Primeira parte entrevista ao médio ofensivo português, cedido pelo Liverpool ao Leipzig no início da época, mas que rumou ao Championship no mercado de inverno
Após 22 jogos e dois golos na época de estreia no Liverpool, clube ao qual chegou proveniente do Fulham, Fábio Carvalho foi emprestado ao Leipzig no início da época. Na Alemanha, porém, o jogador português de 21 anos fez apenas 15 jogos, quase sempre saindo do banco de suplentes. Descontente com a pouca utilização, o médio ofensivo regressou a Inglaterra no mercado de inverno. Trocou a luta pelos primeiros lugares da Bundesliga e a disputa da Liga dos Campeões por uma equipa que procura a subida à Premier League? Não. Trocou a insatisfação pela felicidade. É isso que garante em entrevista a A BOLA, explicando aquilo que considera que correu mal na Alemanha.
- Fez a primeira metade da época no Leipzig, mas o final do empréstimo foi antecipado. O que correu mal na Alemanha?
- Foram tempos difíceis, para ser sincero. Não joguei muito, mas aprendi bastante. São coisas do futebol: tem altos e baixos. Agora estou no Hull City e concentrado nos objetivos do clube, que passam por chegar ao Play-off e subir à Premier League.
Em novembro de 2022, Fábio Carvalho avisou Rui Jorge por SMS que não estava disponível para uma convocatória dos sub-21. Desde então não voltou a ser chamado, mas garante que já falou com o técnico e garante sonhar com o regresso à Seleção
- Mas o empréstimo era até ao final da época…
- Sim e gostei de estar lá. Aprendi muito com os meus colegas e treinadores. Foi uma experiência diferente, com uma língua diferente e uma forma de jogar também muito distinta. Não resultou.
- Sente que não se adaptou?
- Nem por isso. Acho que foi por falta de oportunidades. Nós tínhamos muitos médios, com muita qualidade, e vários da minha posição. Eu gosto de desafios e de ter concorrência, porque é a melhor forma de evoluir, mas não sei se me deram as oportunidades que eu merecia e que queria. O meu rendimento nos treinos estava a ser alto, mas são coisas do futebol.
- Disputava o lugar com grandes jogadores…
- Sim, com Dani Olmo, o Xavi Simons… São muito bons jogadores [risos].
- Só foi titular duas vezes, uma na Taça e outra na Bundesliga. Nos outros 12 jogos teve, em média, 11 minutos de utilização. Falou sobre isso com o treinador?
- Sim, falei com ele. Numa das paragens internacionais fizemos um jogo particular e eu marquei dois golos. Estava com confiança e disse-lhe que me sentia pronto para ser titular num jogo. E ele disse-me: «Tens de ter calma porque estamos num bom momento». E é verdade, a equipa estava a jogar muito bem. O Dani e o Xavi estavam bem, mas eu achava que pelos meus treinos e o meu comportamento também merecia mais. Infelizmente não deu, mas agora estou feliz e a jogar, que é o mais importante. Lá não estava a jogar, mas felizmente escolhi uma equipa na qual estou a ter essa oportunidade.
- Porquê a opção pelo Hull City?
- Foi uma escolha fácil. Quando falei com o treinador, o Liam [Rosenior], tivemos um clique imediato. Também falei com outros clubes do Championship e da Premier League, mas queria ir para um clube que me desse garantias de que podia jogar, aprender e encontrar a felicidade. Isso foi uma das coisas que o treinador do Hull me disse: «Tens de ir para um clube em que jogues e estejas feliz, porque é quando está feliz que um jogador rende mais». Isso ficou-me na cabeça. E todas as conversas que tive com ele foram positivas.
- Não sentiu que passar da Bundesliga para o Championship era um grande passo atrás?
- Não, porque eu já disputei esta competição. Já sabia que as pessoas iam falar e questionar o porquê de escolher o Hull City e o Championship, mas a carreira de um futebolista é feita de altos e baixos. E o mais importante para mim agora era jogar todos os jogos. Não quero saber do que as pessoas dizem: eu estou bem, estou feliz e a jogar.
- Desde que chegou, fez 11 jogos, sempre como titular, e marcou quatro golos marcados. As coisas estão a correr bem…
- Sim, mas podiam estar a correr ainda melhor [risos]. Falta-nos ganhar mais jogos, porque estamos a jogar muito bem, mesmo contra as equipas que estão na parte de cima da tabela. Acho que até estamos a jogar melhor do que eles, mas falta ganhar os jogos. Temos tido muitos empates. Mas se continuarmos a jogar assim, tenho a certeza de que vamos chegar aos Play-offs e aí tudo pode acontecer.
Segunda parte da entrevista a Fábio Carvalho, atualmente emprestado ao Hull City
- Empataram os últimos quatro jogos, num campeonato muito equilibrado. O que tem faltado?
- Temos começado sempre a ganhar, mas tem faltado a reação depois de sofrer. Porque somos um grupo muito novo. Temos de ganhar experiência rapidamente, porque no Play-off, se demoras a reagir a um golo sofrido… O Championship é um campeonato muito difícil e equilibrado. Por isso, é preciso ganhar fibra muito rápido. Mas acredito que se continuarmos a trabalhar como temos feito, vamos chegar longe.
- O Fábio também é muito jovem, mas já tem jogou no Championship, na Premier League e até na Liga dos Campeões. Sente que é um dos jogadores que pode liderar a equipa?
- Sim. Um líder não é só aquele que tem a braçadeira de capitão. Eu sinto-me um líder dentro e fora do campo. Nós temos aqui jogadores mais novos, e mesmo da minha idade, que têm muita qualidade, e que podem aprender algumas coisas comigo. Da mesma forma que eu posso e aprendo com os meus colegas. Essa é a única forma de evoluir.
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