Crónica do Portimonense-FC Porto: passeio do dragão à chuva sem perigo de escorregar
Pepê fechou a contagem do Fc Porto em Portimão ao apontar o terceiro golo (FOTO: GRAFISLAB)

Crónica do Portimonense-FC Porto: passeio do dragão à chuva sem perigo de escorregar

NACIONAL08.03.202421:08

Portimonense foi um adversário dócil; Sérgio Conceição não fez poupanças no onze e a teia montada pelo FC Porto sufocou os algarvios; foram três golos, podiam ter sido mais

Só deu FC Porto em Portimão. Galvanizado pela goleada ao Benfica, no Dragão, por 5-0, a equipa de Sérgio Conceição dominou por completo um adversário dócil, sem muita presença na área de Diogo Costa, nem depois de sofrer o golo muito cedo, num pontapé de Nico González aos sete minutos, naquela que foi a primeira finalização do espanhol com a camisola portista.

É verdade que a dinâmica que o FC Porto trouxe do clássico não tornou a vida dos algarvios nada fácil. Com Wendell recuperado, Conceição reforçou a confiança no onze que bateu o Benfica. Se havia por aí algumas almas crentes de que os azuis e brancos relegariam para segundo plano o jogo contra o Portimonense, a quatro dias de defrontarem o Arsenal, na 2.ª mão dos oitavos de final da Champions, Conceição deu uma resposta conclusiva: não houve poupanças na equipa inicial, que, salvo algum azar físico de algum ou alguns dos titulares, será a mesma utilizada frente aos ‘gunners’.

Armadilha bem montada

É certo que o golo inaugural surge de um erro de cálculo de Seck, agravado pela deficiente abordagem de Gonçalo Costa perante a pressão de Francisco Conceição, mas depois toda a jogada e o aproveitamento dessa situação por parte do FC Porto sinaliza o mérito de ter jogadores com a inteligência de Evanilson e Galeno, que abriram o caminho para o festejo de Nico. Sem mexer no modelo, o treinador do FC Porto introduziu uma 'nuance' ao colocar Pepê mais como terceiro médio, partindo da direita para zonas interiores, do que propriamente como segundo avançado – que por vezes foi, mas não necessariamente como muleta de Evanilson.

Desta forma, com pressão alta e unidade criativas otimizadas para soltar a bola tanto para os extremos como para os laterais, a superioridade defensiva (em número de unidades) do Portimonense acabou por não ter efeitos práticos, o FC Porto montou essa teia sólida, deixando os algarvios refém de uma estratégia de contenção da qual nunca tiveram imaginação e coragem de se libertarem.

E vão três!

Com um enquadramento tão convidativo, não foi de espantar que Galeno voltasse a fazer das suas. Mais um golo do extremo quase à passagem da hora do jogo, num remate cruzado e rasteiro, muito colocado, a dar expressão ao domínio total dos azuis e brancos. A falta de ousadia dos algarvios só foi interrompida com um pontapé fortíssimo de Jasper, para excelente defesa de Diogo Costa, imediatamente antes de Paulo Sérgio finalmente mexer na equipa. Fê-lo lançando de uma só vez quatro homens (Guga, Rodrigo Martins, Ronnie Carrilo e Berto), abrindo espaços para o FC Porto criar pelo menos três oportunidade gritantes para chegar ao terceiro golo. Mas o 0-3 chegaria mesmo, com as facilidades dos costume: cruzamento sem oposição de  Jorge Sánchez (voltou a entrar bem), Carlinhos deixou escapar Pepê, que na área bateu Nakamura.

A 19.ª vitória consecutiva do FC Porto sobre o Portimonense, de novo sem qualquer golo sofrido, o que acontece pelo sexto encontro consecutivo entre os dois conjuntos, não teve, portanto, mais história para além daquela que os dragões quiseram contar belíssimo relvado do Portimão Estádio — que aguentou estoicamente o temporal que se abateu sobre o Algarve. Foi um bom 'treino' antes de um desafio de elevada exigência contra o Arsenal. Mas Conceição só deixou a equipa 'descansar' depois do terceiro golo.