FC Porto-Estoril, 4-0 Destaques do FC Porto: Pepê não assobiou para o lado e o karma foi justo com ele
Extremo brasileiro foi o melhor em campo na goleada sobre o Estoril, num jogo que deixou mais um cheirinho de um miúdo que é de uma casta especial
O melhor em campo: Pepê (8)
É figura, não só pelo incrível gesto de fair-play que protagonizou aos 24 minutos, mas muito também por causa dele. O brasileiro viu Pedro Amaral lesionar-se diante de si e descartou a possibilidade de se isolar na cara do guarda-redes do Estoril, abdicando de aproveitar o azar do companheiro de profissão. Parou a jogada, recebeu alguns assobios das bancadas, mas o mundo do desporto certamente aplaudirá a atitude. E como o karma não tem de ser sempre negativo, quatro minutos depois foi premiado com um inesperado passe de Boma que o deixou isolado para marcar de baliza aberta. Juntamente com Martim Fernandes, foi o jogador mais ativo do lado dos portistas.
Diogo Costa (6) – Jogo sem grande trabalho para o capitão portista. Ainda assim, fez uma grande defesa aos 23 após cabeceamento de Pedro Álvaro. É também o primeiro homem a pensar o ataque como se viu no passe que isolou Pepê aos 24m, ou a forma criteriosa como lançou Mora no lance do quarto golo.
Martim Fernandes (8) – O miúdo é de uma casta especial e está cheio de confiança. São 18 anos de estágio em corpo franzino, mas de intensidade que perdura. Depois de duas idas à linha de fundo em que conquistou dois cantos, foi muito inteligente a ler a entrada de Namaso e estendeu-lhe a passadeira, com um passe pouco depois da linha de meio-campo, para o golo inaugural. Na 2.ª parte somou mais uma assistência após combinar com Pepê, antes de cruzar para o cabeceamento de Galeno. Ganhou a titularidade a João Mário e já ninguém torce o nariz à opção.
Nehuén Pérez (6) – Fez um corte importante aos 56m após remate de Pedro Carvalho. Com o FC Porto a jogar muito adiantado, conseguiu também várias interceções em posição alta, impedindo calafrios logo à nascença.
Tiago Djaló (6) – Inultrapassável. Parece ter ganhado o lugar no centro da defesa ao lado de Nehuén e a tranquilidade com que reage à pressão ajuda a explicar. Tem também saída de bola que pode ajudar a quebrar linhas em jogos mais fechados.
Francisco Moura (6) – A qualidade dos cruzamentos do lateral contratado ao Famalicão ajuda a explicar a quantidade de golos de Samu. Aos 10m, fez mais um passe perfeito, mas o avançado espanhol deixou a bola escapar. Ainda assim, teve um jogo mais discreto, vendo o corredor contrário a brilhar.
Alan Varela (5) – Em risco de exclusão do clássico diante do Benfica em caso de ver cartão amarelo, o médio argentino foi titular, mas saiu ao intervalo, quando a equipa já vencia por dois golos de diferença. Passou pelo jogo de forma discreta, mas num lance a meio da 1.ª parte ficou a sensação que não foi com pinças num lance de contra-ataque do Estoril, o que, aliado ao conforto do resultado, também pode ter pesado na saída.
Nico González (7) – Jogou mais recuado do que tem sido habitual e percebe-se a razão pela qual Vítor Bruno não abdica do espanhol. Muito inteligente, consegue desempenhar vários papéis em campo e parece estar sempre no sítio certo.
Fábio Vieira (5) – O médio voltou ao FC Porto, mas ainda está longe do nível que apresentou quando o Arsenal o veio buscar ao Dragão. A qualidade está lá, porém, os níveis de confiança estão baixíssimos e isso impede todos de verem a melhor versão do criativo. Saiu a pouco mais de 20 minutos do final sem ter deixado grande marca no encontro.
Namaso (6) – Quase três meses depois, voltou a marcar. Não foi o remate mais feliz, mas valeu-lhe a abordagem deficiente de Robles. Em cima do intervalo desperdiçou excelente oportunidade para bisar, num penálti em movimento após assistência de Pepê. Aos 68 voltou a desperdiçar na cara do guarda-redes do Estoril, após passe de génio de Eustáquio. Podia ter saído com um sorriso muito maior, tendo em conta as oportunidades de que dispôs.
Samu (5) – Terá sido um dos jogos menos conseguidos do avançado espanhol. Esteve batalhador, mas atabalhoado e pareceu sempre desligado dos companheiros.
Eustáquio (7) – Só o passe com que isolou Namaso, aos 68m, já valeria o preço do bilhete. É daqueles lances que se tivesse dado golo, iria correr o mundo. Entrou ao intervalo e deu mais ao jogo do que Alan Varela. O internacional canadiano parece jogar com um desbloqueador. Vê o que outros não alcançam e isso é uma arma que é muito útil quando os jogos estão fechados.
Galeno (8) – Ver o brasileiro no banco é o melhor sinal de que a equipa do FC Porto está bem. Porque se se dá ao luxo de deixar de fora aquele que é, provavelmente, o maior desequilibrador, e mesmo assim continua a marcar golos, é porque há saúde. E se quando entra responde com dois golos, a imagem ganha ainda mais força. Apontou o 3-0 num cabeceamento fácil após cruzamento de Martim Fernandes e bisou a fechar, em novo golo em que só teve de empurrar, tendo em conta a qualidade do passe de João Mário.
Rodrigo Mora (6) – Esteve em campo cerca de 10 minutos, o suficiente para iniciar o lance que valeu o quarto golo. Conduziu pelo corredor central até soltar para Gonçalo Borges que depois lançou João Mário, e este assistiu Galeno.
João Mário (7) – Quatro minutos depois de entrar em campo, arrancou pelo corredor direito e assistiu para o bis de Galeno, que só precisou de encostar. Voltou a mostrar que o treinador tem uma boa dor de cabeça no que diz respeito à lateral-direita.
Gonçalo Borges (6) – Teve participação direta no quarto golo, um minuto depois de entrar em campo.