Estreia às mil maravilhas no Castelo dos sonhos (crónica)
Samu marcou o primeiro golo e esteve na génese do segundo (Foto Hugo Delgado/LUSA)

V. Guimarães-NK Celje, 3-1 Estreia às mil maravilhas no Castelo dos sonhos (crónica)

Equipa de Rui Borges resolveu contenda em 62 minutos e técnico até se deu ao luxo de gerir. Segunda parte podia ter redundado em goleada. Samu de régua e esquadro, Kaio César agitado e... perdulário

Estreia quase perfeita (não fosse o 3-1 sofrido já perto do fim...) do Vitória e de uma equipa lusa na Liga Conferência, que redundou num triunfo claríssimo, que traduziu a superioridade vimaranense sobre um desfalcado (apenas seis jogadores no banco) NK Celje e que recolocou a equipa de Rui Borges no caminho dos bons resultados após dois desaires consecutivos que, porém, não abalaram o ADN dos conquistadores.

Para isso muito contribuiu a entrada no jogo com o pé direito, ou melhor, com o pé esquerdo, primeiro o de Samu, que inaugurou o marcador logo aos 7', e, quase meia hora depois, com o de Gustavo Silva, que dilatou aos 36'.

O primeiro golo teve o condão de esconjurar o nervoso miudinho da estreia, associado ao peso da responsabilidade que recaía sobre o Vitória. E foi bela jogada. João Mendes entreou a Kaio César, que, sobre a esquerda, meteu prego a fundo, acionou o turbo e numa diagonal interior levou a bola até à área, serpenteando três adversários para rematar para defesa incompleta de Rozman, que socou a bola para zona proibida e deixou-o à mercê de Samu, que com a canhota fez a bola passar por entre as pernas do capitão dos eslovenos.

Destaques do V. Guimarães: uma nova era da companhia de Silvas

2 outubro 2024, 19:19

Destaques do V. Guimarães: uma nova era da companhia de Silvas

Na época passada, ao lado de Jota Silva e André Silva, Tiago Silva compunha o motor da equipa vitoriana. Neste encontro, o número 10 teve a companhia de Samu Silva e Gustavo Silva para conseguir o primeiro triunfo de sempre de uma equipa portuguesa na Liga Conferência

O Vitória soltou-se das amarras, mas não conseguiu criar mais perigo, nem deixou o NK Celje reagir, resolvendo com facilidade as ameaças no último terço, numa demonstração do controlo defensivo que teve durante quase toda a partida.

Mas foi precisamente depois da primeira ameaça (34') dos eslovenos à baliza de Varela, num remate de Matko que passou ao lado do poste esquerdo, que os vimaranenses aplicaram novo golpe ao adversário, de novo com Samu como protagonista, num lance desenhado a régua e esquadro: passe vertical magistral a rasgar a defesa e a desmarcar sobre a meia direita Bruno Gaspar no interior da área, com este a cruzar rasteiro para o segundo poste, onde apareceu Gustavo Silva a esticar-se e a empurrar com o pé esquerdo a bola para dentro da baliza: 2-0 aos 36'.

A segunda parte reservou muitas mais chances de golo para o Vitória, que não logrou goleada com misto de culpa própria e mérito do NK Celje. Aos 55', Kaio César viu negarem-lhe o golo por duas vezes, com Rozman a desviar remate de pé direito e Matko, em cima da linha de golo, a negar-lhe a recarga com o pé esquerdo, mas o golo da tranquilidade não demorou.

Após canto dos eslovenos, saída rápida do Vitória para o contra-ataque, conduzido por Kaio César e Nélson Oliveira, com o último a ser desarmado na hora do remate, mas com a bola a sobrar para Gustavo Silva, que lhe meteu um lacinho antes de a endossar para Tiago Silva fuzilar com o pé direito baliza escancarada, aos 62'.

O jogo ficou ali resolvido e Rui Borges deu-se depois ao luxo de gerir, mas ainda viu a equipa sofrer o 3-1 perto do final, com muito mérito de Matko.

P. S. - A ditadura televisiva e a ganância uefeira colocaram o Vitória a jogar às 15.30 horas de uma quarta-feira, deixando as bancadas do Dom Afonso Henriques bastante despidas, com apenas 10 mil espectadores, quando o contexto da estreia, num horário decente, facilmente teria contribuído para lotar o estádio. Imperdoável!