Presidente da SAD estorilista, Ignacio Beristain, criticou a decisão de se reatar a partida frente ao Chaves após os tumultos ocorridos; prometeu processar todos os que atacarem a instituição e os seus jogadores e lutará pela despenalização dos atletas expulsos
Perante as ocorrências registadas este domingo, no embate entre Chaves e Estoril, pela 30.ª jornada da Liga, o emblema da Linha de Cascais organizou uma conferência de imprensa com caráter de urgência, na qual esteve presente todo o plantel e staff, liderado pelo presidente da administração, Ignacio Beristain que, ladeado pelo treinador dos canarinhos, Vasco Seabra, e o capitão de equipa, Dani Figueira, não escondeu a sua revolta e saiu em defesa dos seus jogadores.
«Não podemos pedir a estes jogadores que estejam preparados para reagir a ataques de surpresa num relvado, quando estão a 150 pulsações. Essa não deve ser a lição para os jogadores aprenderem, que agora em diante tenham de respirar, treinar como reagir a quando sejam atacados de surpresa», transmitiu o espanhol, único elemento que fez uso da palavra, que levantou algumas questões relativas a situações hipotéticas que poderiam ter acontecido e que atestam a gravidade do episódio ocorrido.
«Faço algumas perguntas: o que teria acontecido se algum desses energúmenos que saltou para o relvado, levasse uma faca? E pergunto: e se tivessem sido mais os jogadores do Estoril a serem agredidos? Teriam de defender-se, em legítima defesa, e teriam sido expulsos, com o Estoril a ficar sem jogadores suficientes para terminar o jogo? O Estoril, então, teria perdido o jogo? E o que teria acontecido se tivessem sido agredidos o árbitro, o delegado da Liga? Deveria ter-se continuado o jogo?», perguntou Beristain.
Equipa canarinha emitiu um comunicado onde repudia o facto de o jogo não ter sido dado por concluído quando os adeptos do Chaves invadiram o campo para agredir os jogadores do Estoril
O presidente estorilista foi mais longe no seu discurso, denunciando que alguns dos jogadores do Estoril estão a ser alvo de ameaças e garantindo que o Estoril instaurará processos a todos aqueles que atacarem a instituição e os atletas que o representam.
«Alguns dos nossos jogadores estão a receber mensagens muito graves. Mensagens essas que já foram expostas (ndr: às autoridades), pois o Estoril não vai permitir mais ataques aos seus jogadores. Vamos tomar ações legais contra qualquer um que ataque os nossos jogadores, venha de onde vier esse ataque. Para o futebol português deixo uma exigência: este episódio não pode voltar a acontecer, precisamos todos de ser muito mais contundentes perante estes atos e não deixar dúvidas sobre quem é o agressor e quem é o agredido», vincou o espanhol.
Presidente da SAD canarinha reage aos incidentes perto do fim do jogo diante do Chaves
Ignacio Beristain exigiu ainda uma tomada de posição clara dos responsáveis que regem o futebol português, com especial enfoque no presidente da Liga, Pedro Proença. «Pedro Proença e o futebol português têm de decidir que posição têm sobre estes episódios e quando e como assumem a sua decisão. Não é só um problema do Estoril, é um episódio muito grave para o futebol português», considerou, incomodado, o líder da SAD do Estoril.
O responsável máximo pelos canarinhos garantiu ainda que a posição manifestada pela sua equipa junto do árbitro da partida, Nuno Almeida, foi sempre a de que «não havia condições para continuar o jogo», perante decisão contrária do juiz, que deu ordem para que a partida fosse reatada.
«As pessoas mais importantes do nosso staff, o mister [Vasco Seabra] e o delegado da nossa equipa transmitiram-no ao árbitro, que não havia condições, estes jogaram estavam em risco ao meterem-se no relvado. Isso foi manifestado, a nossa posição foi manifestada ao árbitro da partida. Evidentemente, ele não fez caso ao que os responsáveis do Estoril manifestaram nesse momento», revelou, desapontado, Ignacio Beristain, que acrescentou ainda que o Estoril tudo fará para obter a despenalização de Marcelo Carné e Pedro Álvaro, ambos expulsos.
«Não houve qualquer provocação da nossa parte. O Estoril ainda terá mais do que simplesmente ter perdido os pontos em Chaves, também podemos perder jogadores importantes para o que resta do campeonato (ndr: além de Carné e Álvaro, também Tiago Araújo foi expulso por protestos após o término da partida). Já planeámos a nossa defesa, pois consideramos que os nossos jogadores, nesse momento de confusão e de pânico, reagiram como reagiram só em legítima defesa», assinalou o líder da SAD do emblema da Linha de Cascais.
Adeptos flavienses entraram dentro de campo para confrontar o guarda-redes adversário, que acabou por ser expulso
Apesar deste tumulto, Ignacio Beristain afirma que tal não retira o foco ao grupo de trabalho relativamente ao que é essencial: a defesa do clube será feita pelos dirigentes e advogados, ao plantel caberá continuar a trabalhar com vista a disputar a próxima jornada, marcada para este domingo.
«Vou partilhar o que falámos há pouco com o grupo de atletas que nos acompanha: consideramos que estamos a fazer o que é o nosso dever pela injustiça que pode haver. Dito isto: estes jogadores estão aqui, e agradeço-lhes, para dar a cara e acompanhamos todos os que sofreram prejuízo no relvado em Chaves, mas já estamos a pensar no Famalicão. Os advogados farão o que têm a fazer e o nosso mister, o capitão e todos os nossos jogadores já estão a treinar e a pensar no próximo jogo», rematou, por fim.