Duarte Gomes analisa a arbitragem do V. Guimarães-Sporting
Jogo muito difícil de arbitrar
João Pinheiro fez curta viagem até Guimarães para dirigir o Vitória SC/ Sporting CP, que se jogou no D. Afonso Henriques.
O árbitro bracarense recebeu o apoio, à distância, de Hugo Miguel (desempenhou a função de vídeo árbitro).
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
3' Jota Silva surgiu isolado à esquerda, partindo de posição legal. Esteve bem o árbitro assistente ao validar o lance.
5' João Pinheiro "geriu" sem cartão lance que devia ter valido o primeiro amarelo do jogo, no caso para Borevkovic. O central croata agarrou ostensivamente a camisola de Gyokeres, impedindo-o de entrar com perigo na área do Vitória SC.
7' Diomande usou o corpo para desviar André Silva. Fê-lo com risco altíssimo, em contacto que podia ter sido interpretado de forma diferente. O central do Sporting encostou no adversário de forma lateral (mas não só), aceitando-se no limite que o tenha feito dentro daquilo que "o futebol espera".
11' Ricardo Esgaio derrubou Jota Silva, rasteirando-o por trás, sem bola disputável e de forma negligente. O árbitro manteve a amplitude do critério, mas também aqui a infração justificava advertência. Louve-se a coerência na análise disciplinar de ambos os lances.
17' João Mendes, ao passar por Esgaio, foi agarrado pelo lateral, ficando impedido de prosseguir saída prometedora. Viu com justiça o cartão amarelo.
19' Jota Silva desistiu de saída rápida à direita, deixando transparecer que tinha sido puxado por Gonçalo Inácio. Não foi. Esteve bem João Pinheiro ao nada assinalar.
27' Apesar da forte contestação do banco técnico do Vitória (uma constante ao longo de grande parte do jogo), Mangas foi bem advertido depois de atingir, com o braço direito e de forma antidesportiva, o rosto de Geny Catamo.
42' Morita colocou as mãos nas costas de Miguel Maga, mas todo o desenho do lance indiciou que não o fez de forma irregular (carga ostensiva ou empurrão claro). Na nossa opinião, esteve bem a equipa de arbitragem ao validar o golo de Gonçalo Inácio.
45+1' Bem o árbitro assistente ao anular golo marcado por Pedro Gonçalves: o avançado do Sporting estava em fora de jogo quando Marcus Edwards fez a assistência. Decisão correta, confirmada pela vídeo tecnologia.
45+3' Adán saiu à bola de joelhos e de forma visivelmente ponderada, demonstrando que não queria infringir. Na verdade, não o fez. Ricardo Mangas iniciou a queda quando tocou na bola e bem antes de contacto (joelho do GR no seu pé esquerdo), que existiu. Em lance subjetivo - o fumo no estádio afetou a qualidade das imagens -, entendemos que o pontapé de penálti foi mal assinalado e que o mais certo é que o jogador do Vitória tenha procurado ludibriar o árbitro. A ter sido assim, teria que ver o segundo cartão amarelo e consequente vermelho.
73' João Mendes rematou para defesa apertada de Adán, estando em posição legal quando Jota cruzou da direita. Na sequência, André Silva marcou, beneficiando de ressalto na defesa adversária. No momento do remate, João Mendes estava em fora de jogo posicional mas não tocou na bola nem interferiu na ação defensiva dos adversários. Foi bem validado o golo do Vitória SC.
77' Quando Pedro Gonçalves colocou a bola na esquerda, Nuno Santos estava atrás do penúltimo adversário (logo, em posição regular). Foi bem validado o golo do empate.
80' Golo legal do Vitória SC, sem fora de jogo em nenhuma fase do lance.
90+3' Final de jogo feio, com momentos que o futebol dispensa. Há emoções e há irracionalidade. Não se pode usar sistematicamente usar o argumento do primeiro para justificar o que tantas vezes é o segundo.
90+7' O Sporting "pediu" penálti por duas vezes, mas sem razão: não houve carga irregular sobre Nuno Santos e depois não houve braço irregular do defesa vitoriano na sua área. Bem João Pinheiro nas duas ocasiões.