De eterno suplente ao momento que mudou a sua vida, esta é a história de Nigel Spink

Reportagem A BOLA De eterno suplente ao momento que mudou a sua vida, esta é a história de Nigel Spink

INTERNACIONAL17.09.202411:10

Herói de 1982 atira: «Obrigado, Arsenal pelo Emiliano Martínez»

Nigel Spink não ia jogar a final da Taça dos Campeões de 1982, conquistada pelo Aston Villa. Era o suplente de Jimmy Rimmer, porém este ressentiu-se aos 10 minutos de uma lesão no ombro. O guarda-redes suplente, com apenas um jogo feito até aí pelos villains, tornou-se um dos heróis do encontro de Roterdão, anulando praticamente todos os ataques do Bayern. Muitos olham para esse momento como o mais importante do dono das redes do emblema de Birmingham nos 10 anos seguintes.

«Fiquei surpreendido por jogar. Até então, a minha participação na equipa principal tinha sido apenas nessa época, nos jogos europeus, porque antigamente, na liga, só havia um suplente. As reservas jogavam sempre ao mesmo tempo que a equipa principal, num local diferente. Tive, por isso, muito pouca experiência de treino com a equipa principal. Só alguns dias antes dos jogos europeus me juntava à equipa e treinava com esya. Por isso, foi fantástico estar envolvido, viajar por toda a Europa e estar em Villa Park nessa noite europeia. Na verdade, recordaram-me um pesadelo, porque no jogo com a Juventus, em Turim, deixei uma bola passar entre as pernas na sequência de um remate a 30 metros», lembra o antigo guardião, hoje com 66 anos.

Spink continua humilde, tantos anos depois. «Para ser sincero, era um homem feliz só por ser um jogador profissional e o facto de estar a jogar num clube da Primeira Divisão, mesmo nas reservas, era já de si fantástico. E quando tive a minha oportunidade, não pensei... Naqueles tempos, não se usavam os suplentes por razões táticas como hoje, só se houvesse uma lesão é que se fazia uma substituição. Por isso, durante um minuto, os cinco que estavam no banco não pensavam que se iam aproximar do relvado. Aproveitámos para fazer o nosso aquecimento perante um conjunto fantástico de adeptos nessa noite. E foi simplesmente... Digo sempre que consegui jogar devido à surpresa de entrar em campo quando pensava que nunca ia entrar. Pude aproveitar a experiência dos cerca de 300 jogos que fiz pelo clube nas reservas.»

Também Nigel Spink não tem elogios suficientes para o atual treinador do Aston Villa, o espanhol Unai Emery. «O respeito por ele já era enorme, devido ao que conseguiu, mas ao passarmos pelo campo de treinos e diferentes departamentos e ao vermos a forma como o clube funciona, tudo graças a si, é espantoso e dá para perceber porque é que o clube é agora bem sucedido. O nível de pormenor é incrível e está a maximizar tudo, com o plantel, e é por isso que conseguiu o que conseguiu até agora.»

De guarda-redes para guarda-redes, o herói de Roterdão acredita que Emiliano Martínez – que encontrámos no ginásio de Bodymoor Heath a alongar depois do regresso do compromisso das seleções – «está certamente entre os três melhores mundo». E explica: tem todos os atributos, aquele brilho sul-americano como carácter, mas também tem uma calma na baliza quando se olha para ele que deve parecer imponente para os avançados. É um excelente guarda-redes, defende os cruzamentos… Obrigado Arsenal, é tudo o que posso dizer, obrigado por o terem dispensado. Foi uma aquisição fantástica para nós», graceja.