Dar tudo e merecer mais, eis a sina dos minhotos: a crónica do SC Braga-Nápoles

Dar tudo e merecer mais, eis a sina dos minhotos: a crónica do SC Braga-Nápoles

INTERNACIONAL20.09.202323:30

Foi um grande jogo de futebol, com 33 remates às balizas. Nápoles sofreu até ao último segundo. Derrota sabe a castigo ao SC Braga

Quem esteve na Pedreira assistiu a jogo de futebol de altíssimo nível, digno da Champions. O SC Braga nunca se intimidou por estar a defrontar os campeões de Itália, e sempre que se proporcionou ameaçou as redes de Meret, sem complexos ou hesitações. Mas esta atitude não chegou para ganhar qualquer ponto, não só porque a sorte esteve de costas quando Pizzi, aos 90+5’, estoirou um petardo no poste direito da baliza napolitana, mas também porque o clube que se confunde com Maradona não veio ao Minho passear e ver Braga por um canudo, do Bom Jesus. 

Poderá parecer contraditório, mas a história deste grande jogo foi essa: não se pode dizer que a vitória do Nápoles tenha sido injusta; e ao mesmo tempo percebe-se que o SC Braga justificou algo mais que uma derrota tangencial. As equipas apresentaram-se com sistemas semelhantes, de base 4x3x3, e os primeiros minutos foram frenéticos, com a bola a rondar ambas as balizas. 

Ainda não estavam jogados dez minutos e já Matheus e Meret tinham brilhado e o Nápoles tinha acertado com duas bolas nos ferros! Perante uma equipa italiana que, após este início a todo gás, começou a reter a bola e a marcar os tempos do jogo, o SC Braga respondeu com ataques rápidos, especialmente por Álvaro Djaló, inspiradíssimo, normalmente lançado por Al Musrati, que encheu o campo com colocação irrepreensível e passes teleguiados. Nesta toada, o SC Braga dispôs de um livre perigoso que Djaló atirou pouco ao lado (19), Osimhen quase marcou aos 22 e 26 minutos (uma bomba que fez estremecer a baliza de Matheus), e Abel Ruiz cabeceou pouco por cima aos 27. 

Nenhuma das equipas apostava numa pressão alta constante - aliás o Nápoles viveu quase sempre defendendo à zona, usando pressão alta, pela primeira vez, aos 36 minutos! - o que aumentou o acerto dos passes e a fluidez do jogo, para bem do espetáculo. 

E foi então que chegou o primeiro balde de água fria a Braga, quando aos 45+1’ Di Lorenzo, com um remate belíssimo e feliz, fez a bola entrar na baliza minhota onde a coruja faz o ninho. Haveria coragem entre os arsenalistas para dar a volta ao jogo? A resposta foi, «muita, muita, muita...»  

A sorte de costas voltadas

Artur Jorge, na segunda metade, fez a sua equipa tomar, sem complexos, a iniciativa do jogo, enquanto que o francês Rudi Garcia vestiu-se de italiano vero e assumiu um 4x5x1 que ia tapando os caminhos da baliza de Meret, e deixava sozinho contra o mundo, na frente, o excelente Osimhen. 

O SC Braga tentava, o Nápoles refugiava-se no cinismo do calcio, e Ricardo Horta esteve muito perto do empate aos 62 minutos. Percebendo o perigo, Garcia refrescou a equipa com Raspadori e Elmas, enquanto os donos da casa faziam entrar Zalazar por Vítor Carvalho, arriscando mais no ataque. 

O que é certo é que o Nápoles voltou a equilibrar as operações, forçando Artur Jorge a nova sacudidela no jogo. Aos 77 minutos saiu, esgotado, Djaló, e entrou Banza, para um forcing final. Garcia não respondeu imediatamente e viu Bruma empatar aos 84 minutos. Foi então que o SC Braga (85) decidiu refrescar a esquerda e reforçar o controlo sobre a partida, com as entradas de Marín e Pizzi, mas o diabo estava atrás da porta e Niakaté, aos 88, fez um autogolo. 

Desilusão evidente na Pedreira, Garcia passsou para defesa a cinco, mas os arsenalistas não se entregaram e a última jogada da partida teve Pizzi e o poste direito da baliza napolitana como protagonistas. Foi um final inglório para quem defrontou um adversário poderoso e ficou com a sensação de que merecia mais do que aquilo que recebeu após o apito final...