereira parecia conformado com o empate, ao fazer entrar Ricardo Esgaio em troca direta com Maxi. Ao mesmo tempo, o colega do lado colocou mais um avançado em campo e este, três minutos depois, resolveu o encontro.

As tentativas precipitadas e o chuveirinho dos leões no período de compensação foram arranhadelas de um gato que já nem pele de leão tem. Se alguma daquelas bolas aleatórias tivesse resultado, teria sido uma injustiça. E agora?...