FC Porto vai avançar com empréstimo obrigacionista

NACIONAL09.09.202407:00

Nova emissão de obrigações em abril de 2025, de €50 milhões, serve para a SAD refinanciar-se com o mesmo valor das Obrigações 2021-2023 que vence nesse mês. Administração quer garantir mais €40 milhões e procura acordos vantajosos com a banca internacional que façam descer o esforço da dívida

O FC Porto vai avançar com um empréstimo obrigacionista de €50 milhões em abril de 2025 para refinanciar-se com o mesmo valor que vence naquela data, referente à operação de emissão de Obrigações 2021-2023. Um movimento financeiro normal nos clubes grandes e que faz parte do plano estratégico da SAD para ganhar liquidez, aliviar o peso do juro da dívida e cumprir as suas obrigações junto dos credores, afastando o risco de penalizações por parte da UEFA. O objetivo global da gestão de André Villas-Boas é atingir pelo menos os €80 milhões, mas não é líquido, como foi noticiado na semana passada, que os azuis e brancos estejam a preparar o maior empréstimo obrigacionista da história do futebol português.

Tudo dependerá do desfecho das negociações em curso com a banca internacional, de que André Villas-Boas foi dando conta nos últimos meses, dedicando mesmo algumas linhas sobre o tema no editorial da Revista Dragões: «Muito progredimos no ataque às nossas prioridades, dando importantes passos em termos financeiros, de gestão, de recuperação da nossa reputação e de reforço do nosso património. A renegociação da nossa dívida junto de prestigiadas instituições financeiras internacionais tem seguido passos seguros e em breve não estaremos tão condicionados por esta teia que nos amarrava e que colocava em risco a nossa participação em competições internacionais e sobretudo hipotecava o nosso futuro e as nossas ambições.»

Em outubro, a SAD terá o plano financeiro concluído e nessa altura os sócios serão informados sobre os passos dados pela Administração para ganhar liquidez. Os azuis e brancos continuam sob supervisão da UEFA e haverá dois novos controlos da sustentabilidade financeira, um primeiro este mês e outro em dezembro. Comité de Controlo Financeiro da UEFA decidiu excluir o FC Porto por uma época das competições europeias, exclusão que ficou suspensa e só será efetivada caso o clube azul e branco não cumpra o ‘fair-play’ financeiro durante as épocas de 2025/26, 2026/27 e 2027 /28. Apesar desta ameaça, André Villas-Boas e a equipa financeira liderada por Pereira da Costa conseguiram apagar vários fogos que permitiram ao FC Porto passar no controlo do Comité Financeiro da UEFA, em julho passado.

FC Porto: SAD cessante antecipou €19M da venda de Otávio

14 junho 2024, 07:29

FC Porto: SAD cessante antecipou €19M da venda de Otávio

Administração liderada por Pinto da Costa recebeu mais cedo tranche do Al-Nassr; dinheiro entrou nos cofres antes das eleições para pagar despesas correntes, salários, impostos e a clubes por transferências de alguns futebolistas

Os dragões cumpriram no último trimestre os pressupostos que constam do Regulamento de Licenciamento de Clubes e Sustentabilidade Financeira da UEFA. Na prática, foram cumpridos escrupulosamente os overdue payables– atrasos no pagamento dos salários, dívidas vencidas às autoridades fiscais, à Segurança Social e a clubes. Mas ainda há muito trabalho pela frente.

DO CAOS À GESTÃO DOS DANOS

Quando assumiu a SAD, Villas-Boas deparou-se com um quadro gravíssimo. As dívidas a clubes e agentes ascendiam a quase €90 milhões e a anterior administração antecipara a segunda tranche de €19 milhões da transferência de Otávio para o Al Nassr. Ao mesmo tempo, o Boca Juniors reclamou a parcela de €3 milhões da contratação de Alan Varela. Estes e outros problemas foram resolvidos com diplomacia, ao mesmo tempo que foi melhorado o acordo com a Ithaka: o FC Porto manteve a percentagem na Porto Stadco (70%) e aumentou em até €35 milhões o valor a receber, que poderá atingir €100 milhões se cumpridas determinadas métricas de EBITDA nos exercícios financeiros de 2025/26 e 2026/27. No imediato, esse valor passa de €40 para €50 milhões.

MERCADO CIRÚRGICO

No mercado de transferências, o FC Porto foi cirúrgico nas aquisições, contratando em definitivo Francisco Moura (€5 M), Deniz Gul (4,5 M) e Samu Omorodion (€15M), garantindo, por outro lado, as cedência de Nehuén Pérez (€4.5 M + €13,5 M cláusula de opção de compra), Fábio Vieira e Tiago Djaló, estes dois sem opção de compra.

As vendas mais significativas foram as de Evanilson para o Bournemouth, por €37 M num negócio que pode chegar aos €47 M, de David Carmo ao Nottingham Forest, por €11 milhões mais €4 em objetivos, e Toni Martínez, por €2 M, mais €2,025 mediante concretização de objetivos desportivos. Outro encaixe importante foi o empréstimo de Francisco Conceição à Juventus, que rendeu €10 M. A cedência de Fábio Cardoso ao Al Ain permitiu a entrada de €1M (opção de compra de €1,2 milhões) e a de Romário Baró ao Basileia €150 mil (mais €350 mil em objetivos).