Sócios do FC Porto reúnem-se hoje, a partir das 10h30, no Dragão Arena. A primeira vez que André Villas-Boas será escrutinado pelo universo azul e branco. Assuntos para aflorar e votar pela via democrática
O Dragão Arena será palco hoje, a partir das 10h30, de uma Assembleia Geral do FC Porto, a primeira organizada pela Direção de André Villas-Boas e que será presidida António Tavares, pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG). Depois da polémica reunião magna do dia 13 de novembro de 2023, na qual se registaram agressões a adeptos promovidas por elementos afetos à claque Super Dragões, existe uma grande expectativa em torno desta Assembleia Geral, que foi preparada ao mais ínfimo pormenor para que tudo corra de feição e de acordo com os pergaminhos do clube, como exige André Villas-Boas. Será a primeira vez que o novo líder dos azuis e brancos estará sob o escrutínio dos associados, num encontro que se espera democrático, com todos a puderem dar o seu ponto de vista durante as alocuções que se esperam no púlpito destinado para o efeito.
António Tavares deu algumas explicações do modus operandis da Assembleia, garantindo que «poderão estar presentes, participar nos debates e votar os associados sénior do clube, ou seja, os sócios maiores de idade que perfaçam um ano ininterrupto como associados à data da realização da reunião da Assembleia Geral, que tenham as quotas devidamente regularizadas até ao mês de outubro de 2024».
Para efeitos de credenciação, os sócios deverão apresentar documentalmente, em suporte físico ou digital, o cartão de sócio acompanhado de documento de identificação com fotografia. A credenciação dos sócios para o exercício do direito de voto encerrará às 15h30 horas, salvaguardando-se, porém, o direito de o fazerem àqueles que, a essa hora, se mostrem integrados na fila formada para o efeito. Sem prejuízo do debate a que haverá lugar, a votação das propostas iniciar-se-á logo após o início da reunião da Assembleia Geral, permitindo-se a quem o pretenda fazer, exercer, desde logo, o direito de voto.
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António Tavares esclarece ainda que «os trabalhos da Assembleia decorrerão sem interrupção desde a abertura até ao seu encerramento, e iniciar-se-ão com intervenções a cargo da Mesa da Assembleia Geral, da Direção e do Conselho Fiscal e Disciplinar. Seguir-se-á, até às 12h00, um período destinado à interpelação dos sócios aos órgãos sociais e prestação de esclarecimentos por parte destes, relativamente ao ponto 1 da ordem de trabalhos.
Entre as 12h00 e as 12h30 horas decorrerá o período destinado à apresentação aos sócios pela Direção e à prestação de esclarecimentos por parte desta relativamente ao ponto 2 da ordem de trabalhos. Por fim, o período entre as 12h30 e as 13h00 horas destinar-se-á à apresentação, sem votação, de assuntos de interesse para o clube.
Luz verde à Fundação?
Além da votação do relatório e contas relativo à temporada de 2023/24, os sócios dos dragões vão ter a oportunidade de discutir e deliberar sobre a constituição e dotação da Fundação FC Porto, uma das promessas de André Villas-Boas durante a campanha eleitoral e que terá Rui Pedroto o principal responsável. A proposta que vai a votos refere que a Fundação FC Porto «terá genericamente por objeto e fins dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de promoção da justiça entre os cidadãos, contribuindo para a concretização dos seus direitos sociais e para o desenvolvimento da sociedade portuguesa.»
Sobre os «fins principais e atividades instrumentais» da fundação, o clube azul e branco explica que «a Fundação FC Porto desenvolverá um conjunto de projetos, iniciativas e atividades, dirigidas à sociedade em geral, aos associados, trabalhadores, atletas ex-atletas do FC Porto, nas áreas do combate à pobreza e exclusão social, apoio à família, educação, saúde, desporto, cultura, ambiente e transição climática.»
São depois referidos «projetos, iniciativas e atividades» que serão desenvolvidas «autonomamente ou em parceria com outras pessoas singulares ou coletivas, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, e em articulação de esforços com o clube fundador e as Casas do Futebol Clube Porto em Portugal, sendo que a Fundação FC Porto, no respeito pelo seu objeto e fins estatutários, poderá associar-se e fazer parte dos órgãos sociais de organizações congéneres, nacionais ou estrangeiras.»
O património da Fundação FC Porto será constituído por uma dotação inicial de 250 mil euros.
Os pontos em discussão da AG
Ponto 1 — Apreciação, discussão e votação do Relatório de Gestão e as Contas individuais e consolidadas e respetivos Parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar e Parecer do Conselho Superior, relativos ao exercício compreendido entre 01 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024
Ponto 2 — Discutir e deliberar sobre a constituição e dotação da Fundação Futebol Clube do Porto, nos termos do disposto no Artigo 56°, nº 1, alínea (ii) dos Estatutos do Futebol Clube do Porto, mandatando a Direção do Futebol Clube do Porto para proceder à sua constituição como exclusiva entidade instituidora
Ponto 3 — Apresentação, sem votação, de assuntos de interesse para o clube.
Entrada pela porta sul
Tudo foi delineado e organizado para que a segurança seja total para quem entrar no Dragão Arena. O controlo começa logo a abrir, sendo apenas admitidos os sócios seniores há mais de um ano e com a quota de outubro regularizada. A entrada será feita por hospedeiras e funcionários do FC Porto e processada através da porta Sul da infraestrutura. Durante os últimos dias foi dando conta de todas as novidades da Assembleia Geral através das redes sociais do FC Porto.
Voto agora é secreto
Ao invés do que sucedia anteriormente com os associados a exercer o seu direito a voto das propostas emanadas na ordem de trabalhos de braço no ar, a partir de agora o voto será secreto. É uma das grandes novidades instituída pela nova Direção, depois de muitos associados se sentirem inseguros na hora de votar de braço no ar. As escolhas serão agora feitas através de um boletim que será depois depositado numa das várias urnas presentes no Dragão Arena. Será uma forma de os sócios se sentiram mais seguros e tranquilos na hora de tomarem decisões para o futuro do FC Porto.
PSP de prevenção, mas fora do Dragão Arena
O seguro morreu de velho e, para evitar os incidentes ocorridos em novembro de 2023, a Direção presidida por André Villas-Boas preparou a Assembleia Geral de hoje ao detalhe. O presidente da Assembleia Geral, António Tavares, entende que não existe necessidade de haver policiamento dentro do Dragão Arena e, como tal, as forças da ordem ficarão apenas de prevenção no perímetro do pavilhão. Estão recrutados 60 stewards para o evento e quem prevaricar será imediatamente colocado fora do recinto. Os novos responsáveis portistas acreditam que haverá responsabilidade por parte dos associados azuis e brancos e que a reunião magna decorrerá sem qualquer incidente, dentro sempre de um espírito democrático.