FC Porto-Olympiakos, 0-1 Destaques do FC Porto: um homem numa equipa de meninos

NACIONAL23.01.202521:37

Gonçalo Borges prometeu e cumpriu após a partida perdida em Barcelos para o Gil Vicente. Poucos se salvaram num naufrágio coletivo

A Figura: Gonçalo Borges (6)

Ainda no relvado, consumado o desaire com o Gil Vicente, o extremo prometeu reação forte. «Nestes momentos pedem-se homens e é isso que vão ver daqui para a frente», disse, então, e esta quinta-feira deu o exemplo. Quando justificaria a titularidade, na posição que Pepê ocupou no lado direito do ataque, entrou para o lugar do brasileiro (59’) e logo mostrou ao que vinha com cruzamento venenoso que Tzolakis deixou escapar. Alegre, sem medo de assumir riscos, entusiasmou os adeptos em lance individual (62’) que não teve seguimento. No ocaso do jogo, cruzou para Gul que amorteceu para Fábio Vieira obrigar Tzolakis a esmerar-se. Numa equipa de meninos, cumpriu a promessa e mostrou que temos homem.

Diogo Costa (5) - A ideia de jogo de Martín Anselmi, novo técnico dos azuis e brancos, privilegia a saída a jogar a partir do guarda-redes e no final da tarde desta quinta-feira, no Dragão, voltou a constatar-se que o internacional português é especialista na matéria (apenas um passe curto mal medido, sem efeitos nefastos). De fora da área, Mouzakitis foi o único a testá-lo na primeira parte (42’), defesa vistosa a voar para a esquerda e a segurar a bola. Na segunda, intercetou cruzamento venenoso de Velde (65’) e no golo de El Kaabi não teve culpa.

João Mário (4) - Inseguro a defender, inconsequente a atacar, mais um jogo para esquecer do lateral-direito. Uma jogada na metade inicial (16’) ilustra na perfeição o momento de forma de um jogador a quem nada resulta bem – saiu em contra-ataque com excelente finta que lhe deu vantagem e metros para correr sem oposição, mas, depois, entregou a bola a um adversário sem explicação.

Nehuén Pérez (4) - Que passou pela cabeça do central na abordagem ao lance do golo? Zé Pedro estava a vigiar Mouzakitis, após ter recuperado a posição, quando o argentino tocou na bola sem conseguir ficar com ela ou afastá-la para longe. Agradeceu o jogador grego para assistir El Kaabi enquanto os dois portistas assistiam a tudo em momento verdadeiramente caricato. De resto, o ex-Udinese esteve perto de faturar, aos 41’, desvio de peito na pequena área salvo por Tzolakis. Ainda se destacou com dois grandes cortes (68’ e 71’), a travar El Kaabi.

Tiago Djaló (4) - De novo aposta a titular, no lugar de Otávio, estatuto que lhe escapava desde 24 de outubro, num 2-0 ao Hoffenheim, no Dragão. De peito feito, galgou terreno em duas ocasiões, do eixo defensivo até quase à área do Olympiakos, iniciativas tão vistosas como estéreis.

Francisco Moura (4) - Uma sombra do jogador que encantou assim que trocou o Famalicão pelo FC Porto, senhor de cinco assistências, a última a 10 de novembro, na Luz. Nota-se que perdeu confiança, hesita no cruzamento, às vezes com vista desafogada para a área.

Alan Varela (5) - Em condições normais, o médio argentino teria de ser indiscutível no onze, algo que só numa ocasião aconteceu desde meados de dezembro. Ainda não apresentou a melhor versão, mas já deu um ar da sua graça em desarmes seguidos de passes com critério.

Nico González (5) - Dele espera-se sempre um toque diferente, um rasgo de inspiração que contagie e ilumine a equipa. Não se escondeu do jogo, uma vantagem sobre alguns companheiros.

Pepê (3) - Com alguma surpresa, após mensagem nas redes sociais que lhe valeu processo disciplinar, segundo revelou ontem André Villas-Boas após o desafio, garantiu a titularidade. Cedeu o lugar a Gonçalo Borges, aos 59’, sem nunca ter mostrado os argumentos que parece exibir online

Rodrigo Mora (5) - Um talento geracional – uma convicção pessoal que o tempo se encarregará ou não de confirmar – que será sempre solução e nunca um problema. Uma série de boas intenções que esbarraram no último passe, num remate forçado... Um passe a lançar Galeno (5’), que o brasileiro não deu sequência, foi um dos poucos oásis no deserto futebolístico apresentado pelos dragões.

Galeno (4) - Mete o pé, vai à luta, começou a extremo, terminou a lateral. Nesta fase, porém, tudo muito, muito espremido… resulta em quase nada. No um para um foi sempre batido, a pior das críticas para alguém que joga encostado à linha.

Samu (4) - Joga em sofrimento, não por questões físicas, apenas porque rema sem sucesso contra a maré. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que a bola lhe chega, uma limitação evidente do atual FC Porto, incapaz de criar perigo.

Fábio Vieira (4) - Em campo a partir dos 72’, disse presente num desvio na pequena área que Tzolakis defendeu, na derradeira oportunidade dos portistas. Pouco para quem tanto prometia…

Zé Pedro (4) - Lateral-direito improvisado, ficou na fotografia, desfocada, do golo do Olympiakos, culpa de Nehuén Pérez.

Deniz Gul 4 - Assistiu, de cabeça, Fábio Vieira na chance mais evidente do FC Porto na segunda parte. O ponta de lança rentabiliza o pouco tempo de jogo de que dispõe.

Namaso (–) - Sabe a pouco quando se elogia um avançado somente por se ter esforçado.