Duarte Gomes analisa arbitragem do Portugal-Suécia
Ricardo de Burgos apitou jogo entre Portugal e Suécia (IMAGO)

Duarte Gomes analisa arbitragem do Portugal-Suécia

NACIONAL22.03.202400:15

Excesso de bondade disciplinar do árbitro espanhol na partida que decorreu em Guimarães

Ricardo Burgos dirigiu o particular de ontem entre Portugal e Suécia. O também espanhol José Luís Monera foi o VAR. 
O espírito subjacente a estes jogos é diferente e isso reflete-se na forma como os jogadores disputam cada lance. Também os árbitros tendem a abordar os contactos de forma mais simpática, desde que não existam excessos. O problema é que essa boa-vontade (que eu próprio pratiquei em idênticas circunstâncias) pode muitas vezes trair a intenção, revelando-se uma espécie de bar aberto a entradas duras ou a conflitos entre jogadores. Felizmente isso não aconteceu ontem, muito por força do resultado esclarecedor. Ainda assim, é importante sublinhar que meia dúzia de lances beneficiaram de enorme amplitude disciplinar.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:

14' João Palhinha, pressionado por Viktor Gyokeres, tocou na bola, chocando de seguida com Rui Patrício. Ambos ficaram momentanemente lesionados, sem que o avançado sueco tivesse cometido qualquer infração.

16' Rafael Leão não sofreu falta de Isak Hien quando se preparava para entrar na área da Suécia. O central tinha a frente ganha e usou o corpo (de forma legal) para proteger a posse de bola.

23' Prova do caráter "amistoso" desta partida foi a não advertência a Nuno Mendes, após agarrar e travar ostensivamente a progressão de Kulusevski. O cartão amarelo, num jogo oficial, seria obrigatório nesta infração. É justo presumir também que, nesse contexto, o lateral não atuaria deste modo.

24' Golo legal de Portugal, marcado por Rafael Leão, na recarga a uma bola devolvida pelo poste direito da baliza de Olsen. Tudo certo.

27' Bruno Fernandes tocou, em falta, nos pés de Kulusevski, derrubando o adversário perto da área portuguesa. O pontapé-livre direto foi bem assinalado pelo árbitro espanhol.

40' Rúben Dias, na marcação a Gyokeres, tocou no adversário sem ter feito o suficiente para infringir. A queda do avançado sueco foi algo facilitada. Lance bem analisado na área portuguesa.

40' Também Matheus Nunes só não foi advertido (após derrubar Elanga de forma antidesportiva) porque o encontro do D. Afonso Henriques foi amigável. 

48' Matheus Nunes ficou com novo crédito disciplinar, depois de abordagem claramente antidesportiva a disputa de lance com Isak Hien. O contacto (ombro no rosto do adversário) foi deliberado e desnecessário.

57' Foi legal o quarto golo da seleção portuguesa: no momento da assistência de Bruno Fernandes, Bruma estava ligeiramente atrás da linha da bola.

58' Também aqui foi bem analisado o (não) fora de jogo que resultou no primeiro golo da Suécia: quando Emil Holm cruzou da direita, Gyokeres estava atrás da linha da bola.

66' Palhinha e Svanberg chocaram de cabeça, ficando o médio sueco visivelmente lesionado. O árbitro espanhol ainda demorou uns segundos até interromper a partida, mas não devia. Nestes casos mais "evidentes", o mais importante é a saúde física dos atletas,  sobretudo em zona tão sensível como aquela.

74' A entrada de João Palhinha foi demasiado negligente (a roçar até a força excessiva), mesmo num espírito do "vale tudo". Este é o tal problema do facilitismo. Todos gostam até alguém não gostar (ou lesionar-se a sério). Por alguma razão são nomeados árbitros oficialmente. 

75' Quando Isak Hien colocou o braço esquerdo em Jota Silva, ambos estavam fora da área sueca. Nestes casos, de faltas continuadas, a alegada infração seria para sancionar no início da ação. No entanto, a forma de cair do avançado português denunciou o óbvio: o contacto não foi suficiente para determinar aquela consequência. Lance bem analisado pela equipa de arbitragem.

90' Gustaf Nilsson estava em posição legal quando Kulusevski cruzou da esquerda. Rúben Dias estava a legitimar a posição do avançado sueco. Golo bem validado.

Nota - 5