Conversa com Villas-Boas, Pinto da Costa no Jamor, Taremi e o dérbi: tudo o que disse Sérgio Conceição
Treinador do FC Porto fez a antevisão ao jogo com o Boavista, agendado para as 20.30 horas de amanhã, no Estádio do Dragão
-- A dois jogos do final do campeonato, o FC Porto quer garantir o 3.º lugar. O Sp. Braga também tem um jogo difícil. Este duelo ganha maior importância? Momento de instabilidade do Boavista relativamente ao início da temporada...
-- Não olhamos para os outros jogos. Obviamente que olhamos e assistimos aos jogos e vai haver esse tal jogo entre o 4.º e 5.º classificados, que também é importante. Vamos tentar ganhar o jogo contra o Boavista, uma equipa que está numa zona difícil e que vai fazer deste jogo uma final, e nós temos de pensar e agir da mesma forma porque queremos manter este 3.º lugar. Para isso, é preciso ganhar amanhã.
-- Wendell e Evanilson na seleção brasileira. Que comentário lhe merece?
-- Fico feliz, como vocês sabem, tal como da outra vez o Pepê e o Galeno, também o Francisco e o João Mário. Nós ficamos muito felizes com isso. Estamos aqui com essa missão de ganhar jogos, sem dúvida, e que esses jogos acabem por dar títulos, e também para valorizar os jogadores, os ativos do clube. Feliz por eles, mas o mais importante é o jogo de amanhã e temos de estar focados no Boavista.
-- O jogo da primeira volta foi num momento delicado para o FC Porto. O FC Porto está mais apto agora?
-- São momentos diferentes das equipas. Lembro-me que, não fazendo um grande jogo, podíamos ter ganho na 1.ª volta. Houve situações que não correram bem, nomeadamente uma ou outra situação de arbitragem. Boavista era uma equipa diferente. Hoje, com um novo treinador, jogam num 4x3x3, 4x2x3x1... Vamos ver. Normalmente, e estamos preparados para isso, há muitas equipas que jogam contra nós e mudam a estrutura. Poderá vir também com uma linha de cinco atrás, estamos preparados e isso é que é o mais importante, trabalhar bem o jogo de acordo com a nossa equipa, olhando também para o adversário.
-- Espera tirar proveito deste novo ciclo depois das eleições? Que ambiente ficou no balneário depois da visita do presidente André Villas-Boas?
-- Não ficou melhor nem pior com a passagem do presidente eleito. Esteve aqui, foi importante conhecer os funcionários e foi um discurso e uma conversa muito cordial comigo e com os atletas, de ambição. É normal quem trabalha aqui saber que essa é uma das caraterísticas que tem de estar presente. Aceitar, conhecer, estar mais próximo das ideias do novo presidente. É só isso.
-- Já falou com André Villas-Boas? Conta estar aqui na próxima temporada? Há alguma espécie de balanço que possa fazer nesta fase da temporada?
-- Não é o momento de fazer balanços, senão tinha de falar de sete anos e não vou falar da pandemia, de fair-play financeiro, de eleições... Os adeptos, sócios e simpatizantes estão mais preocupados com o jogo de amanhã, um dérbi da região Norte, e vai haver outro também. É uma região onde o futebol representa o país de uma forma excelente. Importante é pensar no jogo de amanhã, e depois olhar a médio ou curto-prazo para os jogos que temos pela frente e para a final da Taça. Não é o momento de fazer balanços.
-- Zaidu, Marcano, Pepe e João Mário estão fora? Eustáquio recebeu mais uma notícia trágica com a morte do pai…
-- O João Mário está bem melhor e vai ser convocado, mas em relação ao Eustáquio recebemos a má notícia. Eu recebi ontem já e fui ter com ele a casa. São momentos que não são fáceis para ninguém. O grupo está solidário com ele, para tudo aquilo que ele necessitar tem aqui, além de companheiros e treinadores, tem amigos. Neste momento há pouco a dizer. Sentimos a sua dor e estamos disponíveis para o que for preciso, o nosso sentimento é esse, de companheirismo, amizade e solidariedade. Não vai estar para amanhã certamente, é também um elemento que está fora da convocatória.
