Ex-árbitro atira as culpas para o VAR na expulsão de Bruno Fernandes

Howard Webb revelou que a equipa de arbitragem lhe admitiu que a sua decisão foi errada, na receção do Manchester United ao Tottenham

Pela primeira vez na sua carreira, Bruno Fernandes viu dois vermelhos consecutivos, o primeiro na receção ao Tottenham (0-3) e o segundo no Estádio do Dragão com o FC Porto para a Liga Europa (3-3). No entanto, a sua primeira expulsão foi revertida, o que permite ao internacional português não ficar de fora dos próximos dois jogos da Premier League, após já ter estado no nulo no terreno do Aston Villa, no qual foi novamente titular.

Howard Webb, antigo árbitro, analisou a situação e admitiu um erro grave da equipa de arbitragem nesse lance, que resultou na derrota dos Red Devils: «Sim, foi um erro. O cartão vermelho foi corretamente anulado no recurso. Ouvimos no áudio que o árbitro assistente veio com a informação de que se tratava, na sua posição, de uma infração passível de cartão vermelho e o árbitro seguiu o seu conselho e deu o vermelho», começou por dizer.

«Quando olhamos para as imagens, vemos que o contacto é alto e que Bruno Fernandes escorrega primeiro e põe o pé para fora para parar Maddison. Não é uma tentativa de agarrar a bola, da posição do árbitro assistente - ele tem uma boa visão, uma boa visão aberta, um ângulo de visão melhor do que o do árbitro -, parece que há pitões a entrar na canela, e se houver seria cartão vermelho, mas é apenas um ligeiro erro de leitura», explicou, antes de falar sobre os áudios do VAR, que foram divulgados na última quinta-feira e que confirmaram aquilo que o árbitro principal, supostamente, viu em campo.

Áudios do VAR

AR: Isso é horrível, é um cartão vermelho para mim. Cartão vermelho, a 100%.

VAR: É um pé alto, não são os pitões. É a altura da canela. É um ato deliberado, ele não fez qualquer tentativa de jogar a bola. O ângulo que começaremos a ver na transmissão não mostra necessariamente que foi com pitões.

AVAR: Há um deslize, mas depois há uma ação que faz contacto com a canela.

VAR: Acho que a decisão é do árbitro.

AVAR: Sim.

VAR: Kav, confirmo a decisão em campo de cartão vermelho, falta grave. Verificação completa.

«Quando o VAR verifica, forma a opinião de que a 'decisão do árbitro' não está claramente errada, porque vê a ação com o contacto elevado, sem tentativa de jogar a bola, com alguma força e, por isso, decide no seu julgamento profissional que a decisão do árbitro não está claramente errada. Penso que é errado. Penso que, por ser com a parte lateral do pé, não há absolutamente nenhum pisão, não há nenhuma entrada do pé no adversário, é mais uma ação de tropeçar. Não há força excessiva, não há perigo para a segurança de Maddison», garantiu, revelando, de seguida, que o próprio VAR já lhe confirmou que a decisão era, de facto, incorreta.

«Quando se tem o benefício de ver isto da forma que podemos ver aqui, pensamos que deveria ter sido uma intervenção. O VAR apoiou a decisão em campo - a decisão do árbitro - e não o deveria ter feito, e deveria ter enviado o árbitro para o ecrã para ver este ângulo. Já falámos sobre isto, falei com o VAR. Ele aceita que a decisão do árbitro neste caso foi claramente errada. Quando ele formou a opinião, não estava nesse limiar. Este foi um erro e a aprendizagem é tirada dele. O mais importante aqui é que o contacto não tem força excessiva e não põe em perigo a segurança do adversário, embora eu compreenda porque é que os árbitros em campo pensaram, em tempo real, que tinha sido», finalizou.