Fábio Martins e o Famalicão-FC Porto: «Empate seria o melhor resultado para... o meu coração»
Extremo não esconde carinho pelos dois emblemas; foi o autor de um dos golos da última vitória dos famalicenses sobre os portistas, na época 2019/2020; aposta em Puma e Francisco Conceição para as decisões
Nascido a 24 de julho de 1993, Fábio Martins chegou muito novo ao FC Porto: tinha apenas 7 anos de idade. A sua qualidade foi, desde cedo, evidente e esse fator deu-lhe a possibilidade de realizar toda a formação ao serviço do emblema azul e branco. Logo por aí, está fácil de ver, ganhou um amor muito grande pelos portistas. Algo que, de resto, ainda hoje se mantém intacto.
Mas o percurso de um futebolista pode dar muitas voltas e também Fábio Martins teve de trilhar o seu caminho. Ainda esteve uma temporada na equipa B dos dragões - época 2012/2013, tendo feito parte de uma equipa onde pontificavam outros craques que também têm vindo a fazer carreiras bastante meritórias, casos de Tomás Podstawski (atualmente no Ruch Chorzów, da Polónia), Pedro Moreira (Arouca), Sérgio Oliveira (Galatasaray, da Turquia), Tozé (Al-Hazm, da Arábia Saudita), Leandro Silva (União de Leiria), Gonçalo Paciência (Bochum, da Alemanha), Kelvin (Ryukyu, do Japão) ou Ivo Rodrigues (Al Khaleej, da Arábia Saudita) -, mas seguiu outro rumo longe do Dragão e ao longo da sua carreira representou, depois, Aves, SC Braga, Paços de Ferreira, Chaves, Famalicão, Al-Shabab (Arábia Saudita) e Al Wadha (Emirados Árabes Unidos), estando, atualmente, ao serviço do Al Khaleej, da Arábia Saudita.
E foi devido a essa distância continental que o contacto de A BOLA com Fábio Martins foi feito por telefone. O motivo? Tentar fazer com que o extremo recuasse cerca de três anos e meio. Não na carreira, o que seria humanamente impossível, mas na memória. Mas, afinal, o que se passou nessa altura para que o nosso jornal chegasse à fala com o jogador? Damos-lhe uma dica, caro leitor: a 3 de junho de 2020, jogava-se, então, a 25.ª jornada da época 2019/2020, o Famalicão derrotava, pela última vez, o FC Porto. Ora, nessa equipa dos minhotos pontificava um tal de... Fábio Martins. E que até fez um golo. O primeiro desse jogo, no caso - Jesús Corona empataria para os dragões, Pedro Gonçalves (esse mesmo, Pote!) confirmaria o triunfo dos famalicenses. E a tal memória do extremo a que tentámos apelar estava, afinal, bem fresca. Tão pronta foi a resposta...
«Recordo-me perfeitamente. Foi o primeiro jogo pós-Covid, disputado sem adeptos nas bancadas, o que acabou por ser um ambiente muito estranho para nós, jogadores. Relativamente ao golo que marquei, surgiu num lance em que o Marchesín [guarda-redes argentino que estava na baliza do FC Porto] fez um mau passe, julgo que para o Mbemba [defesa-central congolês que, nessa partida, fez dupla com Pepe no eixo da retaguarda], e eu, com a baliza aberta, só tive de encostar», recorda Fábio Martins. Que foi tão lesto a visar a baliza contrária nessa altura como a completar, agora, a ideia: «Foi um dos golos mais fáceis e... difíceis da minha carreira. Teve muito peso emocional pelo facto de ter sido o meu primeiro golo contra o FC Porto, um clube que me diz muito.»
Ora, na antecâmara de mais um duelo entre famalicenses e portistas, A BOLA quis perceber quais são as perspetivas de Fábio Martins sobre este encontro. Que tanto lhe diz, independentemente da época ou da competição em disputa. Afinal, frente a frente vão estar duas equipas, dois emblemas, dois clubes que ocupam grande parte do coração do jogador.
E essa é a razão que leva Fábio Martins a optar... pelo bem comum. «São clubes especiais e o empate seria o melhor para o meu coração. O Famalicão é uma equipa que joga bom futebol, o mister João Pedro Sousa tem uma excelente ideia de jogo, e o FC Porto é aquilo que todos nós sabemos, um clube enorme e que luta sempre por títulos. Se por acaso empatarem com o Famalicão, tenho a certeza que depois vão recuperar esses dois pontos [risos]. Acho que será um jogo extremamente competitivo, até porque nunca é fácil jogar em Famalicão, e perspetivo um duelo mesmo muito equilibrado», atira.
E se o extremo tentou driblar A BOLA, então A BOLA não quis ficar atrás e lançou um desafio ao virtuoso 'árabe': quem pode decidir o jogo deste sábado? Só pode escolher um jogador de cada equipa! A confiança na resposta foi tanta quanto aquela que costuma colocar em prática nos lances de um para um ou nos momentos em que se prepara para visar as balizas contrárias: «Do lado do Famalicão, vou escolher o Puma.» Porquê?, questionámos. «Porque é um jogador vertical, muito forte no ataque à profundidade, e seguindo a lógica de que o FC Porto jogará mais tempo no meio-campo ofensivo, o Puma poderá beneficiar de espaços para explorar as transições ou os ataques rápidos», assumiu, num discurso que mais parecia ser o de um... treinador.
Faltava, então, o 'artista' que pode fazer a diferença por parte do FC Porto. Fábio Martins já precisou, nesse momento, de mais alguns segundos para pensar, mas, pouco depois, surgiu a aposta e a respetiva justificação: «Francisco Conceição. É um jogador muito rápido, bastante tecnicista, que gosta de 'ir para cima' e, ainda para mais, está a subir de rendimento. Acho que pode ser ele a decidir.»
Ora, se for feita a vontade (sentimental) de Fábio Martins, então o Famalicão-FC Porto terminará empatado. E se as previsões do extremo estiverem alinhadas com os astros, Puma Rodríguez e Francisco Conceição vão ser os destaques individuais da partida. Quando os ponteiros do relógio estiverem perto das 20 horas deste sábado (em Portugal e não na Arábia Saudita...), ficará a saber-se se a bola de cristal de Fábio Martins está... iluminada.
E no próximo mês de janeiro, quando o extremo regressar ao nosso País para gozar um curto período de férias, haverá tempo para falar de forma mais completa sobre a sua carreira, o atual momento, o futebol na Arábia Saudita e, claro está, Cristiano Ronaldo. Porque a entrevista a A BOLA ficou prometida e já está marcada...