Ex-Benfica agradece a Abel Ferreira: «Estava a entrar em depressão e trouxe-me paz»
Ramires vestiu as cores do Benfica em 2009/2010
Foto: IMAGO

Ex-Benfica agradece a Abel Ferreira: «Estava a entrar em depressão e trouxe-me paz»

Ramires terminou a carreira em 2022, aos 35 anos, e destacou o treinador do Palmeiras

Ramires (ex-Benfica) terminou a carreira em 2022, aos 35 anos. o último clube do antigo internacional brasileiro foi o Palmeiras, de Abel Ferreira, a quem o ex-jogador deixa rasgados elogios.

«Já estava num estado de ansiedade e a entrar até em depressão. Depois, eu saí, procurei um psicólogo, comecei a conversar, a expor-me e a vida melhorou. O Abel é um cara que me trouxe paz para a decisão que eu vim a tomar de parar e encerrar a minha carreira. E deu-me a oportunidade de encerrar a carreira de maneira digna», afirmou, em entrevista ao Globoesporte.

Ramires esteve no Benfica em 2009/2010 (IMAGO / Camera 4)

«O futebol para mim nunca foi só financeiro. Eu saí de Barra do Piraí, fui para Joinville, ganhava 80 reais e nunca fui mudei de clube por dinheiro, mas sempre por oportunidades de maior visibilidade. Fui amadurecendo, fui pensando, conversei com a minha mãe, com o meu irmão, e eles falaram que estariam junto comigo de qualquer maneira. E a decisão que eu tinha para tomar era mesmo de terminar a carreira. Quando o Abel chegou ao Palmeiras, eu tive a oportunidade de regressar, mas já estava com aquilo na cabeça de parar e não jogar mais. O Abel perguntou-me se eu queria sair pela porta da frente ou de trás do clube por não ter jogado. Em todos os lugares por onde passei, cheguei e saí pela porta da frente e queria isso também no Palmeiras», acrescentou.

«Abel Ferreira é um excelente treinador, uma pessoa extraordinária que eu pude conhecer no futebol. Até quando eu saí, ele me disse: ‘O que você vai fazer? Não vai ficar a beber ou fazer asneiras’. Chamou-me para fazer parte da comissão técnica, ficar por perto, ter uma ocupação, mas ele viu como que eu estava. Eu voltei para o Brasil com vontade de jogar um bom futebol e as coisas não correram do jeito que eu imaginei. Lutei bastante para fazer o melhor ali dentro. As redes sociais acabam por ultrapassar muito o limite. Você está a trabalhar e recebe ameaças. Contra mim não tem problema, porque eu estava sempre rodeado de seguranças. A minha maior preocupação sempre foi a família. A minha mãe, os meus irmãos, os meus filhos... », prosseguiu.

Ramires recordou a goleada sofrida pelo Brasil diante da Alemanha, por 1-7, no Mundial 2014. O ex-Benfica foi opção a sair do banco.

«Éramos os 23 que representavam uma nação e quem fez toda essa nação passar essa vergonha mundialmente fomos nós. Temos que ser homens, sim, de assumir. É uma ferida que nunca fecha. Mas através de conversas, procurar ajuda para poder falar, conversar, deixar sair algumas coisas para ter essa maturidade de falar ao ser perguntado», atirou.

Ramires esteve apenas uma época no Benfica, em 2009/2010, rumando depois ao Chelsea: «Nunca deixei que a fama por chegar ao Chelsea... De Barra do Piraí até o Chelsea, foi uma mudança brusca, mas com as mesmas pessoas em um período de cinco anos. Foi muito rápido.»