FC Porto: «Queremos crescer de forma sustentável»
Pedro Silva, diretor de performance dos dragões, falou ao Sportal, do grupo de A BOLA, à margem da 'Barin Sports Science Conference', que decorreu esta terça-feira em Sofia, na Bulgária
Com passagens por clubes como Zenit, Shanghai SIPG e Marselha, sempre a acompanhar André Villas-Boas, Pedro Silva é o novo diretor de performance do FC Porto, tendo chegado ao clube esta época.
Em entrevista concedida ao Sportal, do grupo Ringier, ao qual também pertence A BOLA, Pedro Silva falou das mudanças «drásticas» que o novo presidente dos azuis e brancos implementou, com destaque para a criação do departamento de performance, que lidera.
«O departamento de performance do FC Porto foi criado recentemente, pelo novo presidente [André Villas-Boas]. Agimos em várias áreas de intervenção, como monitorização, força e condição física. Também participamos no processo de seleção de jogadores para a academia, através de avaliações físicas. Estamos agora a criar o nosso próprio laboratório para fazer investigação para resolver problemas específicos que necessitam de uma resposta em termos da nossa metodologia. A nossa maior preocupação neste momento é criar uma metodologia no clube que seja vertical e abranja todas as equipas de formação, para que os nossos jogadores consigam desenvolver-se ao longo do seu percurso e habituar-se a este tipo de treino. Para que não haja falhas entre idades no percurso até à equipa principal. É um departamento muito importante e também trouxemos analistas de dados, que integram o departamento de performance. É uma área em crescimento em todos os clubes de futebol e é desta forma que temos impacto na organização e treinos das equipas», explicou, à margem da Barin Sports Science Conference, que decorreu esta terça-feira em Sofia, na Bulgária.
Entre vários temas, na sua maioria relacionados com a importância da ciência do desporto nos dias de hoje, sobretudo tendo em conta a carga de jogos cada vez maior e a intensidade elevada das partidas, Pedro Silva salientou também o objetivo de manter o clube dos sócios, continuando a crescer «de forma sustentável.»
«Foi uma mudança drástica, diria. Em termos de visão, ideologia do clube e o que o clube pretende ser no futuro. Acredito que com o novo presidente o clube aproximou-se dos sócios, das pessoas da cidade. Queremos ser um clube da cidade, dos sócios. Não queremos ser detidos por nenhum grupo e queremos crescer de forma sustentável. Investir na nossa juventude, na nossa academia e na nossa performance. Nesse sentido, tem sido uma mudança drástica, sobretudo porque penso que agora temos uma visão claramente definida, o que não existia antes», referiu.
Aos dias de hoje, garante, «é difícil encontrar um clube moderno» que não tenha um departamento especializado na performance dos atletas: «Muitas mudanças estão a ocorrer neste momento, sendo uma delas a criação do departamento de performance, que não existia. Acho que é difícil encontrar um clube moderno sem este departamento. Outra mudança tem de ver com a forma como as decisões são tomadas agora. Tomamos decisões com base em dados e transparência aos associados. O clube criou o portal da transparência, por exemplo, para informar os sócios sobre as transferências efetuadas pelo clube, as comissões pagas aos agentes, quanto dinheiro recebem os membros da direção… Por isso, tudo é baseado na transparência e todas as decisões são extremamente informadas e baseadas em dados, o que vai ao encontro da visão que o presidente tem para o clube.»
Apesar de não ser a sua área, Pedro Silva diz ainda que o scouting sofreu uma revolução no clube: «O departamento de scouting também mudou drasticamente. A forma como observamos jogadores não tem nada que ver com a forma como observávamos jogadores antes de chegarmos ao clube. Hoje em dia temos informação sobre quase tudo em relação aos jogadores. Existem vários fornecedores que vendem os dados aos clubes e nós baseamo-nos sobretudo nos dados para começar a analisar jogadores. Depois há uma fase em que os scouts observam o jogador de forma subjetiva, mas para chegar a esse ponto há uma análise baseada em dados, para podermos filtrar a informação exata que necessitamos dos jogadores que encaixem nos nossos padrões. Em termos do que precisamos para cada posição da equipa. Depois dessa fase, há o scouting ‘tradicional’, observando o jogador. Mas quando chegamos lá, já identificámos os 2 ou 3 jogadores que queremos trazer para o clube.»
Por último, o diretor de performance do FC Porto abordou a política de contratações do clube, deixando a garantia de que as decisões são tomadas de forma informada, para que se evitem erros do passado: «Quando compramos, temos de saber que estamos a fazer o negócio certo, para que não se repitam erros cometidos no passado, em que foram comprados vários jogadores que acabaram por jogar pouco, auferindo salários elevados, que não justificaram o investimento feito neles.»