ENTREVISTA JOÃO AROSO: Elogios em barda a Abel Ferreira e Trincão a correr para... trás
Aroso trabalhou com o atual técnico do Palmeiras no Sporting e no SC Braga; também orientou o extremo esquerdino no emblema minhoto e, nessa altura, potenciou-o a... defender
João Aroso e Abel Ferreira cruzaram-se pela primeira vez no Sporting. Ainda o antigo lateral-direito era… jogador. Depois disso, e já quando Abel tinha enveredado pela carreira de treinador, ambos trabalharam juntos em Braga: Abel na equipa principal, Aroso na equipa B.
O sucesso atual do técnico do Palmeiras não surpreende e João Aroso confessa que continua a manter contacto com o ‘brasileiro’. «Mantenho uma boa relação com ele. Não falamos regularmente, sobretudo pelo trabalho que ele tem atualmente e que é extremamente absorvente, mas mantemos a comunicação, sim. Sucesso? Pela exigência do campeonato brasileiro, diria que é surpreendente o sucesso que ele tem tido e com a regularidade que é conhecida. Algo que, no fundo, é demonstrativo da sua qualidade, bem como da restante equipa técnica. Realço a qualidade na preparação estratégica do jogo e também a forma como gere e consegue influenciar o grupo de trabalho para seguir o caminho que ele pretende», justifica.
E perante os factos, Aroso prevê que Abel pode treinar em qualquer parte do globo: «Será o que ele entender. Seguramente que convites não faltarão. Acho que o Abel está preparado para chegar a qualquer contexto. A dificuldade e competitividade do campeonato brasileiro dão-lhe essa bagagem.»
Vídeos para Trincão
Nos tempos passados em Braga, João Aroso também lidou de perto com Francisco Trincão, jogador que deu o salto para o Barcelona e que hoje é uma das estrelas do Sporting. Mas o esquerdino teve de ser… trabalhado.
«Na altura do SC Braga B, o Trincão já era um jogador bastante virtuoso, como continua a ser. Mas era pouco participativo nas tarefas defensivas. Um dia, chamei-o e mostrei-lhe uns vídeos dele, uns positivos e outros negativos, dizendo-lhe que se fizesse como estava na parte positiva, jogaria devido à sua qualidade. Ao invés, se fosse como estava a fazer mal, não jogava», conta João Aroso, que relata também o que se sucedeu:
«Entretanto, fizemos um jogo de treino com a equipa A, treinada pelo Abel, e ele disse-me que já conhecia o Trincão, que já sabia o que ele era capaz de fazer com bola, mas sem bola nunca o tinha visto assim. Eu perguntei ao Abel se podia confidenciar isso ao Trincão, para o estimular, e o Abel autorizou. Quando contei a história ao Trincão, e apesar de ele não ser muito expressivo, percebeu que era o reflexo do trabalho que tinha vindo a fazer e que lhe tinha permitido esse crescimento nesse momento do jogo.»