«Final de suspense não fere o novo Homem-Aranha», a crónica do triunfo das águias
Mesmo pressionad, Cabral atira colocado, num golo de fino recorte (Foto: GRAFISLAB)

Vizela-Benfica, 1-2 «Final de suspense não fere o novo Homem-Aranha», a crónica do triunfo das águias

NACIONAL09.02.202400:02

Arthur Cabral gosta cada vez mais de vestir a pele de super herói: golo à ponta de lança a abrir a contagem; águias acabam o jogo a sofrer por incapacidade de materializar o volume ofensivo

Benfica garantiu esta quinta-feira o bilhete para uma meia-final a dobrar da Taça de Portugal frente ao velho rival Sporting depois de ultrapassar um Vizela com várias debilidades mas que acabou o jogo em cima dos encarnados, tentando estender os 90 minutos para mais meia-hora de sonho e esperança, após ter estado a perder por 0-2.

Esses minutos finais que obrigaram Otamendi e companhia a sujar o equipamento só aconteceram porque os campeões nacionais em título estiveram longe dos índices de finalização das recentes partidas, sem traduzir em golo as incontáveis aproximações à baliza de Ruberto, principalmente na primeira parte, período em que a equipa de Roger Schmidt praticou um futebol a roçar o asfixiante. 

Percebeu-se a estratégia do Benfica: entrar com tudo, tentar resolver cedo e depois gerir. Mesmo com alterações no onze, regressando Aursnes a lateral-direito, João Mário à meia esquerda, Kokçu a meio-campo e a estreia a titular de Álvaro Carreras, as águias mantiveram a dinâmica que tão bons resultados tem produzido e podiam ter inaugurado o marcador aos 4’ quando Rafa se isolou frente ao guardião vizelense, após passe de primeira de Arthur Cabral, atirando ao lado.

Esta jogada não foi uma qualquer, porque teve algo de novo: nasceu numa boa iniciativa do lateral-esquerdo espanhol, após uma troca de pés e movimento para dentro, em progressão, algo impossível de ver com Morato em campo. Assistiu-se, ali, uma espécie de regresso a outros tempos, quando a equipa tinha outro espanhol a ser um dos principais municiadores do ataque. 

A falta de pontaria de Rafa não demoveu os encarnados, pelo contrário: aguçou o apetite e havia mesa extensa para comer, porque o Vizela dava muito espaço nas costas, fruto de linhas subidas na tentativa de dividir o jogo. Só que, ao contrário da equipa da casa, o Benfica recua e avança de forma mais compacta e foi assim que nasceu o 1-0: o mesmo jogador (Arthur Cabral) que obrigou o adversário (Domingos Quina) a perder a bola perto na área de Trubin foi o mesmo que viria a surgir na zona oposta para abrir a contagem.

Esse momento, aos 34’, foi mais uma demonstração das qualidades do brasileiro: a receção, posicionamento e colocação de bola, a sentir o bafo do central, foi golo à ponta de lança, assumindo-se cada vez mais como uma espécie de super herói, pegando na imitação do Homem-Aranha que faz a cada festejo, em homenagem ao filho. Mas o golo foi também a enésima confirmação de que uma equipa que tem Rafa é sempre um terror para os opositores nos momentos de contra-ataque.

Só 70 minutos de Carreras

Quando acabou a primeira parte ficou a sensação de o resultado ser pouco expressivo para tanto volume ofensivo. Já a segunda parte mostrou um Benfica menos efusivo e mais expectante, mas capaz de variar jogo de flanco para flanco e ferir o Vizela nas suas costas, com maior inclinação para a direito, onde Aursnes aparecia sempre no sítio e timing certos: o norueguês deixou Cabral na cara do golo na primeira tentativa, na segunda João Mário fez o 2-0, ao segundo poste.

João Mário fez o segundo golo do Benfica em Vizela. Foto JOSÉ COELHO/LUSA

A partir daí as águias baixaram o voo. Quando Carreras já mostrava dificuldades físicas e Schmidt se preparava para tirá-lo, os minhotos fizeram o 2-1. Deu para manter o suspense, mas não para colocar em causa o triunfo de uma equipa que parece aproximar-se do seu máximo potencial. Pelo menos já voltou a ter um goleador e tempo inteiro, sete meses depois da saída de Gonçalo Ramos.