FC Porto: flagelo defensivo sem solução à vista
Dragões já vão em 23 golos sofridos em 20 jogos. Mesmo registo só em 1998/99, mas essa foi a época do 'Penta'. Pinto da Costa 'segurou' Fernando Santos, tal como Villas-Boas agora protege Vítor Bruno
Os dois golos sofridos frente ao Anderlecht, no empate em Bruxelas para a Liga Europa, agravaram o registo defensivo do FC Porto. Com 23 golos sofridos em 20 jogos, os dragões apresentam números que não se viam desde 1998/99, época em que, sob o comando de Fernando Santos, conquistaram o pentacampeonato. Nesse ano, o desfecho foi, ainda assim, favorável, com o título nacional garantido, oito pontos à frente do Boavista, e a conquista da Supertaça.
Porém, tal como acontece agora, essa equipa caiu precocemente na Taça de Portugal, na 5.ª eliminatória, num jogo que ficou marcado na história pela derrota por 0-1 frente ao Torreense, nas Antas. Apesar das críticas ferozes, Pinto da Costa manteve a confiança em Fernando Santos, numa decisão que acabou por ser justificada pelos resultados alcançados. A paciência dos adeptos é hoje praticamente nula e o empate em Bruxelas voltou a alimentar as vozes mais críticas.
O FC Porto deixou escapar a vitória a quatro minutos do final, padrão que se tem repetido na Liga Europa: empate frente ao Man. United (3-3), com Maguire a marcar aos 90+2, e derrota em Roma contra a Lazio, com Pedro Rodriguez a selar o resultado também na compensação. Embora num outro enquadramento um empate frente a um Anderlecht invicto na competição não fosse motivo para drama, as gritantes falhas defensivas do coletivo (e não só da defesa, como se viu no lance de Pepê no 1-1) tornam o cenário preocupante. Apesar de menor posse de bola, os dragões conseguiram mais remates (12 contra 9) e criaram ocasiões mais flagrantes.
Vítor Bruno recuperou Otávio, que deverá manter-se no onze para a receção ao Casa Pia. A aposta no 4x3x3 poderá ser reforçada numa tentativa de inverter um ciclo de quatro jogos sem vitórias. É certo que todos esses encontros foram disputados fora de casa (Roma, Luz, Moreira de Cónegos e Bruxelas), mas tal não isenta o treinador de responsabilidades. Pelo contrário, evidencia a dificuldade da equipa em superar adversários de calibre ou mais atrevidos, como é o caso do Moreirense. A derrota em Moreira de Cónegos foi duplamente penalizadora, pela saída da Taça, mas porque também representava uma oportunidade de reconquistar a confiança dos adeptos após o desaire por 4-1 na Luz. O jogo contra o Casa Pia será, assim, o verdadeiro teste à capacidade de resposta dos dragões. Não há margem para mais erros.