França, semifinalista que não marca… mas também não sofre
Sir Alex Ferguson disse que ataques vencem jogos, defesas ganham campeonatos. Se tal se confirmar, a França parece estar a caminho de um título. Isto porque, se o ataque não está bom – os gauleses apenas marcaram três golos em cinco partidas, sendo que um foi penálti e os outros dois foram autogolos – a defesa está bem e recomenda-se.
Como a França, nunca se viu
O registo defensivo francês, de apenas um golo sofrido, é quase inédito. Só três equipas conseguiram, num torneio, sofrer apenas um golo: a Espanha, campeã europeia em 2012, a Noruega, em 2000, que caiu na fase de grupos e a Itália, em 1980. Ou seja, em cinco jogos ou mais, só Itália e Espanha conseguiram este registo. Há, no entanto, algo a destacar: o golo foi marcado por Lewandowski… de penálti. Ou seja: a França ainda não sofreu de jogo corrido e isso nunca havia sido visto.
Os protagonistas
A linha defensiva, com Saliba e Upamecano no meio, Koundé à direita e Théo Hernández à esquerda, tem sido uma das grandes responsáveis pelos resultados positivos (ou, pelo menos, suficientes) dos vice-campeões mundiais. A França prefere um jogo mais dominante - ainda que, em 20 remates à baliza, ainda nenhum deu em golo - o que ajuda o trabalho dos defesas.
Dito isto, qualquer um destes quatro é um candidato a fazer parte da equipa do torneio. Saliba, do Arsenal, deu continuidade à extraordinária época no seu clube, com exibições calmas, porém, dominantes face aos seus adversários.
Ao seu lado, Upamecano, do Bayern, tem um estilo mais intempestivo, mas é também bastante eficaz – foi uma abordagem sua a destempo que causou o penálti que Lewandowski faturou.
Nas laterais, Théo Hernández, do Milan, joga à esquerda e socorre-se da sua velocidade para ser eficaz no ataque… e na defesa, onde é preponderante, sobretudo, em recuperações contra adversários que jogam, maioritariamente, em contra-ataque.
Do lado direito, Koundé, que tem uma postura mais recuada, aliou a sua capacidade de central à sua velocidade. Cresceu na posição ao longo do ano no Barcelona e está como peixe na água.
Uma defesa de luxo que, atrás, ainda tem Maignan. O guarda-redes do Milan é o segundo com mais golos evitados na prova, quatro, só atrás de Mamardashvili.
Ainda assim... marcar é necessário
A solidez defensiva ajuda, certamente, a vencer. Mas os dados dizem que não é, necessariamente, decisiva. A França que venceu o Campeonato da Europa em 2000 sofreu, em seis jogos… sete golos! É, até hoje, a mais permeável defesa de qualquer vencedor da prova, mas o que é facto é que, no final, o troféu foi conquistado. Só que… marcou 13 vezes. Didier Deschamps, atual selecionador francês e capitão nessa conquista de há 24 anos, deixou essa mensagem: «Temos de marcar mais golos. Quando marcamos, podemos gerir. Se não marcamos, ficamos ao alcance do nosso adversário.»