FC Porto-Boavista, 4-0 Destaques do FC Porto: Rodrigo Mora é um génio! É só isto, o resto é desfrutar

Aos 17 anos, maior de idade na arte do desporto-rei, marcou golaço que nem ele nem nós esqueceremos. É o começo de um trajeto em que o céu é o limite. Nico González e Samu em grande, Martim Fernandes é diamante

Melhor em campo: Rodrigo Mora (8)

Se tudo correr dentro da normalidade, nem é preciso que corra especialmente bem, diga-se, Rodrigo Mora será um dos grandes nomes do futuro do futebol português. Fica escrito, não acredito que a realidade me desminta... Ao minuto 59, quando o jovem de 17 anos — afinal, a maioridade no desporto-rei é antes dos 18 — bateu César e aumentou o resultado para 3-0, o jogo bem que podia ter terminado. Um golaço de pôr as mãos na cabeça de espanto, aquele serpentear antes de marcar em jeito de pé esquerdo, no canto superior direito da baliza de César. Como disse o grande António Oliveira um dia... quem viu, viu, quem não viu... Mora no FC Porto um génio — é mesmo assim —, que ainda assistiu Nico González para o 2-0. E aquele pormenor técnico, aos 52', é só puxar a imagem atrás e desfrutar...

Diogo Costa (6) - Grande susto na primeira parte, aos 7’, quando Onyemaechi, isolado, acertou no poste, mas a jogada seria invalidado por fora de jogo. Após o intervalo, segurou disparo de Bozeník, à figura (53'), e ao longe exultou com a magia de Mora.

Martim Fernandes (7) - Lateral-direito de eleição, diamante cada vez mais lapidado, mostrou vistas largas a deixar Samu em posição privilegiada para o 1-0, aos 31’, mestria que voltou a revelar para o mesmo destinatário (40’), aqui com o espanhol a errar o alvo. A fechar a primeira parte, testou a atenção de César com remate que o brasileiro salvou (44’), mano a mano que se repetiu logo a seguir com desfecho idêntico (45+1’).

Nehuén Pérez (7) - Ainda não joga de olhos fechados com Otávio, mas a dupla está afinada. O posicionamento do argentino ganha com a velocidade do brasileiro sempre que toca o 112 na defensiva azul e branca. Noite coroada com a assistência para Samu selar o 4-0, a prova de que é forte nas duas áreas. 

Otávio (7) - Se não fosse futebolista, o atletismo, nas disciplinas de velocidade, poderia ser modalidade de eleição para o brasileiro que desceu ao fundo do poço e voltou a subir em grande estilo. Impressionante o sprint a recuperar para se posicionar e contribuir, a par de Mora, para anular contra-ataque (18’). Constantes aproximações à área, pela esquerda, valeram-lhe remate que César travou em sobressalto (50'). É ele e mais 10 — quem diria há umas semanas?

Galeno (6) - Com novo visual, mostrou as qualidades e limitações do costume. Ganha com o terreno livre para galgar na atual missão de lateral-esquerdo, o problema é a definição perante autocarros estacionados lá atrás.

Eustáquio (6) - Continua a justificar a titularidade — sim, todos sabemos que Alan Varela é o sacrificado... Garante estabilidade defensiva, GPS nas coordenadas ideais para estar no sítio certo e ocupar espaços que os companheiros deixam perigosamente livres.

Nico González (8) - Noite em cheio do médio espanhol, manchada apenas por um cartão amarelo que o impede de defrontar o Nacional na Choupana. No primeiro golo dos dragões, exímio no passe, desmarcou Martim Fernandes para este assistir Samu (31’). De pontaria afinada, assinou o segundo, a responder de pé esquerdo, junto à pequena área, a cortesia de Rodrigo Mora, a quem devolveu a gentileza na génese do lance de génio do companheiro no 3-0.

André Franco (6) - Na ausência de Fábio Vieira, avançou para o onze e cumpriu sobre a direita, embora sem brilhantismo. Com olho de lince, serviu Martim Fernandes (44') e isolou Samu (65'), antes de César voltar a ser desmancha-prazeres.

Pepê (6) - Começou no lado esquerdo do ataque, terminou a lateral-direito. Dele espera-se mais e mais — e esse grau de exigência acaba por prejudicá-lo na avaliação. Na receção ao Boavista, a tomada de decisão foi o ponto menos forte.

Samu (8) - Taremi? Evanilson? Alguém se lembra deles? O ponta de lança espanhol abriu e encerrou o marcador, um portento de força, técnica e capacidade finalizadora no espaço favorito dos matadores — a grande área. Com Rodrigo Mora nas costas, o céu é o limite.

Iván Jaime (6) - Entrou com vontade, decidido a mostrar-se sem perder a noção do coletivo. Quase faturou (69'), talvez seja reforço tardio de janeiro.

Alan Varela (6) - Cruzou com classe para Nehuén Pérez assistir Samu no fim de festa no Dragão. Suplente, OK, mas com a atitude de ontem o regresso ao onze   é uma questão de tempo.

Gonçalo Borges (-) - Vontade não lhe faltou...

Vasco Sousa (-) - Batalhador, pode ser opção válida.

Namaso (-) - Determinado, sem tempo.

As notas dos jogadores do FC Porto: Diogo Costa (6); Martim Fernandes (7), Nehuén Pérez (7), Otávio (7) e Galeno (6); Eustáquio (6) e Nico González (8); André Franco (6), Rodrigo Mora (8) e Pepê (6); Samu (8); Iván Jaime (6), Alan Varela (6), Gonçalo Borges (-), Vasco Sousa (-) e Namaso (-).