Duarte Gomes analisa arbitragem do Farense-Sporting
Especialista considera negativo o trabalho de Luís Godinho
Luís Godinho deslocou-se ao Algarve para dirigir o Farense-Sporting CP no São Luís. O internacional eborense é muito bom árbitro. Já o provou dezenas de vezes. Tem personalidade forte, é seguro, firme e corajoso. No entanto, não teve uma noite feliz, sobretudo no que diz respeito ao processo de decisão e em momentos decisivos. Acontece aos melhores (e ele é um dos melhores).
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do jogo:
19' Lance de análise subjetiva, que para nós só foi bem avaliado em termos técnicos: Gonçalo Silva desviou a bola com a mão esquerda, impedindo que esta seguisse na direção da baliza do Farense. Pontapé de penálti indiscutível e bem assinalado. O problema relacionou-se com a expulsão do defesa algarvio. Nestas situações - as de remates à baliza, travados ilegalmente com mãos/braços - só deve ser exibido o cartão vermelho se o árbitro entender que o guarda-redes não tinha qualquer possibilidade de defender a bola. Se houver essa possibilidade (e ontem houve, porque Ricardo Velho estava logo atrás e voou na direção certa), o árbitro nem cartão amarelo deve mostrar. A advertência só acontecerá quando a infração for ostensiva/deliberada, por manifesto comportamento antidesportivo. Em suma: decisão técnica correta, decisão disciplinar errada.
Nota: no início da jogada, Fabrício Isidoro tocou a bola para a esquerda e projetou a perna para a direita, promovendo contacto evidente com Gonçalo Inácio. O central do Sporting abordou o lance de forma legal, intercetando a bola. Momento bem avaliado pelo árbitro da partida.
36' Hjulmand foi bem advertido após empurrar Fabrício Isidoro a dois tempos, sendo que a carga final, já muito perto da sua área e sem possibilidade de jogar a bola, foi notoriamente antidesportiva. Esteve bem o árbitro ao exibir-lhe o cartão amarelo e a assinalar o pontapé-livre direto que resultou no golo do Farense.
42' Erro relevante de Godinho, perante lance que não deixou grandes dúvidas: Hjulmand saltou de longe, por trás e com a sola da bota em riste, atingindo a perna/gémeo esquerdo de Fabrício Isodoro. A infração foi claramente negligente e justificava segundo cartão amarelo e consequente vermelho. O VAR não podia intervir nesta situação.
53' Novo lance subjetivo, que pode levar a diferentes interpretações. A nossa é que Nuno Santos fez um movimento totalmente legal e permitido pelas leis de jogo (pontapé de bicicleta), sem colocar em perigo os adversários. No exato momento em que efetuou o gesto técnico, não estava ninguém próximo dele ou a tentar disputar a bola. Não houve perigo para quem quer que fosse. Só depois de já ter desviado a bola e estar no movimento descendente/inevitável do seu gesto é que surgiu Fabrício Isidoro para a disputa. O avançado colocou-se literalmente na zona onde o contacto seria inevitável. Pontapé-livre direto mal assinalado (resultou em golo do Farense) e cartão amarelo mal exibido ao avançado do Sporting.
63' Mattheus Oliveira não fez falta sobre Marcus Edwards, ganhando o lance de forma legal. O árbitro errou ao assinalá-la. Na sequência, o jogador excedeu-se nos protestos e foi bem advertido, tal como um elemento do banco técnico dos algarvios.
71' Remate na queima de Paulinho foi à anca (e não braço) de Artur Jorge. Lance bem analisado na área do Farense.
84' Mattheus Oliveira foi pisado no pé por entrada negligente de Daniel Bragança. Amarelo bem exibido.
87' Em campo, era quase impossível não assinalar pontapé de penálti. A velocidade da jogada, a evidência do contacto e o realismo da queda não deram outra hipótese a Godinho. Mas em sala, com imagens e ângulos diferenciados, foi notório que o contacto entre Marcus Edwards e Zé Luís foi promovido e provocado pelo avançado inglês. Edwards arrastou o pé direito até bater na perna do adversário. Erro importante, com impacto no resultado final.
Nota 3 - Trabalho negativo da equipa de arbitragem