Destaques do Sporting: um rolo compressor mascarado de futebolista
Mais uma nova prova do fenómeno Gyokeres: é cada vez mais difícil pará-lo; Marcus Edwards tornou-se mais letal quando passou para zona de maior criação; consistência de Morita
O melhor em campo: Gyokeres (nota 8)
8Estava em dúvida para o jogo por umas queixas no joelho e é caso para dizer: e se não estivesse? O sueco voltou a ser o rolo compressor do costume, primeiro numa ação de desgaste frente a uma defesa muito recuada (teve um golo anulado por 23 cm) e depois para colher os frutos, marcando o 2-1 e o 3-1 com uma facilidade pouco vista nos relvados portugueses, não tanto pela eficácia de execução mas fundamentalmente pela diferença física abissal relativamente aos adversários. É uma fonte de potência digna de um herói de banda desenhada, uma espécie de Obélix dos tempos modernos: muito fit, mas pronto para despachar os gauleses. Ou os galos.
5 Adán — Noite tranquila no que a trabalho entre os postes diz respeito, embora isso não se tivesse traduzido em baliza inviolada, mas nada podia fazer no golo do Gil Vicente.
6 Diomande — Ganhar é sempre bom, ganhar em dia de aniversário ainda melhor. Na noite em que o leão regressou à liderança isolada na Liga, contou com a segurança do jovem central costa-marfinense.
6 Coates — Noite histórica, ao tornar-se no futebolista estrangeiro com mais jogos pelo clube. Um marco histórico construído com nova exibição personalizada, vencendo muitos lances na leitura prévia dos acontecimentos.
5 Gonçalo Inácio — Menos interventivo que o habitual na construção, um dos pontos fortes do internacional português. Sem comprometer na defesa, saiu ao intervalo e a linha defensiva ganhou maior agressividade.
5 Ricardo Esgaio — Duas subidas produziram outros tantos cruzamentos rasteiros que levaram perigo à grande área do Gil Vicente, mas num jogo destes exigia-se mais volume de jogo ofensivo. Ficou nos balneários ao intervalo.
6 Hjulmand — Primeira parte amorfa, sem muito critério no passe longo e pouco assertivo no desarme. Regressou do intervalo transformado: muito mais focado, agressivo no processo defensivo, jogando mais curto e na única vez que colocou uma bola à distância foi para Gyokeres fazer o 2-1. Foi, como se diz na gíria, um jogador com alma.
6 Morita — Partida muito consistente do japonês, que teve alguns duelos interessantes com o compatriota Fujimoto. Sem oscilações no ritmo, jogando de cabeça erguida, beneficiou da subida de rendimento de Hjulmand porque teve ainda mais espaço para fazer o que bem sabe: distribuir jogo à base de poucos toques.
6 Nuno Santos — Foi dele o remate de ressaca da pé direito que viria a sofrer o desvio de Pedro Tiba para o golo do empate do Sporting. Um prémio para um jogador de quem nunca se pode apontar o dedo quanto à falta de iniciativa. Para azar dele, no entanto, foi poucas vezes convidado a dar profundidade pelo seu flanco. Saiu ao intervalo.
7 Edwards — Manteve durante todo o jogo aquela ginga que se cola à pele como a bola ao seu pé esquerdo. Nunca se sabe para onde ele vai e quando o inglês decide sair do flanco e jogar numa zona mais central e com mais espaço, maior é o raio de imprevisibilidade. A entrada de Catamo empurrou-o para a zona de criação pura e dali foram dadas algumas pinceladas de artista, entregando várias bolas de golo a Gyokeres.
6 Pedro Gonçalves — Não vive o momento mais exuberante da época, mas mesmo quando está longe do pico de motivação é um jogador que não sabe jogar mal. Este é o maior elogio que se lhe pode fazer. Porque a relação com a bola é a mesma e isso nunca se perde. Ainda esteve perto do golo (45+1) e fez uma assistência para um golo invalidado a Gyokeres.
5 St. Juste — Entrou bem no jogo. Com ele a linha defensiva leonina jogou um pouco mais subida e o central ganhou muitas bolas em antecipação. Mas uma nova lesão atirou-o para fora do jogo, 22 minutos depois de entrar. É um caso de estudo.
6 Catamo — Acrescentou maior profundidade e atrevimento ao corredor direito. Sente-se confortável no um para um e isso causa desconforto em qualquer defesa. Ao preocupar-se com o moçambicano, a defesa do Gil Vivente abriu brechas no resto do setor.
6 Matheus Reis — Ordens para se conter do ponto de vista ofensivo, intransponível na missão principal: tapar o corredor e deixar Pedro Gonçalves solto na frente.
5 Eduardo Quaresma — Entrada a frio de um suplente para substituir outro suplente (St. Juste), mas sem nada comprometer.
- Paulinho — Ainda tentou o golo, fora da área.