FC Porto: atenção ao relvado sintético e ao «Pirlo norueguês»
Bodo/Glimt perdeu o play-off de qualificação para a Liga dos Campeões frente ao Estrela Vermelha
Foto: IMAGO

FC Porto: atenção ao relvado sintético e ao «Pirlo norueguês»

INTERNACIONAL07:30

Especialista em futebol nórdico analisa o primeiro adversário dos dragões na Liga Europa, que tem dominado a liga norueguesa. Pressão alta pode ser o segredo

O Bodo/Glimt é praticamente desconhecido para os adeptos portugueses, mas João Paulo Cordeiro, especialista em futebol nórdico, avisa que se trata de «uma equipa muito perigosa», que «pode criar bastantes dificuldades ao FC Porto».

«É uma equipa muito forte a jogar em casa, porque vai tirar vantagem do relvado sintético. Em casa é muito mais dominadora, gosta de controlar o jogo, de ter a bola, de construir apoiado, fazer passes de bolas longas. Tem muita facilidade em criar oportunidades de golo e é eficaz a aproveitá-las, tem aquela típica frieza nórdica», afirmou, em conversa com A BOLA, destacando a média de golos marcados «muito elevada» (2,36 golos por jogo).

O treinador Kjetil Knutsen está na equipa desde 2017 e esta pode ser, na opinião de João Paulo Cordeiro, outra vantagem para os nórdicos: «É uma equipa bastante oleada, tem bases e princípios de jogo que estão muito solidificados, porque o treinador já lá está há muito tempo. É uma equipa que se conhece bem, que tem promovido vários regressos nos últimos anos e acaba por ter já rotinas de muito tempo a trabalhar juntos.»

Um «Pirlo norueguês» no meio-campo

Patrick Berg, o número 7 do Bodo/Glimt e principal estrela do plantel

Encontrar o principal perigo do Bodo/Glimt em termos individuais não é difícil: Patrick Berg. «É um médio mais recuado, não diria defensivo, porque é uma espécie de Pirlo norueguês. Faz a construção de jogo em terrenos mais recuados, é o cérebro da equipa, é quem põe a máquina toda a funcionar. Anular Patrick Berg seria anular grande parte da capacidade de organização da equipa», explica o analista.

Atenção ainda para os corredores, porque os laterais Sjovold na direita e Bjorkan na esquerda «oferecem grande profundidade e criam desequilíbrios» e os extremos – independentemente de jogar Hauge ou Mikkelsen à esquerda, ou Zinckernagel ou Maatta à direita - «têm uma capacidade de desequilíbrio individual e relação com o golo muito alta».

Destaque ainda para Hakon Evjen, que está a substituir a estrela Albert Gronbaek (entretanto transferido para o Rennes por €15M): «O FC Porto tem de estar bastante atento e tentar anulá-lo pelo desequilíbrio que provoca, vindo de trás, e a chegada à área que tem, e também a capacidade para marcar golos.»

Vítor Bruno: pode ser por aqui

Para João Paulo Cordeiro, o segredo para derrotar o Bodo/Glimt pode estar «numa pressão mais alta por parte do FC Porto». Como os noruegueses gostam de «uma construção lenta», logo a partir do guarda-redes e dos centrais, o facto de «não terem uma capacidade individual extraordinária» pode dar aos azuis e brancos uma oportunidade de recuperar a bola em zonas avançadas do campo e criar perigo.

«É uma equipa que não permite grandes oportunidades aos adversários e que não depende só de defender. Pressiona muito alto, sufoca o adversário e tenta criar desequilíbrios logo na primeira fase de construção do adversário, mas mesmo quando a pressão não funciona, organiza-se bem defensivamente», alertou.

Dominadores na Noruega

O Bodo/Glimt tem nesta altura 7 pontos de avanço para o segundo classificado da liga norueguesa, quando faltam sete jornadas para o fim. A confirmar-se o título, será o 4.º na história deste clube, todos nos últimos 5 anos. João Paulo Cordeiro explica o domínio: «Começaram por criar uma excelente equipa com base na formação e em contratações cirúrgicas dentro do contexto norueguês. Criaram uma equipa muito forte, têm um excelente treinador. Conseguiram subir de divisão até ao topo da liga norueguesa. Depois, conseguiram boas campanhas europeias, que deram uma receita extra que permite gerir as saídas, contratar bem e manter o nível da equipa.»