Crónica: quando a baliza é adversário e o único derrotado é o jogo
Fujimoto cercado por estorilistas (RODRIGO ANTUNES/LUSA)

Estoril-Gil Vicente, 0 - 0 Crónica: quando a baliza é adversário e o único derrotado é o jogo

NACIONAL25.08.202420:47

Encontro de fraca qualidade teve como consequência o primeiro resultado sem golos na Liga

À passagem da meia hora, finalmente uma oportunidade. Marqués, isolado, permite que Andrew, sem sequer fazer a mancha, ganhe a bola e neutralize o único lance de verdadeiro perigo até então. E tudo começou num erro de Buatu, defesa do Gil Vicente, que perdeu a bola mesmo em frente à sua grande área. Houve, pois, mais demérito do que mérito, mesmo que a pressão do avançado do Estoril mereça um louvor.

Serve este exemplo para explicar que o jogo entre Estoril e Gil Vicente foi pobre, pior na primeira parte, bem pior, do que na segunda, mas pobre à mesma. Jogou-se pouco, jogou-se mal, raras foram as ocasiões. O vento, verdade seja dita, contribuiu, mas não justifica tudo, tão pouco explica as palavras finais dos treinadores, que sentiram que deveriam ter vencido a partida.

Na realidade, o ponto genuíno da partida diz respeito ao resultado. O empate e o zero a zero, o primeiro deste campeonato, assentam na perfeição às duas equipas, privadas de jogadores inspirados.

Dos dois lados há qualidade indiscutível, mas por uma razão ou por outra ela não sobressaiu. Rafik Guitane, o grande nome do Estoril, este Estoril que entrou para a partida, em casa, com zero pontos, e precisava mesmo de ganhar, ficou no banco. Entrou tarde, mas a tempo de fazer duas/três jogadas que motivaram a questão: não deveria ter sido titular?

O Gil Vicente, que teve as suas ocasiões — Mboula, ao minuto 80, esteve perto, perto do golo, defendeu Robles —, não arriscou muito, o empate é útil, é positivo, desde que as pessoas não vejam o jogo. Nesse capítulo, ninguém pode ficar a rir-se, pois o espetáculo perdeu, a bola chorou, as balizas foram adversário.

A reta final da partida, ainda que não muito bem jogada, teve emoção e outra atitude, muito mais agressiva, por parte das equipas, sobretudo a da casa, que acordou a meio da segunda parte para a necessidade de capitalizar o facto de jogar no António Coimbra da Mota. Mas quase tudo aquilo que ficara para trás fora medíocre, abaixo do esperado entre equipas de Liga. O teimoso zero a zero prevaleceu, sem qualquer surpresa.

Bom trabalho da equipa de arbitragem.