«É quase certo que serei candidato a presidente da FPF»
Entrevista A BOLA ao presidente da Associação de Futebol de Lisboa, Nuno Lobo - parte 1
Aos 46 anos, e a terminar o último mandato à frente da AF Lisboa, Nuno Lobo está a preparar o anúncio da candidatura à presidência da FPF, de onde Fernando Gomes vai sair. Num depoimento desassombrado, assume que, como vê em Pedro Proença um homem de honra e palavra, não acredita que seja seu adversário na corrida à Cidade do Futebol, uma vez que se comprometeu com os clubes há menos de um ano…
— O seu nome tem sido apontado muitas vezes como mais que provável candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Pergunto-lhe, muito claramente, se já está, neste momento, em condições de confirmar essa candidatura?
— Muito bem, queria antes de mais agradecer o convite para estar nesta conversa com, permita-me a expressão, dois senadores do jornalismo, e é com todo gosto que volto à A Bola TV, depois de ter estado aqui, na Quinta da Bola, na altura da reedição da Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa (AFL). Quero cumprimentar o diretor — para mim o Vítor Serpa será sempre o diretor de A Bola — e o José Manuel Delgado, e dar os parabéns pela nova estruturação, de A Bola e de A Bola TV, e por estas excelentes instalações que hoje tenho o privilégio e a honra de conhecer. O Vítor Serpa e José Manuel Delgado já me conhecem, e sabem que não tenho por hábito fugir, nem responder de forma politicamente correta àquilo que me perguntam, e a verdade é que estou no fim dos meus três mandatos na AFL, atingindo o limite — aliás sempre preconizei esta limitação de mandatos, colocada na lei em 2010 — e o que está a acontecer neste momento é que me encontro a seis, sete meses do fim do mandato, e estou naquela fase em que tenho feito alguns contactos, mais formais ou mais informais, uns que se têm tornado públicos, outros não, num périplo sobretudo por aquilo que é o por aquilo que é o colégio eleitoral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), nas Associações Distritais, nos clubes, nas associações de classe, no sentido de fazer uma avaliação daquilo que poderá ser a minha decisão final.
— E o que está a resultar dessa auscultação?
— Neste momento, à presente data, ainda não é o tempo da decisão final, que estará, porventura, para muito breve. Mas posso dizer aqui, ao Vítor Serpa e ao José Manuel Delgado, que as probabilidades de ser candidato a presidente da Federação são muito grandes. Diria, mais concretamente, que é quase certo que serei candidato a presidente da FPF no próximo ato eleitoral, que se realizará entre o fim do ano e princípio de janeiro de 2025. Apenas faltam alguns pequenos pormenores, pessoais, profissionais e politico-desportivos, mas, quase com toda a certeza, apresentarei a candidatura muito em breve.
— De uma maneira geral, até no que diz respeito ao timing, a conjuntura é-lhe favorável…
— Sim, é essa a leitura que tenho feito ao longo dos últimos meses, sem nunca esquecer que sou presidente da AFL e cumprirei o meu mandato até ao fim. Esse é o desígnio que tenho com os meus clubes, não abdicarei de nenhum tempo na minha Associação para um projeto eleitoral, e cumprirei o meu mandato até ao último minuto. Porém, o que tem decorrido do conjunto de contactos públicos e privados que tenho mantido, legitima-me a dizer, com muito prazer e orgulho, que tenho um conjunto de apoios que me permitem, primeiro ir a votos; segundo disputar uma eleição; e terceiro ganhar essa eleição.
O papel de Luís Figo
Um dos contactos públicos que teve, e que foi muito mediatizado, aconteceu num almoço em Madrid com o Luís Figo, não sendo difícil deduzir que terá no antigo Bola de Ouro um parceiro nesta sua candidatura à presidência da FPF. Em que termos poderá materializar-se esse apoio?
— Tenho tido, ao longo dos últimos meses, um conjunto de intensos contactos, presenciais e telefónicos, com o Luís Figo, de quem sou amigo. O almoço que referiu, em Madrid, teve mais publicidade porque houve imagens desse momento. Se a minha decisão final for a de avançar para a FPF, nem eu, nem o futebol português, podemos prescindir de um valor como o Luís Figo, que foi capitão da nossa seleção durante muitos anos [127 vezes internacional A], foi um dos ídolos da minha geração, tenho 46 anos, e é alguém com um trajeto pessoal, profissional e institucional reconhecido, estando neste momento na UEFA. O Luís Figo tem de ser uma mais-valia para o futebol português.
— Integrando a sua lista?
— Integrando ou não integrando. O Luís pode, eventualmente, dar um apoio muito significativo ao futebol português em termos internacionais, sendo uma das caras da FPF na UEFA ou FIFA, enfim, pode ser aquilo que pretender…
— Uma espécie de ministro dos Negócios Estrangeiros?
— Porventura. Mas não está, neste momento, com toda a sinceridade, encerrada aquela que será a posição formal do Luís Figo neste projeto, se eu, efetivamente, como disse, decidir avançar, embora estejamos perante um embaixador de excelência do futebol português.