Estará Roger Schmidt diferente?
Roger Schmidt, treinador do Benfica (IMAGO/Marco Canoniero)
Foto: IMAGO

Estará Roger Schmidt diferente?

NACIONAL09.10.202320:26

O treinador do Benfica roda mais ou menos a equipa titular do que na época passada? Dá mais minutos a mais jogadores? Nestes 11 jogos, as diferenças existem, mas não parecem substanciais

Uma das curiosidades sobre o Benfica desta época é perceber se Roger Schmidt irá rodar mais os jogadores da equipa titular, pois foi criticado algumas vezes por não o fazer na temporada passada, no final da qual, é importante recordar, conquistou o título nacional; e chegou aos quartos de final da Champions. 

Não é uma obrigação estar sempre a rodar jogadores no onze. Isto é futebol profissional e precisamos de ganhar jogos. É só isso que importa no Benfica

Esta época, o plantel tem mais alternativas de valor aproximado (entraram Ángel Di María, Arthur Cabral, Kokçu, Jurásek e Trubin) e o convite à rotatividade parece mais atrativo. 

Os dois jogos mais recentes do Benfica deixam, efetivamente, a ideia de que o treinador está a mexer mais na estrutura da equipa titular. Frente aos italianos do Inter, em Milão (0-1), no onze titular estiveram Trubin; Bah, Otamendi, Morato e Bernat; Kokçu e João Neves; Di María, Aursnes e Neres; Rafa. No jogo seguinte, no Estoril (0-1), para a Liga, Roger Schmidt fez 6 alterações — saíram Bah, Di María, Kokçu, Morato, João Neves e Bernat; entraram António Silva, Jurásek, Chiquinho, Florentino, João Mário e Casper Tengestedt. Mas é preciso perceber que três alterações foram forçadas devido a lesões — as de Di María, Bah e Kokçu, e que António Silva voltou depois de cumprir castigo. 

Schmidt mudou 6 jogadores no onze para o Estoril, mas não é inédito desde que comanda o Benfica

Recordando o que se passou na temporada passada, nos 11 primeiros jogos oficiais, Roger Schmidt nunca mudou tanto, é verdade. Em média, o treinador troca agora dois titulares de jogo para jogo, quando em 2022/2023, em igual período de jogos, o técnico fez apenas uma troca na maioria das partidas. O maior ponto de diferença esteve agora na última jornada do campeonato, frente ao Estoril, em que foram 6 as alterações no onze, mas há condicionantes relacionadas com as lesões — como já enumerámos — e, diga-se, a meia-dúzia de trocas também não representam novidade na carreira de Schmidt no Benfica. Da jornada 13 da época passada em casa com o Gil Vicente (3-1), para o jogo seguinte, fora, com o E. Amadora da Taça da Liga (3-2), o treinador mudou 6 caras no onze titular. Nesse desafio, as novidades foram Gilberto, John Brooks, João Victor, Chiquinho, Diogo Gonçalves e Musa. E já antes, do duelo com o PSG em casa para a Champions (1-1) para o jogo na Luz, da jornada 9, com o Rio Ave (4-2), e do 1-1 de Paris para o 1-1 nas Caldas da Rainha para a Taça de Portugal (5-3 nos penáltis), Schmidt tinha alterado 5 unidades no onze.

Portanto, há mais rotatividade sim senhor, Roger Schmidt tem aproveitado o acréscimo de opções que lhe foi dado pela SAD, mas será excessivo concluir que não existe um núcleo duro ou uma equipa-tipo como existia, talvez e forma mais clara, no ano passado. De qualquer forma, esta não é uma questão que preocupe o treinador. «Todos os jogadores têm a mesma oportunidade de jogar. Não faço distinções entre nenhum jogador. Os melhores jogam. E quem joga bem e tem sucesso tem mais hipóteses de continuar a jogar. Quando não se está no onze inicial, é preciso paciência. Tem de se estar muito bem nos treinos, e quando se entra há que aproveitar esses minutos. Vejam o João Neves, o Chiquinho, o Aursnes e o Bah no início. Vários jogadores aproveitaram os momentos que tiveram. Não é uma obrigação estar sempre a rodar jogadores no onze. Isto é futebol profissional e precisamos de ganhar jogos. É só isso que importa no Benfica», disse Schmidt, já esta temporada.

Esta época foram dados minutos a 27 jogadores nos primeiros 11 jogos, na passada jogaram 24 em igual número de desafios

Outro dado que sustenta a coerência do alemão é a utilização dos jogadores. Nestes 11 desafios já disputados, foram dados minutos de competição a 27 jogadores, na época passada, nesta mesma fase, tinham sido lançados em campo 24. Por curiosidade, registe-se que ao 11.º jogo da época passada dois dos mais utilizados do plantel, os médios Enzo Fernández e Florentino, somavam, respetivamente, 961 e 831 minutos de competição; esta época, Aursnes, Otamendi e Rafa já ultrapassaram a barreira dos 950 minutos; todos os outros ainda não atingiram os 800 minutos de competição.

Lesões têm marcado início de 2023/2024.

 Questão também relevante, e que talvez ajude a explicar alguma inconstância em lugares importantes da equipa e nos quais será menos aconselhável mexer muito: as lesões. Este arranque de época no Benfica tem também ficado marcado por vários problemas que têm atrasado o desenvolvimento das dinâmicas da equipa. Jurásek veio e lesionou-se, Bernat chegou com problemas físicos, Bah há pelo menos três jogos que os aborda fragilizado, Neres (como na época passada) arrancou com lmitações (explicou várias vezes Roger Schmidt), e esta é a segunda vez que Di María pára por lesão.