Duarte Gomes analisa arbitragem do Sporting-Chaves
Especialista de A BOLA diz que Manuel Oliveira foi «salvo pela competência do VAR»
Manuel Oliveira, árbitro da AF Porto, viajou até Lisboa para dirigir o Sporting-Chaves, que se jogou em Alvalade.
O portuense foi auxiliado à distância por Rui Costa, que desempenhou a função de vídeo árbitro.
O dia de hoje foi apenas mais um em que a importância da vídeo arbitragem no futebol não deve nem pode nunca ser colocada em causa.
Por muitos erros (por ação ou omissão) que ainda se cometam com a tecnologia - repito, há que selecionar os melhores para a função e não apenas premiar os despromovidos -, a verdade é que a esmagadora maioria das intervenções são adequadas e anulam decisões erradas tomadas em campo.
Neste jogo Rui Costa salvou literalmente Manuel Oliveira de três decisões erradas em lances muito relevantes. Fê-lo em menos de 45 minutos, dando ao jogo a verdade e justiça que merecia.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
2' Falta fora da área de Gonçalo Inácio sobre Jô Batista. O árbitro teve opinião diferente, mas ficou por assinalar pontapé-livre direto favorável ao GD Chaves.
13' Manuel Oliveira pode ter entendido que houve falta passível de pontapé de penálti no primeiro momento (toque de Vasco Fernandes no braço direito de Francisco Trincão) ou no segundo (quando Nogueira fez carrinho deslizante sobre o avançado). Quanto a nós, em nenhum houve infração dos defesas, por isso a decisão final - a anulação do castigo máximo - foi acertada. A intervenção do VAR não se justificava na primeira ação (por ser interpretativa/subjetiva), mas era "obrigatória" na segunda (por ser muito claro que o tacle do central foi legal). Terá sido essa a justificação para a revisão, após conversa com o árbitro da partida.
19' Cruzamento da esquerda de Morita foi intercetado pelo braço direito de Guima, que saíu da zona natural do corpo para desviar o esférico de forma irregular. Este é um daqueles lances que muito dificilmente poderia ser visto em campo. Nova intervenção correta do VAR, a propor a revisão da jogada. Pontapé de penálti bem assinalado.
30' Jô Batista, ao proteger a posse de bola, tocou com o braço direito no rosto de Coates, que encostou para disputar o lance com ele. Infração imprudente, apenas isso.
45+1' Golo bem anulado a Gyokeres (que pareceu estar em posição irregular não assinalada), com mérito exclusivo do VAR: no início da jogada, Coates cometeu mesmo falta clara (derrubou Jô à frente do árbitro assistente) junto à sua área. A revisão da jogada deu justiça e verdade ao lance.
45+6' Cartão vermelho bem exibido a Júnior Pius: o nigeriano, após provocado por Hjulmand (foi bem advertido), atingiu o adversário com uma cotovelada na zona do pescoço. Este tipo de infrações estão tipificadas como conduta violenta.
48' Ricardo Esgaio impediu de forma antidesportiva a progressão de João Correia. O árbitro esteve bem ao exibir-lhe o cartão amarelo.
50' Jô cabeceou a bola contra as pernas de Esgaio. Alguns jogadores ainda esboçaram pedido de penálti, mas sem razão. Lance bem avaliado na área do Sporting.
52' Falta clara, por sancionar, de Coates sobre Jô Batista. O árbitro errou ao não sancionar a obstrução com contacto que deixou o brasileiro momentanemente lesionado. A infração cortou saída prometedora dos flavienses e devia ter valido advertência para o uruguaio.
55' Quando Nuno Santos cruzou da esquerda (no lance que resultou na finalização bem sucedida de Paulinho), a bola não tinha ultrapassado por completo a linha de baliza adversária. Lance bem validado pela equipa de arbitragem.
79' Novo erro de Manuel Oliveira, ao voltar a perdoar advertência a Coates, desta vez na sequência de entrada fora de tempo e negligente (pisão no pé direito) sobre Jô Batista.
82' Sylla derrubou Trincão com alguma negligência e foi advertido com justiça.
Nota: 6