-- Renovou com o FC Porto antes das eleições e agora surgiram notícias sobre a sua indemnização. Pode esclarecer?
-- Não há nada para esclarecer. Estou aqui há sete anos, já renovei três vezes -- esta foi a terceira --, o nosso clube nestes sete anos teve três anos difíceis de fair-play financeiro, dois de pandemia também difíceis. Foram muitas as dificuldades, mas mesmo assim estamos ali, a nível de títulos, iguais aos nossos grandes rivais, Sporting e Benfica. Penso que o trabalho tem sido bem feito. A opinião dos três candidatos e do atual presidente era que eu já devia ter renovado há um ano e pouco. O nosso presidente teve a intenção de o passar para o papel, e o doutor Nuno Lobo também teve a amabilidade de dizer que se fosse presidente era eu o treinador. Eu não estou agarrado ao lugar. Não quero falar mais disso. Respeitem isso.
-- Quatro jogadores que estão a trabalhar à parte... Empresários podem avançar para as rescisões dos contratos. Qual a sua posição nesta situação?
-- Não faço parte do departamento jurídico. Em relação aos atletas, não estão convocados para amanhã e não é tema para esta antevisão.
-- Taremi sempre foi um jogador muito acarinhado pelos adeptos, não tanto pelos rivais, mas a forma de estar tem mudado um bocadinho, tem recebido alguns assobios... Amanhã poderá fazer o último jogo no Dragão. O que acha que mudou?
-- Vocês sabem a minha opinião, já falei do Taremi. O que muda muitas vezes é a forma como se passam as notícias cá para fora. A imagem que se passa, muitas vezes, das pessoas, seja jogador ou treinador. E não estou a dizer que a culpa é da imprensa, mas é o que se passa cá para fora. As pessoas, perante determinados cenários, ficam mais ou menos zangadas e depois manifestam-se no estádio. Eu tenho de olhar para o trabalho dele. Enquanto tem contrato com o FC Porto, e enquanto os jogadores são profissionais, tenho de olhar para eles da mesma forma. Também fui jogador e sem como é, sinto um bocadinho o que sentem e não era justo da minha parte. Poderá haver aqui jogadores com quatro ou cinco anos de contrato e saírem no final da época. Era estupidez da minha parte ter um jogador de qualidade e não o utilizar por esta ou outra razão. Se o Taremi tivesse um comportamento que eu não acho adequado ao clube que representamos, aí já teria mais dificuldades, como aconteceu este ano nomeadamente com jogadores que já frisaram. Com outros não seria tão grave, comigo já é mais. Isso depende da minha forma de lidar [com a situação].
-- Como vê a vontade de Pinto da Costa estar no banco do Jamor? Pode servir de motivação?
-- A motivação é sempre a mesma. Obviamente que para nós é uma honra e um prazer estar uma vez mais com o presidente no jogo. Estar no banco ou na bancada para ele é a mesma coisa, o sentimento dele é querer ganhar. Depois, onde estará, enfim. Ele quer é ganhar. Acredito que vai querer estar presente em muitos jogos do FC Porto, independentemente do sítio, sempre com a mesma ambição. É uma das caraterísticas que o nosso presidente bem e que está bem visível no museu com centenas de títulos. É bom, mas não vai dar nenhum extra. A nossa motivação tem de ser o trabalho, a preparação, a possibilidade de ganhar mais um título. Essa é a maior motivação, depois claro que é uma honra estar com o presidente ao nosso lado.
-- Todos os anos lhe pedimos um balanço, mas penso que foi a primeira vez que fez referência aos anos anteriores. Isso pode ser já um sinal para a próxima época? Ser um balanço 'final'?
-- Agora é moda, olhar para as minhas mãos, ver a linguagem corporal. Não é? Está a dizer que estou a fazer um balanço [final]. Foi para responder de forma um bocadinho mais completa, mas se é para pensarem dessa forma retiro o que disse".
-- Face à convocatória de Wendell e Evanilson, preocupa-o não poder contar com esses jogadores numa fase em que já está a competir?
-- Vamos contar com eles agora que é o mais importante. A seu tempo, falaremos nessas situações também.