Daniel Sousa: «Não creio que a contestação afete a equipa do Benfica»
O Arouca [46 pontos] joga domingo, no Estádio da Luz, um dos últimos trunfos para ainda poder aspirar ao 6º lugar, a última vaga de acesso à Taça da Liga da próxima temporada. Na antevisão ao 18º encontro com o Benfica [76 pontos], Daniel Sousa vincou a vontade de ganhar e desvalorizou um registo histórico que pesa claramente a favor dos encarnados: 15 vitórias em todas as competições.
«O histórico de encontros pouco importa para aquilo que são os momentos atuais das equipas. Encaramos este jogo como todos os outros, e vamos procurar os três pontos, até porque ainda temos um objetivo para alcançar – o 6º lugar, apesar de bastante difícil. Aquilo que me interessa como treinador é que a equipa apresente a personalidade que tem mostrado ao longo da temporada. Mesmo quando as coisas não correram tão bem, isto é, quando os resultados não apareceram da forma que nós desejávamos, a identidade da equipa esteve sempre lá. [O Estádio da Luz] é um palco diferente, mediático, mas queremos muito ganhar os dois jogos que nos faltam», começou por referir.
Daniel Sousa retira ainda peso a eventuais dividendos que os lobos da Serra da Freita possam tirar do ambiente de crispação que se vive na Luz relativamente ao treinador Roger Smith e ao 2º lugar da equipa, já fora do título.
«O Benfica já não pode atingir mais nenhum objetivo esta época, obviamente que há todo um processo que pode ser feito já no sentido de preparação da próxima época, imagino que possa já ser feito, ou não, porque o objetivo é sempre os três pontos. É o último jogo em casa, a despedida no Estádio da Luz, e isso tem toda a importância. Sabemos da dificuldade do jogo pela qualidade do adversário, um adversário que tinha aspirações a ser campeão e que joga para ganhar todos os jogos. Essa dificuldade vai continuar a estar presente. O treinador tem o impacto que tem, para mim o treinador é dentro do grupo, é na semana de trabalho… não creio que isso afete a equipa do Benfica dessa forma», vincou o treinador do Arouca, que deixou ainda o sentido de lição já estudada sobre os processos dos encarnados.
«Jogar um jogador ou outro gera ameaças diferentes… Jogar o Rafa, o Artur, o Tengstedt ou o Leonardo são jogadores e situações diferentes, jogar o Di Maria, à direita ou à esquerda, não é mesma coisa que jogar o Neres. Há circunstâncias que mudam em função das peças que lá se colocam. Temos de estar precavidos para todas elas, dentro do que é a nossa dinâmica de jogo e a nossa estratégia defensiva. O que me interessa são os processos que nós temos assimilados, sabemos como devemos pressionar, sabemos como é feita a pressão do Benfica e onde podemos explorar uma saída.»
Com Mujica a caminho do Al Saad do Catar, Daniel Sousa perde o melhor marcador da equipa, mas mantém a confiança nos restantes elementos atacantes, como Marozau, chamado a titular na jornada transata.
«Sabemos da qualidade do Rafa [Mújica], fará falta, obviamente, até pela qualidade que apresentou ao longo da época, mas o último jogo [empate 0-0, com o Estrela da Amadora] mostrou que é uma questão que não afeta a equipa. Contra o Estrela, apresentamos soluções distintas, mas com a mesma capacidade para chegar aos sítios onde queremos. O resultado não foi o expetável, mas, para mim, foi dos jogos em que tivemos maior controlo efetivo do jogo», explicou, não desvendando, contudo, se irá manter a rotatividade de guarda-redes que recolocaria Thiago Rodrigues na baliza diante dos encarnados.
«Estamos extremamente confiantes naquilo que qualquer um deles nos pode oferecer no jogo. Optamos por fazer essa rotação na baliza, não por termos atingido a manutenção, mas porque ainda temos objetivos e podemos confiar a quinhentos por cento nos nossos três guarda-redes. Essa rotação… vamos ver amanhã…».
Daniel Sousa respondeu ainda sobre a composição do meio-campo para o jogo na Luz, sendo que, na jornada anterior, o habitual Pedro Santos foi preterido a favor de Busquets.
«O Pedro é um jogador com um bocadinho mais de transporte, de progressão no terreno, de quebrar linhas com a bola, o Uri [Busquets] tem uma capacidade de passe muito acima da média e isso também pode fazer progredir o jogo, mas de outra forma. É um jogador que não tem tido tanta utilização, sobretudo no início dos jogos, mas a qualidade está lá, e pode efetivamente ser uma opção.»
Numa altura em que os holofotes nacionais e internacionais continuam virados para algumas das vedetas do Arouca, Daniel Sousa enalteceu os frutos de uma boa época dos arouquenses.
«É a lei do mercado. Quando há manifestação de qualidade, a procura aumenta. São assuntos que me ultrapassam, mas se houver esse interesse é bom sinal para o Arouca, para a equipa e para os jogadores. Obviamente que a qualidade individual e coletiva dá frutos.»
Quaresma e Pedro Moreira são as únicas baixas para o encontro da 33ª jornada, no Estádio da Luz.