Destaques do Benfica: É nos momentos de crise que aparecem os líderes
João Neves conduzindo a bola na zona onde geralmente assume o protagonismo (Foto: Miguel Nunes)

Destaques do Benfica: É nos momentos de crise que aparecem os líderes

NACIONAL29.03.202421:56

João Neves costuma conduzir a equipa com bola, mas desta vez teve de fazê-lo com golo; mesmo quando não joga bem, Di María é decisivo; Arthur Cabral: não foi azar, foi aselhice

A figura do Benfica: João Neves (nota 7)

Dos três grandes, o Benfica é a equipa que menos marca de livres indiretos e aquela cujos melhores marcadores não são os pontas de lança. Logo, os alas não são apenas municiadores e os médios são obrigados a ter mais chegada. E entre aqueles que jogam na zona central, João Neves é geralmente o mais esclarecido, com a capacidade de conduzir o Benfica para caminhos menos tortuosos. Geralmente fá-lo através de uma atitude que obriga os outros a segui-lo por osmose, mas desta vez teve de ser mesmo com um golo depois de ver colegas falharem três penáltis. É nos momentos de crise que aparecem os líderes. Foi, literalmente, o único a ter a cabeça no lugar.

Trubin (5) – Numa partida jogada sob forte chuva e frio e diante de uma equipa que só se lembrou de atacar na parte final, cada aproximação à sua baliza era um desafio à concentração. Que esteve prova numa única vez, quando largou uma bola alta fácil (73’).

Bah (6) – Ter conquistado o primeiro penálti para a sua equipa deu-lhe confiança para explorar as debilidades de um desastrado Junior Pius. O posicionamento muito recuado das linhas do Chaves foi um convite para subidas constantes que podiam ter sido traduzidas em golo, quando aos 54’ atirou muito por cima, de pé esquerdo, em zona privilegiada.

Tomás Araújo (6) – A quase todas as ameaças do Chaves respondeu com ótimo posicionamento, confiança e saídas seguras a jogar. O desafio não foi da mais elevada exigência, mas confirmou a ideia de que o jovem central formado no Seixal aproveita cada oportunidade para criar mais dúvidas na cabeça de Roger Schmidt.

Otamendi (6) – Tal como o colega de setor, não deu veleidades aos adversários, tentando, como em tantas outras ocasiões, fazer a diferença na baliza contrária. Mas tal como os colegas da frente de ataque, a pontaria não estava calibrada.

Aursnes (6) – O futebol largo e vertical de Neres obriga o norueguês a jogar mais por dentro, mas isso nunca foi impeditivo de Aursnes encontrar sempre uma solução. Num desses movimentos interiores descobriu, aos 31’, com um longo passe, Arthur Cabral na área, ao qual o avançado brasileiro não deu a melhor sequência.

Florentino (6) – O primeiro lance de perigo do Benfica (4’) nasceu de um roubo de bola a Essugo no meio-campo ofensivo. Foi a enésima demonstração de que com ele as águias podem pressionar mais na frente. Aos desarmes e primeiros toques nas transições ofensivas adicionou uma invulgar capacidade de aproximação à baliza do Chaves, tendo estado três vezes em zona de finalização, duas delas de cabeça a responder a bolas paradas e numa delas muito perto de marcar, com um desvio ao segundo poste.

Di María (6) – Foi titular ainda sob o efeito do jet lag e nunca se saberá até que ponto isso influenciou na hora de bater o penálti, fraco, que se transformou num passe a Hugo Souza, para defesa fácil do brasileiro. Mesmo assim foi o seu pé esquerdo que obrigou o guarda-redes do Chaves a uma primeira grande defesa, aos 5’, foi ele que sofreu o segundo penálti a favor do Benfica e foi ele a executar o livre para o cabeceamento salvador de João Neves. Em suma: mesmo quando não joga bem, Di María é decisivo.

Rafa (4) – Um dos jogos mais apagados desta época do avançado português. Demasiado afastado das zonas de decisão, sem chama e sem conseguir encontrar espaço para o seu jogo entrelinhas. Houve uma notória desconexão do jogo e dos colegas e só na parte final tentou aproximar-se do registo habitual, quando o Chaves arriscava mais e separava as linhas. Nessa fase deixou Marcos Leonardo em zona de finalização. Pouco para quem faz tanto.

Neres (4) – Raramente conseguiu vencer um duelo um para um. Na verdade, pouco procurou esse confronto, talvez porque ainda não recuperou o ritmo, com evidentes consequências na confiança. Um futebol muito previsível que não justificou tantos minutos em campo.

Arthur Cabral (4) – Não se pode falar em azar quando um jogador falha dois penáltis, ainda por cima apontados da mesma forma deficiente, numa meia paradinha que só serviu para mostrar a Hugo Souza para onde ele iria rematar.

Marcos Leonardo (6) – Solto, esteve muito perto do golo em duas ocasiões, mostrando mais uma vez que é vindo do banco que se torna mais ameaçador.

João Mário (4) – Entrou a frio e nunca aqueceu no jogo.

Kokçu (4) – Quis calar os assobios com aquela atitude competitiva, mas foram 15’ de futebol inconsequente, sem uma linha orientadora.

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